Passadas oito rodadas, o São Paulo é o segundo colocado do Brasileirão com só um ponto a menos que o líder Internacional, mas você provavelmente não vai encontrar muitos torcedores acreditando que a equipe possa brigar pelo título. Não é pessimismo exagerado ou efeito da fila. O time de Fernando Diniz ainda não é confiável.
Na quinta-feira, foram 30 minutos ótimos e 60 minutos péssimos na derrota por 3 a 0 para o Atlético-MG. Nesse domingo, contra o Fluminense, foram 45 minutos sonolentos e 45 minutos bons na vitória por 3 a 1. Há momentos em que o time consegue atingir um nível bem alto, só que nunca dá para saber quanto tempo vai durar. É verdade que praticamente todos os times têm oscilado após a longa paralisação do futebol, mas o São Paulo abusa. E o treinador sabe disso.
- Infelizmente a gente tem oscilado, mas a gente quer jogar bem os dois tempos. Não é só isso, tem outras falhas que a gente tem que corrigir, mas esse é um dos pontos: ser mais estável do começo ao fim - admitiu Diniz.
O lado positivo é que, contra o Fluminense, o São Paulo conseguiu se estabelecer no jogo após começar muito mal. Geralmente o que acontece é o contrário: um bom início que vai por água abaixo após uma falha da zaga, um gol anulado, uma chance perdida (ou várias chances perdidas...).
O Flu de Odair Hellmann não fez o que o São Paulo gosta que seus adversários façam: subir a primeira linha de marcação para tentar cortar pela raiz a saída de bola com toques pelo chão. Quando isso acontece, o Tricolor Paulista geralmente consegue se desvencilhar desta primeira marcação e gerar superioridade numérica no campo de ataque.
Embora tenha criado um par de chances com roubadas de bola no campo de ataque, o clube carioca passou a maior parte do primeiro tempo compacto em seu campo, com a marcação bem encaixada. Os atacantes do São Paulo não tiveram nenhuma ocasião de mano a mano, tinham pouco campo para usar a velocidade ou tabelar. Para piorar, um erro individual de Igor Vinícius em uma bola longa do goleiro gerou o gol de Wellington Silva.
Diniz trocou três peças de uma vez no intervalo: Juafran, Igor Gomes e Brenner entraram muito bem nas vagas de Igor Vinícius, Hernanes e Paulinho Boia. Mas o fundamental foi a melhora coletiva da equipe, a começar pela postura dos zagueiros: se a primeira linha do Fluminense não subia, Diego Costa e Léo carregavam a bola até ela para, aí sim, colocarem em prática a troca de passes na saída. O time multiplicou as vezes em que conseguiu romper as duas primeiras linhas de marcação do adversário e construiu uma virada bem consistente.
O fato de ter empatado logo aos quatro minutos com um gol de Brenner após cobrança de escanteio foi uma injeção anímica. A virada veio aos oito com Luciano, em nova jogada de um Brenner confiante e inteligente também fora da grande área. O terceiro gol só veio nos acréscimos com o chute de longe de Vitor Bueno, mas poderia ter saído muito antes. Chances não faltaram, enquanto a defesa correu pouco risco de ceder o empate.
Com a confiança gerada por uma vitória de virada, o São Paulo encara um adversário da parte debaixo da tabela na quarta-feira, às 19h15, no Morumbi: o Red Bull Bragantino. Mais uma vez, o desafio é jogar bem por um período consistente de tempo. Sessenta, setenta, oitenta minutos. Só assim o torcedor voltará a confiar nesta equipe.
Mas vale destacar: depois de aparentar esgotamento no empate por 1 a 1 com o Bahia, o trabalho de Fernando Diniz ganhou respiro a partir das mudanças profundas que ele fez na equipe a partir da vitória sobre o Sport. Depois daquilo foram quatro vitórias e uma derrota, com momentos ótimos no meio do caminho. Se esses momentos forem duradouros ao longo dos jogos, será possível sonhar na parte mais alta da tabela.