Jovem do São Paulo quebra silêncio: ‘Tinha o pensamento de ir ao Porto’
Em entrevista ao LANCE!, zagueiro Lucão fala pela primeira vez sobre quase ter sido moeda de troca por Maicon e diz que tenta entender perseguição da torcida 'todos os dias'
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Sim, Lucão ainda é zagueiro do São Paulo. Já são 17 partidas sem entrar em campo, incluindo alguns cortes até mesmo do banco de reservas. Mesmo sem Rodrigo Caio, quem disputa vaga com Lugano é Lyanco. E nada do zagueiro reaparecer. Nada também de acerto com o Porto (POR), no pacote do Tricolor para comprar Maicon.
– Se falar que não tenho vontade de ir à Europa estarei mentindo. Mas precisa ser realidade e não foi. Tinha esse pensamento de ir ao Porto, mas não deu certo. Cabe aos clubes decidirem, não tenho mais nada a ver. Eu queria essa chance de me explicar, que saísse da minha boca que não tem nada com o Porto – contou o defensor de 20 anos, ao LANCE!.
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Lucão está certo. Foram os Dragões quem não quiseram levá-lo agora no negócio por Maicon. Escolheram o lateral-esquerdo Inácio, fracassaram ao tentar Lyanco e têm dez meses para definir o segundo garoto da base tricolor para ter 50% dos direitos econômicos. A torcida são-paulina, porém, culpou Lucão e chegou a temer que a compra do capitão fosse revertida com a indefinição. Para a cria de Cotia, porém, o entrave foi como um alento.
– É o ano mais difícil da carreira. Em 2014 e 2015 joguei muitas vezes. É complicado, mas vale o aprendizado. Foi um período de amadurecimento, como atleta e pessoa. O interesse do Porto trouxe visibilidade, o que gera mais confiança. Foi um grande da Europa interessado no meu futebol. É positivo, assim prefiro ver. Só acrescentou coisas boas para mim – explicou.
Lucão estreou no profissional em junho de 2013, em partida contra o Bayern de Munique (ALE) pela Audi Cup
Agora, é preciso vencer a desconfiança da torcida, contrastante com o forte respaldo do clube. Paulo Autuori, Muricy Ramalho, Rogério Ceni e Juan Carlos Osorio são exemplos dos entusiastas de Lucão, que se apoia nesse apoio para crescer e voltar a jogar - a última vez foi em 1º de junho, na derrota por 1 a 0 para o Figueirense na quinta rodada do Campeonato Brasileiro.
– Realmente procuro entender quase todos os dias. É do futebol, eu sei. Mas também sei que se não tivesse qualidade não estaria aqui. Não é por acaso que essas pessoas que sabem muito de futebol falam isso, como Rogério e Autuori. São pessoas que vivem do futebol diariamente, entendem muito. Confio na minha qualidade e não vai ser uma crítica que vai me atrapalhar – assegurou.
Confira bate-papo exclusivo com Lucão:
Você não joga há 17 partidas. O que aconteceu nesse período?
Foi um período difícil, mas de muito aprendizado. Consegui enxergar coisas que não conseguia antes. Amadureço a cada dia mais. Tenho certeza que é só o começo. Tenho 20 anos e muita coisa para viver.
Como foi ver que seria trocado pelo Maicon? Foi procurado?
Teve essa possibilidade, chegou a mim. Sabia que poderia ser inserido na negociação. Fiquei tranquilo e continuei trabalhando e esperando o que resolveriam. Não deu certo.
Chegou a ficar fora do banco e até a treinar sozinho. Como manteve a calma?
Conversava diariamente com a comissão, que me tranquilizava dizendo que eu voltaria a treinar com o grupo se não desse certo. Por prevenção, como poderia sair, eles me deixaram separado, para não machucar ou algo do tipo.
Já falou com Inácio (o primeiro garoto escolhido pelo Porto)?
Direto! Já está treinando, fez amistoso. Está feliz da vida, no time B. Sempre torcerei por ele. Temos a mesma idade, 20 anos. Conversamos bastante durante as negociações, ele já tinha ido e contou que a estrutura era boa e o clube bacana. Agora, isso é um assunto que passou. Passou mesmo.
Por que não deu certo?
O Porto resolveu esperar. Tem um ano para escolher quem levar. Falavam que eu tinha um ano, mas não. É o Porto que tem esse poder. Não partiu nada de mim ficar ou sair.
Você mostra clareza para tratar temas delicados. E no campo, se desespera quando erra?
Não, acho que não. Há momentos em que preciso dar o chutão mesmo sem gostar, há momentos de sair jogando. Só erra quem tenta tenta fazer o melhor. Só que às vezes a jogada não sai como o imaginado e a gente fica chateado, não aceita e balança a cabeça. É mais uma cobrança individual do que algo que me abale psicologicamente.
Já se imagina jogando de novo?
Sim, preciso imaginar, porque é com esse objetivo que trabalho. Que isso possa acontecer logo. Tenho contrato até 2019 e meu foco é aqui. Continuo tranquilo dentro e fora de campo e não vai ser agora que será diferente.
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