O São Paulo informou que o auxiliar inglês Michael Beale, trazido por Rogério Ceni em janeiro, pediu demissão na sexta-feira, quatro dias antes da saída do técnico, por questões familiares. Mas o europeu avisa que o problema foram exatamente as constantes mudanças no projeto que o Tricolor apresentou para a temporada.
- Acabei de entrar no sétimo mês do meu tempo aqui e o projeto mudou um pouco em termos do que concordei quando deixei o Liverpool. Foi um projeto muito emocionante e algo em que realmente acreditei. Ao longo do tempo, por diferentes motivos, mudou um pouco. Talvez estivesse em uma direção na qual eu, talvez, não acredite 100% - disse Beale ao podcast My Personal Football Coach.
- É um clube inacreditável, mas você tem de acreditar no projeto, e minha energia e meu foco em relação a ele estava diminuindo. Eu queria ser honesto com todos e não queria ficar em um trabalho que não era satisfatório. Mas não houve animosidade alguma - prosseguiu o inglês.
Exatos quatro dias depois da saída de Michael Beale, Rogério Ceni foi demitido pela diretoria e Charles Hembert, francês também trazido pelo ex-goleiro em janeiro para formar sua comissão técnica, foi outro a se desligar do clube. Mas Beale avisa que, apesar da aparente frustração com as mudanças no São Paulo (reformulação de elenco em meio à temporada e falta de bons resultados em campo), sua ideia não é sair já do país.
- Não estou fugindo do Brasil. Tenho uma ou duas oportunidades para ficar e não estou com pressa de sair do Brasil. Quero dizer adeus ao clube da maneira certa, voltar para casa e fazer um balanço. Se tiver oportunidade, voltar ao Liverpool é algo que sempre vou considerar. Sou um jovem treinador e estou aberto a qualquer coisa, esta não será a última vez em que trabalho fora da Inglaterra. Se as ofertas não vierem. Vou implorar a alguém por um emprego - comentou, assegurando que sua família não é e nunca foi problema.
- Minha esposa e meus dois filhos ficaram aqui entre fevereiro e maio, mas tivemos um pequeno problema com o visto. Eles tiveram que sair e passar alguns meses na Inglaterra. É difícil quando seus filhos de três anos e cinco anos estão do outro lado do mundo por sete semanas. Mas minha família está de volta e essa não é uma razão para sair. Estamos muito felizes no Brasil, a vida é muito boa. Certamente, não é o caso de a minha família não se adaptar - disse o inglês, sem lamentar sua decisão de sair das categorias de base do Liverpool para aceitar o convite de Ceni.
- Sair do Liverpool foi a decisão 100% certa a se fazer na época. Eu tive uma experiência fantástica aqui no Brasil. Chegando aqui, aprendendo uma segunda língua, outra cultura, fazendo parte do maior clube do Brasil e trabalhar com esses jogadores é algo pelo qual vou olhar para trás com grande orgulho. Talento e paixão pelo jogo aqui são incríveis. Meu samba é horrível, mas minhas habilidades de churrasco e karaokê melhoraram.