Casares garante Diniz e pretende ter Muricy como coordenador de futebol
Candidato à presidência não garante as permanências de Raí, Lugano e Alexandre Pássaro, atuais responsáveis pelo futebol do São Paulo. Ele também falou sobre Daniel Alves
Julio Casares, único candidato confirmado até o momento para as eleições presidenciais do São Paulo, em dezembro, deu mais algumas pistas dos planos que tem para o departamento de futebol do clube em entrevista concedida nesta quarta-feira ao jornalista Alexandre Praetzel, no Esporte Interativo.
Ele revelou que pretende ter Muricy Ramalho como coordenador de futebol, cargo vago desde a saída de Vagner Mancini, em setembro de 2019, além de reforçar que a ideia é ter Fernando Diniz como treinador.
- Terminando a eleição, vamos dizer: "Muricy, o São Paulo tem essa realidade, gostaríamos que você trabalhasse com a gente". Não falei com ele sobre esse assunto, mas claro que eu gostaria que ele trabalhasse conosco como coordenador de futebol. Aprendeu tudo como auxiliar do Telê Santana, como técnico não preciso nem dizer, mas principalmente pela visão que ele tem hoje do todo. Eu não tenho dúvida, a primeira ligação que vou fazer se for eleito será para ele. Depende da decisão dele, do projeto. Espero que ele venha, será um grande reforço. Às vezes, mais importante do que dois ou três jogadores - disse Casares, reforçando que só abrirá qualquer negociação com o ex-treinador, hoje comentarista da TV Globo, se vencer a eleição.
O candidato também ratificou que Fernando Diniz, se ainda estiver no cargo até lá, não será trocado. A mesma garantia não foi dada aos atuais dirigentes do futebol são-paulino: Raí (diretor de futebol), Alexandre Pássaro (gerente de futebol) e Diego Lugano (superintendente de relações institucionais).
- Fernando Diniz é o nosso técnico, já coloquei isso. Nós acreditamos na longevidade. Claro que o futebol tem dinâmicas que às vezes fogem do contexto, derrotas doídas, a própria vontade do técnico... O Leão, por exemplo, foi campeão paulista e quis ir para o Japão (em 2005). Mas o Diniz é nosso técnico - disse, antes de comentar o que pretende para os executivos do departamento:
- Eu não quero falar em nomes, até porque Raí, Lugano e Pássaro estão lá, fazendo um trabalho que temos que apoiar até dezembro e depois avaliar. O Raí é grande pessoa. O que eu penso: diretor-executivo é diretor-executivo. A partir do momento em que o técnico diz que está com uma deficiência em uma posição, vamos ter o diretor que vai avaliar isso com o Comitê Avançado de Futebol. Precisamos de lateral-direito? É para compor elenco ou assumir a titularidade? Se for para compor, vamos buscar na base. Não justifica queimar investimento se você tem um garoto trabalhado há seis, sete, oito anos. Se for um jogador com mais experiência, aí vamos para o mercado. Tem que avaliar a vida pregressa, o histórico físico e fisiológico, uma série de nuances, se a mentalidade é vencedora. Aí o diretor vai executar o nome. Não vai ser um diretor que vai dizer: "tenho esse e vou trazer". E ele vai trabalhar com base na meritocracia: vai ganhar um fixo e, se entregar uma meta, vai ganhar mais. Vai ter erro? Vai. Mas os riscos vão ser menores.
Julio também falou sobre Rogério Ceni, atual técnico do Fortaleza, que não se dá bem com Leco desde que foi demitido por ele em 2017. Com a troca de gestão, as portas voltarão a estar abertas para o Mito, mas não enquanto Diniz estiver no cargo.
- O Rogério é um grande símbolo do São Paulo, um cara obstinado, que se dedica em tudo o que faz. Chegou prematuro como técnico do São Paulo, na minha visão foi uma precipitação das partes. Hoje o Fernando Diniz é nosso técnico, mas se acontecer na nossa gestão uma vacância ele naturalmente será procurado. Rogério está fazendo um grande trabalho no Fortaleza, sempre será lembrado, mas o momento é do Diniz.
Casares ainda disse que deseja ter Daniel Alves como pilar do time, mesmo que não tenha aprovado o projeto montado pela atual diretoria para trazê-lo: o clube fechou o contrato em 2019 esperando obter parte considerável dos valores necessários vindos de parcerias com empresas interessadas em explorar a imagem do atleta. Por enquanto, isso não decolou.
- Quero dizer que o Daniel é fora de série, então ele vai continuar. Aconteceu um grande descompasso. Foi nos falado em agosto de 2019 que um grupo de publicitários já estava trabalhando para levantar os recursos da contratação dele. E isso não veio. A pandemia começou em março, então não foi o problema. Você tem que fazer um projeto junto com a negociação e viabilizar o subsídio, não o contrário. Mas o Daniel continua, faremos um marketing agressivo, queremos muito que ele lidere esse processo de reconstrução. O elenco que está aí é forte, consciente, profissional e vai nos dar alegrias.
O adversário de Julio Casares sairá de uma convenção organizada por alguns grupos políticos. Os pré-candidatos nesta chapa são Marco Aurélio Cunha, Roberto Natel e Sylvio de Barros. Nenhum dos dois lados se define como situação e ambos fazem críticas à gestão Leco, que se encerra em dezembro.