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‘As diferenças entre Tite e Ceni ficaram claras’

Ao assumir a seleção no lugar de Dunga, Tite mudou o ambiente. No lugar do chefe, entrou o líder. Ceni, por seu lado, faz o caminho contrário

Tite deixou claro que levou em consideração atitude de Rodrigo Caio 
imagem camera(Foto: Eduardo Viana)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 20/05/2017
19:22
Atualizado em 21/05/2017
10:00

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Rodrigo Caio não atravessa sua melhor fase na zaga do São Paulo. Tecnicamente, já viveu momentos melhores que o levaram à Seleção olímpica que conquistou o ouro inédito na Rio-2016. Mas, com certeza, este é o momento mais efervescente de sua carreira. Como nunca – e como poucos -, ele deixou o papel de coadjuvante para assumir o de protagonista, algo que deve lhe render também uma transferência para a Europa.

A convocação para a seleção de Tite, anunciada na sexta, é apenas mais uma etapa desse processo de transformação de um jogador normal em uma referência do que se espera do futebol brasileiro. O treinador, na entrevista após o anúncio dos nomes para os amistosos contra Argentina e Austrália, deixou claro que pesou na decisão de chamá-lo sua atitude no jogo contra o Corinthians, nas semifinais do Paulistão, quando ele se denunciou ao juiz e evitou que Jô recebesse o cartão amarelo por um choque com o goleiro Renan Ribeiro.

- Honestidade é importante em qualquer setor da vida. São as duas coisas que pesam: a conduta e o desempenho técnico. Fez grande Olimpíada e contra a Colômbia foi um dos destaques - explicou o técnico.

Certamente, não fossem suas qualidades técnicas Rodrigo Caio não teria sido chamado. A postura de fair play não bastaria. Da mesma forma, Tite não precisava associar uma coisa à outra. Ao fazer isso, especialmente num momento tão conturbado da vida nacional, onde a cada dia novas denúncias de falcatruas estarrecem o pais em todos os níveis do poder, o treinador deu um recado sobre o que pretende, além da bola. E mostrou que, no entender dele, um projeto vitorioso deve ir além de táticas e esquemas de jogo. Deve ser movido por princípios sólidos e consistentes.

Tite deu o chamado tapa de luvas de pelica em muita gente que criticou Rodrigo Caio. A começar por Rogério Ceni. O técnico, no intervalo daquele clássico - no ainda mal contado episódio da prancheta jogada para o alto e que acertou o meia Cícero -, questionou duramente o zagueiro se ele sabia que Jô estava pendurado. E que, com o novo cartão, seria uma ausência importante para o São Paulo tentar reverter a derrota no jogo da volta. Rodrigo disse que não sabia, mas que julgava ter tomado a decisão correta.

As diferenças entre Tite e Ceni ficaram claras. Ao assumir a seleção no lugar de Dunga, Tite mudou o ambiente. No lugar do chefe, entrou o líder. No lugar do que impunha, entrou o que dialoga – sem deixar de mostrar quem manda. Foi o suficiente para que o engajamento, a entrega dos jogadores em campo e nos treinos, se transformasse. Como há muito tempo não se via na seleção. Um sentimento que contagiou também o torcedor, reaproximando o brasileiro do time canarinho.

Ceni, por seu lado, faz o caminho contrário. O líder vai se tornando o chefe. E cada vez se mostra menos inquestionável no comando do Tricolor. O que ameaça a continuidade do seu trabalho não são mais, apenas, os maus resultados em campo. Pesa forte também a dificuldade crescente do treinador em lidar com o elenco. Suas atitudes, seja nas entrevistas, seja nas preleções internas, por vezes extrapolam para arrogância. Depois de cinco meses de trabalho e três eliminações, a confiança do elenco sumiu. Por mais que publicamente todos digam confiar no trabalho do ex-goleiro, o abatimento é visível. E os resultados dos dois próximos jogos, contra Avaí, segunda, e Palmeiras, ambos pelo Brasileirão, serão decisivos para o futuro do treinador.

Em entrevista à ESPN, também na semana passada, Pep Guardiola fez uma declaração contundente:

- Quando um dirigente contrata um treinador, tem que pensar bem. E tem que ver o que os jogadores estão falando sobre o treinador. Se a relação entre o treinador e jogadores não for boa, tem de trocar. Se a relação for boa, tem de dar o máximo de tempo.

Isso vale para o clube ou para a seleção. No caso de Tite, ele tem demonstrado um comportamento ético, aquilo que falta aos cartolas da CBF. Tem conseguido se descolar dos escândalos e conquistado o respeito do time. No caso de Ceni, atitudes como a crítica a Rodrigo Caio e o caso da prancheta só minam a credibilidade. Sua capacidade de reverter esse processo é que dirá o que vem pela frente. Tanto quanto os resultados em campo.

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