De chef italiano a ‘corneta’ de JJ, dez histórias do Tri Mundial do São Paulo
Antes de bater o Liverpool por 1 a 0 em noite de consagração para Rogério Ceni e Mineiro, o Tricolor viveu dias movimentados no Japão com compras, provocações e atraso de Ceni
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Atrasos de Rogério Ceni, ostentação de Aloísio Chulapa, bife australiano e "arrastão" em banheiros de hotel. Pode não parecer, mas essas histórias também fizeram parte da caminhada do São Paulo para conquistar o tricampeonato do Mundial de Clubes em 2005. E no aniversário de dez anos do título contra o Liverpool, o LANCE! mostra o lado B da campanha tricolor.
É proibido dormir!
Passar cerca de 24 horas dentro de um avião e atravessar todos os fusos horários do planeta foram as primeiras tarefas são-paulinas no Japão. Para combater os efeitos negativos no organismo dos atletas, a comissão técnica fez de tudo para que ninguém dormisse após a viagem a Tóquio. A ordem foi levar o elenco para shoppings e pontos turísticos antes dos primeiros cochilos.
Bife australiano com sotaque da Itália
As diferenças culturais entre Brasil e Japão podem ser exemplificadas pela culinária dos países. Por isso, o então fisiologista Turíbio Leite de Barros tentou deixar o cardápio tricolor o mais tupiniquim possível durante a estadia em terras nipônicas. O máximo que ele conseguiu, no entanto, foi fazer um chef italiano que acompanharia a delegação usar temperos brasileiros farofa e feijão preto nas refeições. O bônus foram bifes australianos suculentos que trouxeram variedade ao paladar dos boleiros tricolores.
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Arrastão à francesa
Os jogadores do São Paulo ficaram surpresos quando entraram nos banheiros de seus quartos em um dos hotéis no Japão. Em vez daqueles sabonetes secos e xampus ralos, os atletas encontraram produtos da renomada marca francesa L'Occitane. Parte do grupo ficou tão impressionada que resolveu fazer estoque dos itens para usar como presentes para amigos e familiares no Natal.
Chulapa solidário
Aloísio ainda estava conhecendo os jogadores do São Paulo quando a delegação chegou ao Japão. E para gastar o tempo nas cidades por onde o time passou, o centroavante chamava companheiros de time ou membros da comissão técnica para passeios em shoppings. Após ser auxiliado pelos novos amigos na tradução de conversas com os vendedores, Chulapa se sentia obrigado a retribuir com presentes. O problema é que os agrados eram quase sempre de grifes e o atacante mal reparava na conversão de ienes para reais.
Juvenal corneteiro!
Juvenal Juvêncio, que morreu na última semana vítima de câncer de próstata, era vice-presidente de futebol do São Paulo na conquista do Mundial de 2005. Durante a estadia no Japão, ele estudou a contratação de dois atacantes para o ano seguinte: Araújo, que acertaria com o Cruzeiro, e França, ídolo são-paulino. O folclórico cartola esqueceu a história do artilheiro com o Tricolor e logo descartou sua volta alegando falta de fôlego e idade avançada.
Terror oriental
O elenco são-paulino teve a companhia do ídolo Raí durante a viagem ao Japão. Campeão mundial pelo clube no país em 1992, o ex-camisa 10 ajudou em preleções, foi assediado pelos torcedores e chegou a treinar com o grupo antes da finalíssima com o Liverpool. O desempenho do craque foi tão bom que o meia Souza, famoso pelo jeito brincalhão, chegou a pedir para que Paulo Autuori desse um jeito para inscrevê-lo no torneio.
Aula para o Barcelona
Nesta semana, a presença de torcedores do Barcelona no topo de um prédio para acompanhar um dos treinos do time espanhol no Mundial ganhou destaque. O feito, no entanto, já havia acontecido há dez anos com o São Paulo. O edifício ao lado do Mitsuzawa Stadium, centro de treinamentos do Tricolor em Yokohama, foi tomado por são-paulinos e japonenses.
Espanhol em fúria
Rafa Benítez não suportou a derrota por 1 a 0 para o São Paulo na final do Mundial de Clubes. Diante de tantas defesas de Rogério Ceni e três gols anulados corretamente pelo assistente canadense Hector Vergara, o técnico do Liverpool discutiu com jornalistas ingleses durante a entrevista coletiva pós-final e ainda se recusou a falar com a imprensa brasileira. Sete anos depois, ele voltaria a sofrer da mesma forma diante do Corinthians em Yokohama.
O mundo da (duas) voltas
Danilo foi o camisa 10 do São Paulo entre 2004 e 2006 e teve papel decisivo na conquista da Copa Libertadores da América de 2005. No Mundial, as atuações discretas contra Al Ittihad (SAU) e Liverpool não diminuíram sua importância para o time e também não impediram a festa do meia no vestiário. Com um cartaz "isto é título de verdade", ele comandou as provocações ao Corinthians pelo Mundial de 2000 (rivais caçoam o título por não ter sido precedido de uma Libertadores) ao lado do superintendente de futebol Marco Aurélio Cunha. Sete anos depois, ele seria protagonista da conquista corintiana sobre o Chelsea do mesmo Rafa Benítez ao participar do gol decisivo de Paolo Guerrero.
Mito do atraso
A fama de disciplinado e de chegar sempre antes de seus compromissos andou desligada de Rogério Ceni durante do Mundial de Clubes de 2005. Antes da semifinal, quando o grupo foi liberado para fazer compras na cidade, o agora ex-goleiro se atrasou ao lado do lateral-esquerdo Júnior e irritou o técnico Paulo Autuori, que esperava os dois no ônibus cedido pela Fifa ao clube. Já depois da final, as entrevistas e comemorações foram tantas que o Mito precisou sair correndo junto com os assessores de imprensa do Tricolor para alcançar o ônibus que já estava no trânsito. Entre carros e motos, estavam em risco a chave de melhor da final, a bola de ouro e a taça do Mundial.
FICHA DO JOGO
LIVERPOOL 0X1 SÃO PAULO
Final - Partida Única
Data: 18/12/2005
Horário: 8h20 (horário de Brasília)
Local: Estádio Internacional de Yokohama (Yokohama - Japão)
Público: 66.821
Arbitragem: Benito Armando Archundía Tellez (ARB, México), Arturo Velasquez (AA1, México), Hector Vergana (AA2, Canadá) e Toru Kamikawa (4AR, Japão).
Cartões Amarelos: Diego Lugano, 12'/2T, e Rogério Ceni, 45'/2T (SPFC).
Gol: Mineiro, 26'/1T (SPFC).
Liverpool: Reina; Finnan, Carragher, Hyppia e Warnock (Riise, 34'/2T); Sissoko (Sinama Pongolle, 34'/2T), Gerrard (capitão), Xabi Alonso e Luis Garcia; Kewell e Morientes (Peter Crouch, 40'/2T).
Técnico: Rafa Benítez
São Paulo: Rogério Ceni (capitão); Fabão, Diego Lugano e Edcarlos; Cicinho, Mineiro, Josué, Danilo e Junior; Amoroso e Aloísio (Grafite, 30'/2T).
Técnico: Paulo Autuori
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