Um dos primeiros pontos que chama atenção para falar da derrota do São Paulo no primeiro Majestoso do ano foi a escalação do Tricolor paulista. Rogério Ceni optou por uma formação com dois volantes (Méndez e Pablo Maia), e o Nestor como meia. Destoou do que foi visto nos últimos jogos, quando Pablo Maia era o único volante, Nestor atuava mais na frente e Luciano como um meia armador. Desta vez, o camisa 10 começou no banco.
Mas a escalação diferenciada não foi a maior culpada na derrota, que culminou em um rompimento de um tabu que era mantido desde 2017 - tendo em vista que o São Paulo não perdia do Corinthians em casa há quase seis anos. Porém, o que esteve por trás da vitória por 2 a 1 do rival foi uma série de erros e descuidos. Um jogo muito mais decidido pela eficácia do que pela tática.
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A intenção por trás desta escolha de titulares era basicamente fortalecer a saída de bola, uma vez que Jhegson Méndez tem uma saída de jogo melhor que Pablo Maia, e privilegiar Nestor em uma função que é 'mais comum 'para ele do que para o Luciano. A princípio, em um primeiro olhar, a escolha pareceu correta.
E de fato, como dito anteriormente, não foi dos maiores problemas deste Majestoso. O Corinthians é um time que aposta muito em seu meio de campo - tendo em vista a presença de nomes fortes como Renato Augusto, um grande articulador de jogadas. Desta forma, outro aspecto importante que justifica a escolha de Ceni pelos dois volantes era justamente marcar melhor o setor criativo do rival, contando com dois volantes que se destacam na fase defensiva.
Se uma análise for pautada pelo primeiro tempo, é fato que o São Paulo começou superior. Logo nos primeiros minutos, o Tricolor liderou na posse de bola e chegou bem mais na área adversária, arriscando até mesmo algumas finalizações. Mas quando o Corinthians conseguiu recuperar a bola e chegar no ataque são-paulino, a defesa tricolor mostrou algumas fragilidades e daí surge o primeiro gol de Adson. No lance, Fagner recebeu um ótimo lance de Renato Augusto nas costas do David e serviu o meia corintiano dentro da área. Foi a primeira finalização do Corinthians na partida, e logo resultou no primeiro gol.
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O São Paulo, que já estava muito ofensivo, tentou atacar ainda mais. Mas novamente, mais uma falha e mais um gol. Desta vez, quem errou foi Orejuela. O lateral cedeu um contra-ataque. O Corinthians atacou com dois jogadores contra quatro do Tricolor. No caso, Orejuela, Arboleda, Alan Franco e Welington, mas Róger Guedes explora erro de Franco e serve Adson, que marca o seu segundo gol.
A partir daí, o que era esperado aconteceu. Com dois gols de vantagem, na casa do rival, e no fim primeiro tempo, o clube alvinegro ficou praticamente todo na defesa.
O Corinthians se fechou, em um padrão que seguiu praticamente o jogo inteiro. Com o rival fechado e raramente cedendo espaços, o São Paulo foi pouco criativo. Wellington Rato, que se destacou em praticamente todos os jogos até o momento, estava apagado - pela primeira vez na temporada até o momento. Nestor, outra opção para o setor criativo, ficou sozinho em alguns momentos, Méndez até tentou ajudar. Pablo Maia praticamente não agregou em nada.
Surgiram duas alternativas: tentar abrir espaço com Calleri e David por dentro ou utilizar as laterais, com Welington e Orejuela. Orejuela, que falhou no segundo gol, errou vários cruzamentos e não conseguiu dar conta do lado direito como deveria.
No mais, o primeiro tempo terminou assim. São Paulo buscando volume de jogo, tentando ficar mais com a bola, mas a desvantagem nascendo de descuidos e falhas - principalmente defensivas. No segundo tempo, Rogério Ceni fez algumas mudanças calculadas. Uma delas foi a entrada de Luciano no lugar de Pablo Maia. A outra foi a entrada, e estreia, de Caio Paulista no lugar de Orejuela no lado direito.
Mas qual a ideia em cima disso? Caio Paulista, mesmo atuando como lateral esquerdo (na partida deste domingo pela direita), é ofensivo, uma vez que é ponta de origem. Luciano segue a mesma premissa, embora aproveitado no meio de campo nesta temporada. Mais tarde, Pedrinho também entrou em campo, para tentar criar uma certa profundidade - do lado direito, que foi abaixo durante todo primeiro tempo.
O Corinthians seguiu adotando uma postura defensiva em frente à área. A ideia do São Paulo, a princípio, parecia tentar explorar os lados.
Tentando reverter o placar, o São Paulo começou a arriscar com chutes de fora da área. Méndez quase marcou, mas a bola bateu na trave. Mas o que mais dificultou jogadas de perigo foi a marcação fechada do Corinthians na grande área, bloqueio que gerou justamente as finalizações de longa distância do Tricolor.
Assim, as laterais seguiram como a principal alternativa para espaçar a zaga corintiana. E é assim que o gol do Luciano surge. A bola é tocada na lateral-esquerda e, quando Welington recebe, Luciano fica sozinho na entrada da área, recebe um cruzamento rasteiro e marca o primeiro - e único - gol do São Paulo na partida.
Entre chances perdidas como a de David na segunda etapa, após rabiscar a defesa e infiltrar a área ou cruzamentos na área buscando Calleri, o chute de Luciano foi a única vez em que o São Paulo driblou seu maior adversário no clássico: a eficácia. O time encontrou os caminhos para agredir o rival, mas não teve o mesmo aproveitamento dos corintianos, que em dois erros são-paulinos mataram o jogo.
Por outro lado, desde que marcou o segundo gol, o Corinthians não ofereceu riscos ao time do Morumbi. Nas vezes em que buscou os contragolpes, mostrou lentidão e a defesa do São Paulo apresentou competência para recuperar a posse. O volume de jogo ofensivo tricolor foi superior.
Isso animou tanto a torcida quanto o próprio elenco de Rogério Ceni para os minutos finais. No entanto, mais uma vez, erros nas conclusões não permitiram um empate ou uma eventual virada. O último lance perigoso foi mais uma vez de Luciano dentro da área, em lance semelhante ao gol. Dessa vez, porém, o chute rasteiro foi para fora. Com dificuldades em encontrar espaços, o time achou os caminhos para criar algumas chances, mas não as soube aproveitar. O resultado refletiu bem o peso das decisões do Tricolor: nos dois maiores erros, o Corinthians encontrou seus gols.