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Em coletiva tensa, Ceni não vê vexame, mas assume culpa por queda

Técnico tem embates com jornalistas no Morumbi após eliminação para o Defensa y Justicia (ARG) na Copa Sul-Americana e explica corte de Lugano do banco de reservas

O pequeno Defensa y Justicia avançou à segunda fase da Copa Sul-Americana
NELSON ALMEIDA / AFP

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Para Rogério Ceni, ser eliminado no Morumbi para o modesto Defensa y Justicia, 14º colocado do Campeonato Argentino, não foi um vexame. A queda na primeira fase da Copa Sul-Americana foi a terceira do São Paulo na temporada e fez o trabalho do Mito ser questionado de forma veemente na coletiva de imprensa após o empate em 1 a 1. O técnico, mesmo se exaltar, confrontou as críticas, em pequenos embates com jornalistas.

O mais duro e tenso foi provocado após pergunta sobre como é possível identificar o que foi levado dos treinos para jogos, já que as atividades são sempre fechadas no CT da Barra Funda. Ceni pediu, então, um exemplo para que a dúvida fosse sanada e o repórter falou sobre a movimentação de Cueva, que flutuava no setor ofensivo.

- Nem quando abro vocês têm a percepção, me perdoe. Prefiro fechar para os táticos, dou os 15 minutos para vocês fazerem as imagens e as matérias. Na segunda, que não teve tático, foi todo aberto. Na terça e na quarta, só aquecimento, entrevista, primeiro exercício... Depois prefiro a parte tática sozinho. Pode ter certeza que ninguém fica parado. Qual movimento você quer perguntar? Cueva? Qual a posição dele? Se ele flutua para você, pode ficar em qualquer lugar do campo. Nós poderíamos ter 13, 14, 15 vitórias, mas cedemos muitos empates no fim de cada jogo no Paulistão. O esquema é extremamente ofensivo e foi o que mais fez gol no Paulista. Se não funcionasse, não teria isso. Claro que precisamos de equilíbrio e baixar os gols sofridos, que até conseguimos, mas agora só temos o Brasileirão para tentar fazer o melhor - rebateu o ex-goleiro.

Confira outros trechos da entrevista coletiva de Rogério Ceni:

Três eliminações em três jogos. Se não fosse um ídolo, você já não estaria aqui dando coletiva? 
As pessoas analisam o trabalho que faço no dia a dia, a dedicação que eu tenho. São muitas coisas desde janeiro, número de atletas vindos da base... Fomos eliminados de três torneios como o Cruzeiro, que não perdia e agora em quatro dias saiu de duas competições. Nem por isso o treinador não serve. Quando tem competição em fase final, só um passa e os outros são questionados. Saímos da Copa do Brasil por um gol, enquanto agora vemos duelos desequilibrados. Aqui conseguimos dois empates e saímos pelo saldo. E contra o Corinthians caímos por um primeiro tempo ruim. O que importa para eles é o desempenho que temos no dia a dia. E nossos números, de 57% de aproveitamento, são melhores dos que os últimos que passaram por aqui. Temos que seguir trabalhando para o Brasileiro e levar em conta as lesões que nos tiraram possibilidades. Wesley, Nem, Morato, Cícero... Ficamos com menos alternativas para mudar o jogo. Tentamos fazer o máximo, colocamos os três jogadores mais ofensivos em campo, mas não foi o melhor dos jogos. Foi um nível abaixo. A equipe deles é bem distribuída, ofensiva e que marca bem a saída de bola. Eles têm bastante mérito pela classificação. Nós vamos seguir fazendo nosso melhor por um Brasileiro bom. 

Qual seu limite e qual sua convicção para reagir?
11 vitórias, nove empates e quatro derrotas. Uma campanha boa que daria o terceiro ou quarto lugar do Brasileiro. Jogamos para frente, sempre em busca do gol e sem medo de perder. Nunca jogamos para trás. Sempre com a intenção de fazer gol, nunca recuamos. Um propósito de jogo que tenho convicção e que espero que dê certo no Brasileirão.

Período de treinos e avaliação do elenco:
Não tenho nada a reclamar dos jogadores, todos dedicados, trabalham firme e que entendem o que a gente quer. Fazemos o máximo para trazer vitórias, mas estamos batendo na trave. A única coisa é que a gente cede gols de uma maneira muito fácil. A gente sai na frente, mas cede o gol de uma maneira boba, natural e que os outros não cedem para nós. Nisso precisamos muito melhorar. Cedemos um empate poucos minutos depois de marcar. De jogadores, não tenho nada a reclamar. A culpa pelos resultados é sempre minha, que escolho os jogadores e aceitou trabalhar com esse grupo. Com as vitórias, os frutos serão dos atletas. Enquanto as classificações não chegam, a responsabilidade é toda minha. Fizemos um jogo-treino no último sábado e perdemos dois jogadores, praticamente sozinhos. Morato pode perder o resto do ano e o Wesley teve uma lesão grave na posterior. O saldo é negativo. Só que se não faz um treino mais competitivo, você sentiria o ritmo de jogo. Parar esse intervalo tão grande é pior do que jogar as finais, estaríamos mais preparados para competir. Seria mais produtivo ter ido à final do Paulistão.

Foi o pior jogo?
Pior? Não. Nosso pior jogo foi contra o Ituano, em que voltamos de uma viagem de Natal e merecíamos perder. Foi disparado o pior jogo. Hoje não posso considerar entre os melhores, mas não foi o pior na minha avaliação.

Considerou um vexame a eliminação?
Não acho que seja um vexame, mas sempre teremos a obrigação. Se fosse Boca, Corinthians, Cruzeiro, Defensa, sempre temos que vencer em nosso estádio. Nós tivemos duas derrotas em casa em 12 partidas, não é bom, e hoje perdemos uma classificação. Longe de ser vexame, mas um time muito bem armado. Tomamos um gol em um lance de desatenção, mesmo com a linha na área posicionada. Tentamos, colocamos mais atacantes, a força de Gilberto, mas tivemos poucos dribles. Achei que Cueva caiu de produção, então tentamos com o Thomaz, mas não criamos chances reais de gol. Só chegamos pelo lado. Finalizamos quatro bolas contra três, muito pouco para quem precisava vencer.

Suas convicções podem render frutos? E a pressão por ter só o Brasileiro? Sempre existe pressão. Vocês estão aqui para tentar o máximo de respostas e entendo o questionamento por termos saído de mais uma competição. Minhas convicções estão nos 45 gols feitos, um time que ataca bem e que precisa aprender a recompor mais rápido. O que importa são as eliminações, porque a campanha não é ruim. As eliminações é que são preocupantes. No Brasileiro, com pontos corridos, precisamos detectar as necessidades, com dois ou três jogadores para reforçar o elenco e reverter esse quadro com boa campanha. O objetivo de todos, não só meu, é estar na Libertadores do ano que vem com esperança de ganhar o título.

Qual eliminação mais sofrida?
A do Corinthians, pelo que não jogamos no primeiro tempo. Deixamos de jogar de igual para igual em disposição. Contra o Cruzeiro dominamos o confronto, mas perdemos um e vencemos outro. Agora, tivemos o primeiro jogo com time reserva com um jogador a menos e empatamos. Hoje, colocamos o que tínhamos de melhor e o gol fora de casa nos eliminou. Jogamos pior do que eles, mesmo que não seja um clube de tradição. É um time bem montado e seu treinador deve ser o auxiliar da seleção argentina.

Defensa foi superior ofensivamente. O São Paulo perdeu em agressividade?
Nós tentamos com três atacantes, trocamos o meia, usamos dois volantes, mexemos no posicionamento do Thiago para chegar melhor pelo lado... O máximo que pude colocar o time para frente foi colocado. De fato, eles tiveram mais chances reais do que a gente.

Qual a razão para não relacionar Lugano?
​Foi relacionado para todos os jogos desde que cheguei. Só não foi quando estava suspenso por um vermelho do ano passado na Libertadores. Hoje, as características do ataque do Defensa não combinava bem para ele. Se tivesse um centroavante, ele estaria no banco. Como a linha era bem alta, precisava de jogadores mais rápidos para cobertura. Só podia levar um zagueiro para o banco, foi uma decisão minha.

Neilton sempre foi sua opção para jogar aberto no ataque?
​Neilton foi peça para jogar lado a lado com o Cueva, não aberto, mas para enfrentar três zagueiros, junto com Pratto. Já que eles desciam com os dois alas, a gente tentar bloquear o lado e tentar deixar um 3 contra 3. O Neilton não jogou aberto pela ponta, jogou como um falso 10, os dois com liberdade de movimentação, com o Pratto mais à frente. Infelizmente, não conseguimos ter sucesso. Estava entre Thomaz e Neilton, optei por Neilton por ter mais posse de bola, drible curto. Não conseguiu desempenhar como eu esperava, e pus o Gilberto para poder enfrentar mais fortemente os jogadores argentinos.

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