A diretoria do São Paulo tem discutido maneiras de ajudar a Chapecoense, cuja delegação foi vítima de um acidente de avião que deixou 71 mortos na Colômbia. Diretor-executivo do Tricolor, Marco Aurélio Cunha disse que o foco neste momento deve ser os familiares dos mortos e sugeriu, a partir de uma ideia do presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, a criação de um fundo entre os clubes para auxiliar os parentes das vítimas da tragédia com a Chape.
- Todas as homenagens são bonitas, mas passam rápido. Eu fico mais preocupado com o depois, o que virá depois com as famílias desses jogadores. Um jogador cujo contrato terminaria em dezembro, como fica a família desse jogador? A primeira ajuda tem de ser para como vai ser a família desses jogadores. Quem vai cuidar dos filhos desses jogadores. O Leco (presidente do São Paulo) deu a ideia que se crie um fundo para que cuide dessas famílias minimamente por uns dois anos. Para eles se organizarem. Então eu olharia primeiro a pessoa. Porque elas que vão sofrer com isso, do status que a vida do jogador pode dar. Esse é o dever maior. A instituição não morre, porque ela vai ter ajudada, a CBF, mas ela vai continuar - declarou o dirigente, em entrevista coletiva nesta quarta-feira.
O dirigente também falou da situação do lateral-direito Caramelo, que morreu no avião. Ele tinha contrato com o São Paulo, que promete dar o amparo à família do atleta, criando uma maneira de eles continuarem recebendo a parte financeira.
- Acionei o departamento jurídico. Tem coisas que são legais. Quando o atleta falece, o contrato é automaticamente rescindido. Porque você não pode pagar alguém que não existe mais. Então o que vamos criar é uma forma de manter isso. Até acho que se os clubes brasileiros querem ajudar, cada clube pode pegar uma família dessas e suprir pelo tempo. Acho que isso é mais importante que midiático. Caramelo terá um seguro, que tem pela CBF. Mas é irrisório por ser jovem, pelo potencial futuro que ele teira. Mas vamos pensar em uma maneira legal para dispor desses valores, apesar de isso não ser correto pela lei. Então vamos ver a forma para manter a família do menino assistida - disse Marco Aurélio.
O dirigente não é contra a cessão de jogadores por empréstimo à Chapecoense, como os outros clubes já se dispuseram a fazer. Mas ressaltou que não pode ser qualquer jogador.
- Não pode ser qualquer um também, aquele cara que eu não quero mais aqui. Eu só empresto assim quem eu gosto, que seja útil. Precisa ver também se o jogador vai querer, depende também da terceira pessoa - analisou.
Solidário às vítimas do acidente, e com a voz embargada, Marco aproveitou também para sugerir uma reflexão sobre o calendário das competições, que obriga os clubes a encontrarem soluções para viajar com pouco tempo de tolerância.
- Toda vez que tem uma tragédia, vamos apurar as eventuais falhas do sistema. Vocês que falam muito do mata-mata. O mata-mata é empolgante, mas ele traz essas dificuldades de você não saber onde vai jogar. Lembro que poderíamos encarar um argentino e um mexicano na Libertadores, passaria o argentino, mas pegamos os mexicanos. Tivemos de uma quinta-feira para a próxima quarta para conseguir voos, passagens. Tinha um monte de problema. O mata-mata cria a incerteza de semana onde você vai jogar. Aí abre essas possibilidades de ajustes nem sempre adequados para a viagem. Você se ajusta. Vamos entender que a solução da Chapecoense foi boa. E a do piloto não foi. Aí a menor culpa é da instituição, que tentou passar as dificuldades de jogar na Colômbia, na altitude. E temos que passar por isso - afirmou Marco.