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Ex-presidente do São Paulo, Aidar fala em renúncia ‘desleal’ e faz críticas às dívidas do clube

O ex-presidente do Tricolor paulista falou sobre as gestões que sucederam seu trabalho e expôs polêmicas e problemas internos do clube

Aidar, presidente do São Paulo (Foto: Eduardo Viana/LANCE!Press)
Aidar teve duas gestões no comando do São Paulo (Foto: Eduardo Viana/LANCE!Press)

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Carlos Miguel Aidar, que presidiu o São Paulo até outubro de 2015, revisitou polêmicas da época e falou sobre a crise financeira que o clube atravessa.


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Pela primeira vez desde sua renúncia, o ex-mandatário trouxe estes assuntos à tona em entrevista para a 'ESPN'. Sua renúncia aconteceu após polêmicas envolvendo escândalos de corrupção.

Aidar teve dois mandatos no clube: um entre 1984 e 1988, e este mais recente, que durou de abril de 2014 a outubro de 2015.

Sobre sua eleição, afirmou que considerou 'desleal' as atitudes que a sua oposição tomou. Na época, sucedeu o comando de Juvenal Juvêncio. Segundo as suas palavras, o pedido de renúncia foi influenciado por uma reunião informal. Aidar ainda disparou que 'sua saída não resolveu nada no São Paulo e que continuaram fazendo o diabo'.

- Fui eleito sozinho com uma tremenda de uma oposição, terrível, me marcando deslealmente durante o ano de 2014, fazendo acusações infundadas, com inquérito no Ministério Público, processo penal. Tive que sair do meu escritório [de advocacia], porque era uma mídia negativa. Foi um desastre financeiramente para mim, uma fase muito difícil para reerguer - contou.

- Política ferveu, e essa política foi extremamente nociva para o São Paulo. Já foi do Juvenal para mim, ficou depois que eu saí. Numa reunião informal, me foi sugerido que eu renunciasse. Claro, na minha cabeça, acima de tudo era o São Paulo, não o meu mandato. Já tinha títulos, não estava preocupado em me manter no poder. Renunciei, mas mudou alguma coisa? Mudou nada, continuaram fazendo o diabo - completou.

O ex-dirigente afirmou que começou a criar opositores por 'encerrar' supostos programas de benefícios para membros do Conselho Deliberativo - que eram vistos na gestão anterior.

- Conselheiro comprou jogador, e a gente ia vivendo com esse aperto. Não tinha mais como dar as benesses que a última gestão do Juvenal deu: ingressos, viagens, compras, carros, caminhão, motorista, segurança. Acabei com isso, e eles acabaram comigo - disse Aidar.

Em julho deste ano, o ex-presidente do São Paulo foi absolvido na justiça das denúncias feitas - que envolviam escândalos de fraudes e lavagem de dinheiro.

Sobre a crise financeira que o Tricolor paulista atravessa, de acordo com as falas do ex-presidente, na sua época, as dívidas do clube já existiam, mas giravam em torno dos R$ 300 milhões. Conforme os balanços mais recentes, esta está estimada em R$ 700 milhões.

- Quando assumi, São Paulo devia alguma coisa em torno de R$ 300 milhões. Não era salário de jogador, mas sim fornecedor, banco, uma série de coisas. Quando deixei, deixei [a dívida total] com R$ 280 milhões. A dívida hoje está beirando R$ 600 milhões pelo que eu sei - disse.

Sobre a situação atual do São Paulo como um todo, Carlos Miguel Aidar disparou contra uma série de atitudes que a gestão do clube ainda toma como referência. Para ele, muito envolve 'salários absurdos', 'jogadores desnecessários' e a 'necessidade de uma gestão de choque'.

- Salários absurdos, contratações descabidas, jogadores que não servem. Não é da noite para o dia, tem que haver um fechamento dos registros, das torneiras, todo mundo tem que entender que o São Paulo vai passar um período esquecendo título, mas fala isso para o torcedor. Quem vai ter coragem de falar 'volta daqui 5 anos porque eu vou pagar conta'? Palmeiras fez, Flamengo fez. Tem que mudar, criar uma meritocracia. A gestão é por mérito, não por acertos políticos, isso não existe - disse.

- Teria que ser feita uma gestão de choque, quase que uma intervenção, ou um grande pacto tricolor. Quando eu assumi em 1984, o São Paulo vinha endividado, vinha de dificuldades financeiras. Em dezembro de 1984, eu entrei no desespero porque não tinha dinheiro para pagar o 13º dos jogadores. Chamei algumas pessoas importantes do clube na minha casa, mostrei o quadro para eles e falei: 'Vou fazer isso, ou vocês me dão suporte ou o São Paulo não tem solução'. O que eu fiz? Investi loucamente na base, desisti de inúmeros jogadores.  Abril de 1988, quando entreguei o São Paulo, tinha dinheiro em caixa, não tinha um centavo de dívida. É isso que precisa ser feito agora - completou.

Procurado pela reportagem do LANCE!, o São Paulo afirmou não ter um posicionamento a respeito das falas do ex-presidente Carlos Miguel Aidar.

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