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Aguirre quebra silêncio sobre demissão do São Paulo: ‘A bola pune’

Uruguaio foi mandado embora do São Paulo em novembro de 2018, a cinco rodadas do fim do Brasileirão, e a temporada seguinte foi repleta de decepções para o clube

Com passagem pelo São Paulo, Diego Aguirre é o nome forte para assumir o Santos.
Aguirre foi campeão do primeiro turno do Brasileirão de 2018 (Foto: Maurício Rummens/Fotoarena/Lancepress!)

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Diego Aguirre, hoje técnico do Al-Rayyan, do Catar, falou pela primeira vez sobre sua demissão do São Paulo, em novembro de 2018. Na época, ele foi substituído pelo interino André Jardine (que viria a ser efetivado) a cinco rodadas do fim de um Campeonato Brasileiro que chegou a liderar.

- Futebol tem momentos difíceis, tem momentos às vezes injustos, coisas que às vezes não dá para entender, mas fico muito tranquilo com o trabalho que fizemos. Acho que foi muito bom. O objetivo era voltar à Libertadores e aconteceu. A expectativa de ser campeão foi muito alta e o objetivo que tínhamos no começo do ano já não era suficiente. Me mandaram embora, fiquei surpreso, obviamente, mas faz parte do futebol. As coisas ficam onde têm que ficar. A bola pune e acontecem coisas depois que fazem o trabalho ser valorizado - declarou o uruguaio, em entrevista ao programa Bola da Vez, da ESPN Brasil, citando uma frase cunhada por Muricy Ramalho:

- Eu peguei essa frase dele ("a bola pune"), gostei muito, tenho grande admiração pelo Muricy. Grande pessoa, que tive a sorte de conhecer. São coisas que ficam para trás, já passou mais de um ano dessa saída. Eu fico com as coisas boas.

A bola, de fato, puniu o São Paulo após a demissão de Aguirre, que hoje é apontada inclusive por Raí como uma decisão que não deu resultado. Com Jardine, o Tricolor não conseguiu a vaga direta na fase de grupos da Libertadores e acabou sendo eliminado pelo Talleres (ARG) logo na etapa preliminar. Vagner Mancini, Cuca e Fernando Diniz também treinaram a equipe ao longo de 2019, que terminou sem conquistas.

Raí, aliás, é uma incógnita para Diego Aguirre: ele diz que não é amigo do ídolo são-paulino, de quem foi companheiro como jogador no próprio clube em 1990, e não tem certeza se a decisão de demiti-lo partiu dele.

- Foi boa a relação (com Raí). Não vou falar que fomos amigos, porque não foi assim. Jogamos juntos antes dele ser líder e ídolo, nos reencontramos e a relação com ele foi muito boa. Só não entendi o fim, como terminou a história. Quem decidiu, quem tomou a decisão... Se ele tomou a decisão, certa ou errada, eu respeito. Se ele não tomou a decisão, não sei o que está fazendo aí. Quero acreditar que foi ele.

Na ocasião, Raí não conseguiu contato com Diego Lugano antes de comunicar a decisão a Aguirre. O ex-zagueiro uruguaio, superintendente de relações institucionais do Tricolor e responsável por indicar o treinador ao clube para substituir Dorival Júnior, estava na Argentina para a final da Libertadores.

- Diego é como um irmão, foi quem me convidou para o São Paulo. Obviamente não estava de acordo com a decisão. Ele estava em Buenos Aires. Acho que se ele estivesse em São Paulo não aconteceria (a demissão) - disse Aguirre.

- Empatamos com o Corinthians no estádio deles. Se você olhar os resultados do São Paulo no campo do Corinthians, o empate não é tão ruim. No outro dia fiquei surpreso com a demissão. Não houve muitas razões. Me reuni com Raí e Pássaro na casa do Raí. Me lembro que tinha Fórmula 1 em São Paulo, eu tinha convite para ir, e o Raí me ligou de manhã. "Raí, agora não consigo, estou indo ver a corrida". Ele disse: "Depois da corrida venha para casa". Pensei que fosse para falar do time, coisa que fazíamos habitualmente. Fiquei totalmente surpreso.

Aguirre assegura que não tinha problema com os jogadores, como chegou-se a levantar na época. Rodrigo Caio e Nenê chegaram a manifestar insatisfação por não estarem jogando, mas o uruguaio avalia isso como normal.

- Eu confirmo que não tivemos problema praticamente com ninguém. Às vezes você toma decisões e o jogador que não joga não gosta, mas isso é normal. O ambiente de trabalho era muito bom, pode perguntar a qualquer jogador. Nenê manifestou desconformidade, mas é normal. Conhecia o Nenê aqui do Catar e sei que ele é assim, não sentia que era algo comigo. Rodrigo Caio ficou machucado, havia uma resistência da torcida, uma situação difícil. Os jogadores que estavam jogando, para mim, estavam bem. Ele não teve a possibilidade que achava que merecia, mas eu compreendo que o jogador sempre tenha essa parte de não querer saber de nada, só de jogar. Nada que afetasse o trabalho. O relacionamento com os jogadores era muito bom, falando sério.

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