Casares diz que São Paulo até aceita renovar com Adidas, mas com reformulação total do contrato
Segundo mandatário, há interesse dos alemães em seguir como fornecedora do clube
Julio Casares, presidente do São Paulo, revelou que o clube do Morumbi recebeu um convite da Adidas, sua atual fornecedora de material esportivo e com quem mantém relação conflitosa, para tratar sobre a renovação do contrato, que acaba no final deste ano.
Apesar das recentes queixas quanto ao tratamento recebido pela multinacional, o dirigente afirma que aceitaria um novo acordo, desde que as bases contratuais fossem completamente diferentes.
- O contrato acaba em dezembro. Estamos conversando com a marca atual. Eles têm o interesse em permanecer. Mas exigimos bases completamente diferentes - disse Casares à 'TV Gazeta'.
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O assunto vem à tona após o LANCE! revelar que o clube do Morumbi já tem em mãos ofertas de empresas dispostas a vesti-lo em 2024. E uma delas é da maior rival da Adidas, a também alemã Puma.
Seria uma negociação normal para ambas as partes se não fosse um pequeno detalhe: a também multinacional alemã tem desde 2019 contrato de exclusividade em território brasileiro com o rival Palmeiras. E o acordo vai até o final de 2024.
O L! levantou que existe o mesmo tipo de acordo de exclusividade entre Umbro e Santos (no caso, o contrato prevê exclusividade da marca para o Peixe entre os grandes paulistas), o que fez com que a empresa inglesa, que chegou a fazer uma consulta ao São Paulo - sem boa reação na Vila Belmiro -, desistisse de seguir com as tratativas.
Mas o que muda com a Puma? A empresa tem rivalidade acirrada com a Adidas. E, se tratando de futebol, a situação piorou consideravelmente nos últimos anos, incluindo a própria 'aquisição' do time alviverde, substituindo justamente a empresa das três listras.
Nesse ponto, 'roubar' mais um clube brasileiro de expressão, que era servido pela principal concorrente, seria mais um 'golpe' da Puma e uma oportunidade de crescimento frente à rival.
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CONTRATO COM EMPRESA TERCEIRA AJUDARIA
Por mais que Puma e São Paulo tenham flertado, ambos procuraram e encontraram uma saída para poderem assinar um acordo: o uso de uma empresa terceirizada. Há essa brecha no contrato do Palmeiras com a empresa.
O próprio Tricolor conhece bem o funcionamento desse tipo de acordo. Passou por isso em 2016, quando quase dois anos após assinar com a Under Armour, também com cláusula de exclusividade no território nacional, viu a empresa aparecer em outros clubes, como o Fluminense.
Explicando: o São Paulo assinaria contrato com uma empresa. E esta compraria os uniformes da Puma para atender o Tricolor.
É como a Nike, por exemplo, fez com o Santos, Coritiba e Bahia em um passado recente. O acordo desses clubes, na verdade, era com uma loja virtual de artigos esportivos e não com a multinacional estadunidense, exclusiva em São Paulo para o Corinthians.
CHIADOS NO LADO VERDE, REVOLTA NO LADO TRICOLOR
Conforme o L! revelou, Palmeiras e Puma passaram momentos de desacordo no decorrer do último ano: há reclamações do clube quanto à distribuição dos produtos e o preço praticado pela empresa no mercado. A situação, contudo, melhorou entre as partes. Nada parecido com o que se passa entre São Paulo e Adidas.
Ainda em dezembro, o capítulo de desacordos entre as partes ganhou mais um capítulo, com os uniformes do clube usados na pré-temporada ainda exibindo a marca da Roku, fabricante de players de mídia on-line, cujo acordo venceu há três meses e não foi renovado. A situação só deve mudar no fim de janeiro, quando, enfim, o clube deverá lançar parte da sua nova coleção.
Não é o primeiro atrito entre o clube do Morumbi e a multinacional alemã. Também em setembro, o clube se viu refém da marca esportiva e taxou como 'descaso' o fato da terceira camisa são-paulina, que faz alusão ao agasalho usado pelo elenco campeão mundial de 1992, ter sumido das lojas após esgotado o primeiro lote.
Lançada em agosto, a peça esgotou em um fim de semana. E a reposição do lote de 3 mil unidades, prometida pelo Tricolor à torcida na ocasião em até 15 dias, demorou quase dois meses. Depois de arrecadar quase R$ 1 milhão no fim de semana de lançamento da camisa, a previsão do marketing são-paulino é que o clube deixou de arrecadar mais R$ 6 milhões com a peça por causa das listas de espera de clientes feitas por lojas.
Desde o ano passado, o clube reclama de não ter tratamento semelhante a de rivais também servidos pela marca, como Flamengo, Atlético-MG e Internacional. As queixas giram em torno dos valores pagos e material disponibilizado à venda, com a ausência de camisas e agasalhos na mesma variedade.
No início de 2022, a rescisão chegou a ser estudada pelo jurídico tricolor, mas os valores da multa impediram o avanço do planejamento. O contrato entre as partes vai até o fim do ano que vem. A desavença é tamanha que o técnico Rogério Ceni entrou no 'fogo cruzado' ao usar roupas da Under Armour, antiga fornecedora são-paulina, no jogo contra o Juventude, em abril, pela Copa do Brasil.
A reportagem não conseguiu contato com a assessoria da multinacional alemã até a conclusão desta reportagem para comentar as informações.