Duas finais e goleada memorável: a história de São Paulo x Portuguesa, duelo que volta após sete anos
Lusa retorna depois de período afundada na segunda divisão. E rival da vez é um velho conhecido da Rubro-Verde em decisões e jogos de impacto
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Quando entrarem em campo às 21h30 (de Brasília) de quinta-feira no Morumbi, São Paulo e Portuguesa farão mais que uma mera partida da quarta rodada do Campeonato Paulista. O jogo marca o retorno da Rubro-Verde aos duelos com os rivais tradicionais após sete anos de calvário na segunda divisão estadual. E não poderia haver adversário mais sintomático à Lusa que o Tricolor.
A começar pelas origens. Se a Portuguesa escancara suas origens lusitanas, o São Paulo, mais comedido, foi repleto de descendentes do país europeu que colonizou o Brasil em sua diretoria ao logo dos anos.
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Nos anos 1940 e 1950, essa ligação entre São Paulo e colônia portuguesa foi escancarada no processo em que o clube vendeu o terreno que mantinha no Canindé para iniciar as obras do Morumbi. Por um certo dedo do destino, o espaço acabou ficando com a Portuguesa, que ergueu ali o seu estádio.
Mas dentro de campo, onde a rivalidade de fato se aflorou, depois de uma década de 1960 morna, com são-paulinos e lusitanos mais preocupados com a construção de seus estádios, iniciaram os anos 1970 aspirando ao posto de protagonistas do futebol paulista.
O Tricolor conquistou o bi no Paulistão em 1970 e 1971. A Lusa assegurou o troféu em 1973, dividido com o Santos. Era questão de tempo até se enfrentarem de forma decisiva. Aconteceu em 1975, quando já somavam 12 empates nos 13 jogos anteriores.
Era a ascensão de uma geração de ouro no Morumbi, palco dos dois jogos da final. Waldir Peres, Muricy Ramalho (na época ainda Murici) e Serginho Chulapa se firmavam no time titular são-paulino, capitaneados por Pedro Rocha. No banco, José Poy, o maior goleiro da história tricolor até então.
Teriam pela frente uma das maiores Portuguesa da história. Muitos remanescentes do título de dois anos antes, caso de Wilsinho, Tatá, Badeco, Zecão e o ídolo-mor lusitano, Enéas, reforçados com Dicá, maior jogador da história da Ponte Preta.
No dia 14 de agosto, o São Paulo venceu o primeiro jogo por 1 a 0, gol de Pedro Rocha aos 43 minutos do primeiro tempo. A vantagem pouco valeu na volta, três dias depois, quando Enéas marcou aos 31, também da etapa inicial, e deixou tudo igual.
Depois de uma prorrogação de 30 minutos, não teve jeito, a decisão foi para os pênaltis. E aí brilhou a estrela de Waldir Peres, que mostrou uma de suas principais características: a de desconcentrar batedores antes das cobranças. Catimbando muito, o goleiro são-paulino defendeu duas cobranças (de Tatá e Dicá), viu Wilsinho mandar por cima da meta e garantiu o tranquilo 3 a 0.
NÃO SE REPRIMA
O tempo passou. E exatos dez anos depois a dupla voltou a se enfrentar em uma final do Estadual. Desta vez, não teve jeito. O São Paulo tinha os chamados 'Menudos', uma alusão à banda que fazia sucesso na época: Silas, Muller e Sidney, reforçados com nomes como Careca, Gilmar e Falcão.
Novamente com dois jogos no Morumbi, o Tricolor venceu a Lusa, que contava com nomes como Luís Pereira e Edu Marangon, por 3 a 0 no primeiro jogo. No segundo, um 2 a 1 selou a conquista.
São Paulo e Portuguesa voltariam a se cruzar em jogo decisivo em 2011. Nas quartas de final, em jogo único disputado na Arena Barueri, mais uma vez o Tricolor levou a melhor, vencendo por 2 a 0 e se classificando.
Nesse meio-tempo, os lusitanos guardam no coração uma das maiores exibições da história do clube, a histórica goleada por 7 a 2 sobre o São Paulo, pelo Campeonato Brasileiro de 1998, com direito a gol do meio de campo.
Em 2005, mais uma vitória heroica da Rubro-Verde. Em campeonato de turno único, o São Paulo iria se sagrar campeão paulista invicto, mas acabou tombando para a Lusa por 2 a 1 em pleno Pacaembu lotado.
O clássico marca os lusitanos agora pela tristeza. Isso porque no último confronto entre ambos com os times principais, no mesmo Morumbi de quinta, o São Paulo venceu por 3 a 0 e rebaixou o clube do Canindé para a segunda divisão estadual, posição que ela só deixou nesta temporada.
- Os últimos vinte anos fizeram com que muita gente se esquecesse de épicos duelos travados entre São Paulo e Portuguesa nas sete décadas anteriores, mas é um jogo que sempre foi considerado um clássico que já teve momentos bastante acirrados - destacou Alexandre Giesbrecht, historiador são-paulino e autor da página 'Anotações Tricolores'.
RAIO-X
SÃO PAULO X PORTUGUESA
GERAL
246 jogos
119 vitórias do São Paulo
64 empates
63 vitórias da Portuguesa
NO MORUMBI
67 jogos
35 vitórias do São Paulo
17 empates
15 vitórias da Portuguesa
PELO PAULISTÃO
154 jogos
78 vitórias do São Paulo
45 empates
31 vitórias da Portuguesa
Fonte: Alexandre Giesbrecht, do 'Anotações Tricolores'
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