Desfalques? Diego Aguirre mostra, de novo, que sabe lidar com eles
Técnico uruguaio mexeu em três peças ao perder Everton, machucado, no jogo contra o Ceará. Deu certo! Agora o desafio é suprir três baixas importantes contra o Flu
Com o perdão do clichê, Diego Aguirre deu mais uma demonstração de que tem o elenco do São Paulo nas mãos. O técnico uruguaio conseguiu transformar um problema enorme - a ausência de Everton, machucado, a partir da metade do segundo tempo - na solução para furar a retranca do Ceará, vencer o jogo no Morumbi por 1 a 0 e garantir a liderança pela quinta rodada consecutiva.
Aguirre movimentou três peças para reequilibrar o time sem Everton: Régis, um capítulo à parte, do qual falaremos daqui a pouco, saiu do banco para preencher a lateral direita. Bruno Peres, então, foi adiantado para a ponta direita, enquanto Rojas saiu de lá para jogar pelo lado esquerdo.
Com esse desenho tático, o São Paulo criou duas chances claríssimas, as duas com o ponta Bruno Peres aparecendo dentro da área para concluir. Ele dominou mal na primeira, aos 24 minutos da etapa final, mas definiu muito bem na segunda, aos 32.
A frieza de Reinaldo e Diego Souza na jogada do gol é outro ponto a se destacar no São Paulo. O lateral poderia ter forçado o chute, mas preferiu servir o atacante, que teve uma calma fora do comum para encontrar Bruno Peres pronto para finalizar. Houve momentos em que o time se afobou e abusou dos chuveirinhos, algo que já havia acontecido contra o Paraná, mas ficou claro que o Tricolor entrou em campo consciente de que precisaria de movimentação, troca de passes e muita paciência para furar o bloqueio cearense. Apesar do placar magro e de Sidão ter sido herói quando o jogo estava 0 a 0, o time jogou bem.
Mesmo que a lesão na coxa esquerda não seja tão grave quanto aparenta, Everton não poderá enfrentar o Fluminense no próximo domingo, às 16h, novamente no Morumbi, por ter recebido o terceiro cartão amarelo. Aguirre disse que "é difícil encontrar um jogador como ele, não tem", mas já provou que sabe reagir bem a esta ausência.
No outro jogo em que Everton cumpriu suspensão, contra o Corinthians, o técnico surpreendeu ao escalar o lateral-esquerdo Edimar e adiantar Reinaldo para a ponta esquerda. Como se sabe, Reinaldo foi o grande destaque daquela vitória por 3 a 1 ao marcar dois gols.
Perceba: o São Paulo já tem duas alternativas comprovadamente viáveis para os momentos em que Everton, talvez o seu jogador mais desequilibrante, estiver fora (Reinaldo na ponta esquerda ou Bruno Peres na ponta direita). Isso sem falar na possibilidade de uma outra solução, como a entrada de Everton Felipe, por exemplo.
Jucilei e Nenê, outros pilares da equipe, também cumprirão suspensão diante do Fluminense. Cortado do jogo contra o Ceará por estar com dores no joelho direito, Hudson provavelmente retornará no lugar de Jucilei. Liziero, suspenso neste domingo, deve entrar no lugar de Luan (garoto da base que foi bem mais uma vez). Para a vaga de Nenê, o favorito é Shaylon, mas não se deve descartar que o treinador tome decisões que fujam do óbvio.
Uma das razões para a liderança são-paulina é a maneira com que Aguirre comanda o elenco, extraindo as melhores qualidades de seus jogadores, utilizando quase todos e mantendo-os motivados. Veja só o caso de Régis: ele teve o contrato suspenso em junho para cuidar de problemas pessoais, mas jamais foi abandonado pelo clube - aí entra também um mérito grande da diretoria. O lateral atuou nos dois últimos jogos dos aspirantes para ganhar ritmo, voltou ao banco dos profissionais neste domingo e já foi utilizado em um momento importante. O recado está dado: a chance pode surgir a qualquer hora.
- A gente tem que ganhar o campeonato com o grupo. Nas outras vezes que tivemos ausências, fomos bem. Jogamos com Luan e Liziero em uma partida difícil contra o Cruzeiro e ganhamos - resumiu Diego Souza.