Daniel Alves critica política e vê situação ‘ridícula’ no São Paulo
Após vitória sobre o Vasco, camisa 10 diz que há 'partidos políticos' dentro do clube e que 'quem está fora quer entrar'. Clima eleitoral pode respingar em Raí no fim do ano
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Daniel Alves deu declarações fortes após a vitória do São Paulo sobre o Vasco, nesta quinta-feira à noite, no Morumbi. O camisa 10 disse que há "partidos políticos" dentro do clube e que "quem está fora quer entrar", o que gera instabilidade e dificulta que a equipe volte a conquistar títulos.
- A sensação que tenho é que aqui no São Paulo existem vários partidos. Isso é um problema, porque não gera estabilidade. Não é todo mundo que quer a mesma coisa. Nós queremos uma coisa, mas o entorno do São Paulo é muito pessimista, quem está fora quer entrar e às vezes joga um pouco sujo. Acredito que para um clube ter estabilidade é preciso que todos pensem no mesmo sentido, que todos estejam querendo a mesma coisa, senão vira partido político, cada um fazendo campanha para assumir o São Paulo, tentando derrubar os que estão à frente. Para um clube ser grande precisa estar todo mundo conectado em uma coisa só. Infelizmente isso não é assim aqui no São Paulo, não é assim no Brasil. A grande maioria dos clubes é formada por partidos políticos, um torcendo contra o outro para entrar. Mas nós que estamos aqui na posição de defender as cores do São Paulo sabemos o que temos que fazer, estamos trabalhando para isso, e acredito que as vitórias vão criando a estabilidade necessária - disse ele.
- Os exemplos estão aqui, muito próximos de vocês. Um clube cresce de dentro para fora, não de fora para dentro. Tudo o que seja para gerar coisas negativas dentro do clube não é bem-vindo. Aqui no São Paulo a gente tem até que superar esse tipo de coisa, que em certos momentos chegam a ser ridículas como clube. Nós que estamos à frente temos que saber o que queremos. Os demais são papagaios tentando gerar instabilidade dentro do clube.
O cenário político do São Paulo está a cada dia mais movimentado, já que haverá eleição presidencial no fim do ano que vem. Leco, o atual presidente, não poderá tentar a reeleição, mas sofre algumas pressões de olho no pleito. Nesta semana, por exemplo, conselheiros de sua base aliada aumentaram o tom das críticas ao diretor de futebol Raí e sugeriram que um conselheiro não remunerado assuma o cargo em 2020 - o contrato do ídolo termina em dezembro. Questionado sobre o assunto, Daniel Alves colocou-se ao lado de Raí:
-A gente não cogita esse tipo coisa (saída de Raí) por um simples fato: a gente quer estabilidade dentro do clube. Para mudar essa história, essa negatividade que tem dentro do clube. Um clube grande como o São Paulo não pode estar esse tempo todo sem ganhar títulos, tem de aspirar coisas positivas. Mas isso só vai acontecer se a gente tiver estabilidade, oportunidade de escrever uma história. Não é fácil para mim, nem para ninguém. Eu, em todos os lugares em que passei, conquistei coisas porque a minha energia estava focada naquilo que eu quero, que é defender as coisas do time em que jogo. E sobretudo aqui, que é a equipe que eu gosto, o clube dos meus sonhos. Quero conectar as pessoas que estão aqui para que eles entendam que uma história só muda se você tiver estabilidade. Senão, você vai passar mais nove anos sem ganhar. Estava falando até com alguns companheiros. Em um ano, eles tiveram quatro treinadores, é impossível. Impossível. Impossível se você não criar uma filosofia, não criar uma identidade. Se você não apostar nessa filosofia, vai oscilar muito, porque varia o treinador. Ele treina só quatro meses. Eu nunca vi ninguém fazer nada em quatro meses. É um processo que você tem de viver. E se você pagar o preço, você vai aspirar coisas. Se não consegue, vai ficar oscilando e o clube vai passar mais nove anos sem conquistar.
De acordo com o jogador, a efervescência do ambiente político são-paulino chega ao CT da Barra Funda e afeta o dia a dia do elenco:
- Está dentro do São Paulo, então entra em qualquer lugar. Para a gente estar protegido disso, tem que dar resultado. A gente trabalha para isso, a gente está aqui tentando fazer nossa história no São Paulo. Com todo respeito a outras pessoas que passaram pelo São Paulo, não queremos ocupar o lugar deles. Quando você forma parte de um clube e consegue fazer história não tem quem apague, a história está feita. A única coisa que nós queremos é escrever um novo capítulo. Esse clube é muito grande, respeitado mundialmente. A gente tem que se blindar, porque não é todo mundo que quer a mesma coisa. A gente tem que focar em dar resultado, em mudar toda essa negatividade que existe dentro do clube e tentar fazer com que essas pessoas não alcancem os objetivos delas. O São Paulo é maior do que eu, maior que o Raí, maior que o nosso presidente, maior do que todos os jogadores que estão aqui e todos que passaram. É preciso seguir escrevendo capítulos. Quem está aqui tem que fazer a sua história sem querer apagar a dos outros.
- Eu vim para cá para fazer o São Paulo ser um pouco diferente. A gente vê até mesmo pessoas que formaram parte do clube criticando, noto até um pouco de frustração. A diferença de nós para eles é que nós torcíamos para eles, e eles estão fazendo o contrário, querendo gerar instabilidade. Crítica quando é construtiva é sempre bem-vinda e te faz melhorar, o elogio te debilita. Estou acostumado com as críticas e não vou renunciar ao que eu acredito.
O São Paulo passará seu sétimo ano seguido sem conquistar títulos, mas ainda tem um objetivo a cumprir: conquistar a vaga direta para a fase de grupos da Libertadores. Com mais três rodadas do Brasileirão a serem disputadas, está no G6, com quatro pontos de vantagem para o Corinthians, que vem logo atrás.
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