O retorno de Kaká ao São Paulo no ano que vem tem o apoio do técnico Dorival Júnior, que enxerga no experiente atleta virtudes importantes para se ter no elenco. A chance de contratação do ídolo, no entanto, levanta uma questão que deixa o comandante preocupado. Na hora de montar o elenco, ele quer evitar excesso de jogadores com tais características, com o risco de deixar o time "pesado".
Kaká está com 35 anos e, na visão da comissão técnica, agregaria muito com a experiência, a liderança, o exemplo e também tecnicamente, por tratar-se de um jogador diferenciado. Mas há o consenso de que, caso seja contratado, ele não poderá atuar em todos os jogos e precisa ter ao lado jogadores de velocidade, sob o risco de se formar um time mais lento, algo que não bate com o modo como o treinador enxerga futebol.
Atualmente, a espinha dorsal do meio de campo do São Paulo é formada por jogadores cujo forte não está na velocidade. Jucilei, Petros e Hernanes são mais técnicos, de toque de bola, mas menos agudos. Em determinado momento, isso já foi visto como um problema, tanto que Dorival chegou a sacar Jucilei do time, retomando nas três últimas rodadas. O treinador prefere um meio de campo mais dosado, com jogadores que surpreendam com a chegada em velocidade. Além deles, o elenco conta com Militão, que tem sido lateral-direito mas joga de volante, Araruna, Jonatan Gomez, Shaylon, Lucas Fernandes, Thomaz e Cueva para o meio de campo. Nenhum deles tem como forte a chegada de trás em velocidade.
Além disso, é provável que o São Paulo tenha de ir ao mercado em busca de atletas para o lado de campo, de velocidade. Isso porque Marcinho, Morato, Wellington Nem e Denilson, atletas com essas características, têm permanência incerta. A tendência é que saiam.
A diretoria e comissão técnica ainda não mergulharam de vez no planejamento para a temporada 2018, pois aguardam a definição no Campeonato Brasileiro. Quando estiver livre do rebaixamento, as conversas serão intensificadas. Mas já há movimentos. Um deles é pela permanência de Jucilei, que voltou a ser peça importante no time. Emprestado até dezembro pelo Shandong Luneng (CHI), ele já disse que deseja ficar e a diretoria prometeu fazer de tudo para mantê-lo. Já é um jogador com as características de marcação, mais pesado.
Tudo isso vai pesar na hora de planejar o time para o ano que vem, para evitar repetir erros de formação, recorrentes no passado. Kaká é muito bem-vindo, mas será necessário atenção para que o ídolo encontre um time qualificado se concretizar seu retorno ao Morumbi.