Alisson revela luta contra depressão e destaca recuperação no São Paulo
O jogador contou com uma grande ajuda psicológica, inclusive com profissionais do Tricolor
No começo do ano, Alisson passou por uma grande questão psicológica que o afastou das primeiras rodadas do São Paulo no Campeonato Paulista. Em entrevista á ESPN, o jogador falou sobre a depressão que enfrentou e relatou, inclusive, que 'chegou a pensar em tirar a própria vida'.
Tudo isso teria começado após uma lesão que o meia enfrentou no final do último ano, na final da Copa Sul-Americana. Assim, ficou afastado todo o restante da temporada passada. No retorno da pré-temporada, Alisson sentiu que sua confiança não estava boa, e inclusive, chamou atenção até mesmo de Rogério Ceni.
- O que aconteceu foi o seguinte: a gente perde a Sul-Americana (para o Independiente Del Valle-EQU). E acaba que eu sinto no primeiro tempo uma lesão na coxa. Só que é uma final, e eu não vou sair... pode me oferecer qualquer coisa, eu não quero sair de uma final. E acaba que a gente perde o título. E eu também não quero sair do próximo jogo seguinte, porque vão virar e vão falar 'ah, que perdeu a final, está se escondendo agora'. E eu não sou assim. Eu jogo contra o América-MG no jogo seguinte, e a gente ganha um jogo de 2 a 1. Eu faço até um gol de cabeça - disse.
- Eu pego um pouco da pré-temporada e tem um amistoso. O Rogério Ceni vira para mim e fala assim 'o que está acontecendo com você?' Eu falei 'nada está acontecendo, nada'. Aí ele falou 'Alisson, aconteceu alguma coisa, você nunca é assim - revelou.
Depois desta conversa, Alisson revelou que teve uma forte crise de ansiedade e chegou até a ligar para o diretor-executivo do São Paulo, Rui Costa, dizendo que 'não queria mais jogar futebol'.
- Eu não queria falar para minha esposa porque ela já cuida do meu filho, não queria falar com meus pais, que já têm os problemas deles, então eu não queria que eles sentissem o que eu vinha sentindo, então guardei muito. Só que à noite, do nada, virou alguma coisa na minha mente. Eu ligo para o Rui Costa (diretor-executivo do São Paulo). Ligo para ele 22h. Ligo e falo para ele 'não quero jogar futebol - disse.
A partir daí, começou um tratamento com a psicóloga do Tricolor, Nair. De acordo com as palavras de Alisson, a principal sugestão dela foi ele se afastar para cuidar da cabeça.
- E nisso a doutora me liga, a Nair, a psicóloga do clube, que falou 'olha, se afasta e não vê nada, calma que você vai se acalmar'. Pronto, me acalmei, eu falei ‘agora vou botar na televisão ali para ver um jogo’. Passou um tempinho, eu fui ver o jogo, não consegui. Eu entrei em desespero de novo, começou a acelerar e tudo. E eu queria ficar trancado no quarto - disse.
- Só que a minha esposa, ela teve um episódio... ficou muito mal em Porto Alegre, então ela ficou muito mal e por conta disso ela me ajudou. Ela teve depressão, teve depressão muito forte. 'Você não vai passar o que eu passei de forma alguma. Pode levantar do quarto'. Falei 'Não tenho força para fazer nada'. Ela falou 'Vai fazer sim. Vamos ficar aqui, vamos conversar. Vamos fazer alguma coisa - completou.
Alisson contou que, além do apoio com psicólogas e de Rogério Ceni - ainda treinador na época -, o elenco do Tricolor o acolheu também, citando principalmente o nome de três jogadores: o Rafinha, o Luan e o Luciano.
- E três companheiros me ajudaram aqui, que foi o Rafinha, o Luan e o Luciano. Luciano foi até o lugar que eu estava junto com meu empresário e junto com Mayke, do Palmeiras, eles foram até o lugar e não me deixaram fazer o que estava pensando - revelou.
Hoje em dia, Alisson está recuperado e se tornou uma das grandes peças do elenco. Com Dorival Júnior, passou a atuar mais como um segundo volante e viu seu rendimento crescer ainda mais na equipe. Destacando muito o apoio da esposa e filhos, fala dos dias atuais com mais tranquilidade.
- Meu filho foi com o cartaz que ele e minha esposa fizeram para mim. Eu começo a ver tudo, tudo o que eu passei. E ver o que eu ia deixar para trás. Hoje eu tenho uma família muito linda. Eu estou com a minha esposa desde que eu tinha 15 anos, e ela 14 - disse.
- Foi um momento difícil, mas que hoje eu agradeço muito. Agradeço por eles terem acreditado em mim, por terem me ajudado também. E como eu disse, hoje eu me sou um pai melhor, um marido melhor, uma pessoa melhor. Se eu puder ajudar de alguma forma ao próximo, sem dúvida eu faço - finalizou.