Indicações e críticas: as mensagens de Aidar que irritaram Osorio
Presidente sugeriu jogadores ao técnico e pediu para ele "parar de inventar". Situação fez técnico não querer mais falar nome do presidente, que fez o mesmo nesta quarta
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Carlos Miguel Aidar foi quem iniciou o desgaste da relação com o técnico Juan Carlos Osorio. O mandatário foi o autor de pelo menos duas mensagens pelo WhatsApp dirigidas ao técnico, que o irritaram profundamente. A primeira, depois da derrota por 2 a 1 para o Ceará, no Morumbi, pedia, grosso modo, para o treinador parar de inventar. Criticava as alterações implantadas e salientava que o São Paulo era muito grande, como publicou o jornalista André Kfouri em seu blog no LANCE!. Já a segunda, que pelo discurso do próprio técnico parece ter se repetido outras vezes (veja abaixo), foi sugerindo jogadores. Em ambos os casos, o treinador ficou muito incomodado com o modo como o presidente se dirigiu. É só ver pelas respostas dele.
Osorio falou pela primeira vez sobre a mensagem do WhatsApp após a derrota para o Flamengo, por 2 a 1, no Maracanã, no dia 23 de agosto, três dias depois do tropeço para o Ceará. O time também já tinha sido derrotado pelo Goiás por 3 a 0 e, com a sequência de maus resultados, o treinador foi questionado sobre sua continuidade no clube.
- Depois do jogo anterior, recebi uma mensagem de um diretor, um membro da diretoria, e fiquei muito surpreendido. É muito difícil falar já, agora estou tranquilo, escalei o time que podia, que posso para hoje. Vou pensar, sentar com minha família, e decidirei o que é o melhor - disse Osorio, na ocasião.
Depois disso, o treinador pensou seriamente em pedir demissão, mas foi demovido da ideia pelo ex-vice presidente de futebol Ataíde Gil Guerreiro e o auxiliar Milton Cruz, seu fiel escudeiro na passagem pelo Brasil. Não à toa, os dois foram os únicos que tiveram os nomes citados pelo técnico no pronunciamento de despedida, em que agradeceu até ao "homem que cortava a grama", e ignorou completamente o nome de Carlos Miguel Aidar. Osorio fez tudo pensado.
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Isso porque o aborrecimento se repetiria. No dia 28 de agosto, portanto cinco dias após a revelação da primeira mensagem por WhatsApp, Osorio deu uma entrevista coletiva muito contundente. Criticou elenco, dirigentes e mais uma vez falou de uma mensagem, sem revelar o autor. Era Aidar. Desta vez, o treinador não se ofendeu com o texto, mas a maneira encontrada pelo presidente para exercer a força do cargo já incomodava o colombiano. Osorio achava assuntos dessa natureza tinham de ser resolvidos pessoalmente.
- Há meia hora, estava com Milton Cruz no vestiário, chegou Luis Fabiano, e mostrei a eles uma mensagem de uma pessoa do clube que oferece muitos jogadores. Falei que agora, em minha humilde opinião, o time precisa de um volante central. Estamos trabalhando com Thiago Mendes e Breno para essa posição. Centroavante, um Luis Fabiano mais jovem, por exemplo. De futebol e jogadores falam-se muitos. Minha responsabilidade é a parte esportiva. Neste clube há muito gente dando opiniões, demasiado. Quando alguém fala para mim que tem um centroavante muito bom, eu pergunto: "Sabe cabecear?". Me respondem: "Não, mas é rápido". Então, não precisamos - disparou.
Depois destes episódios, e tudo que rondou o clube durante a passagem do técnico, a relação com o presidente foi rompida. Da parte de Aidar, isso se evidenciou ainda mais nesta quinta-feira. Ao apresentar Doriva, substituto de Osorio, o presidente se referiu ao colombiano apenas como "o técnico anterior". Pagou na mesma moeda do treinador, que agiu assim na quarta. O problema é que foi o mandatário quem deu o pontapé inicial da crise.
Osorio, já de malas prontas para o México, onde vai dirigir a seleção local, já não quer nem mais saber de Carlos Miguel Aidar. Em contato com a reportagem do LANCE!, o técnico disse que todas as pessoas que tinha para falar já foram citadas em seu pronunciamento e "não gostaria de falar das demais". Foi definitivo.
Desde a divulgação das mensagens feitas por Osorio, o autor já era conhecido nos bastidores do São Paulo. Os próprios aliados do presidente não confirmavam a autoria, mas diziam que, se fosse, não haveria tanto problema porque cobrar o treinador também é uma das funções do maior dirigente do clube. Também não vinham problema em o mandatário sugerir jogadores, alegando que isso é normal e acontece em todos os clubes.
Aidar falou nesta quarta para apresentar Doriva, mas se recusou a dar entrevista. O presidente disse que falará sobre política e outros assuntos de bastidores no momento oportuno.
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