menu hamburguer
imagem topo menu
logo Lance!X
Logo Lance!
logo lance!

Acesse sua conta para ter acesso a conteúdos exclusivos e personalizados!

Leco analisa gestão e chance de Ceni como técnico do São Paulo: ‘Pode durar seis meses ou seis anos’

Presidente completa um ano no cargo nesta quinta e fala com exclusividade ao LANCE!. Ricardo Gomes, Mito, Ataíde Gil Guerreiro, Michel Bastos, Wesley e eleições foram assuntos

Leco recebeu o LANCE! na sala da presidência do São Paulo no Morumbi 
imagem camera(Foto: Eduardo Viana)
Avatar
Lance!
São Paulo (SP)
Dia 26/10/2016
20:51
Atualizado em 27/10/2016
06:30

  • Matéria
  • Mais Notícias

Aliviado pelo fato de o time ter se distanciado da zona do rebaixamento no Campeonato Brasileiro, Carlos Augusto de Barros e Silva completa nesta quinta-feira um ano como presidente do São Paulo crente de que o balanço é positivo. Eleito por votação esmagadora (138 a 36) em eleição contra Newton do Chapéu no dia 26 de outubro do ano passado, Leco fala com orgulho de sua gestão, mesmo que parte considerável de sua diretoria, inclusive seu vice geral, já não faça mais parte do quadro.

A análise de Leco, feita em entrevista exclusiva ao LANCE! por conta da data, parte de como recebeu o clube do controverso Carlos Miguel Aidar, que renunciou ao cargo após inúmeros escândalos e denúncias de desvio de dinheiro.

Nesta entrevista de mais de uma hora, Leco mostrou respeito por Ricardo Gomes, a quem tenta proteger diante da sombra de Rogério Ceni, que se prepara para treinar o São Paulo. O presidente tenta passar tranquilidade ao seu treinador atual, mas sabe que não pode descartar o ídolo. Ele esmiuçou os fatores positivos e negativos da possibilidade de o Mito retornar ao clube como treinador. Admitiu, inclusive, que conversou com o ex-goleiro sobre seus planos na nova empreitada. E conta abaixo. Confira os principais trechos da entrevista, em que o mandatário admite que o elenco pode voltar a ter um pequeno atraso de salário por conta dos encargos do fim do ano:


Qual balanço que faz desse primeiro ano de gestão?
Positivo. Conseguimos dar ao São Paulo uma realidade de gestão totalmente diversa daquela que ele vinha tendo num último momento, em que o clube estava em imensas dificuldades, destroçado concreta e moralmente, desacreditado. E nós conseguimos promover neste curto espaço de tempo uma sensível recuperação. Claro que em algumas coisas o resultado é maior e mais expressivo e em outras é menor. O conceito, o crédito moral, a recuperação financeira muito expressiva. Reduzimos significativamente nossa dívida. A torcida acha bonito ouvir falar que o clube está bem administrado. Hoje temos funcionários que têm segurança no trabalho, com orgulho do clube. No futebol não tínhamos recursos para investir e, mesmo assim, em uma grande gestão, trouxemos alguns bons jogadores a ponto de termos surpreendido a todos indo a uma semifinal de uma Libertadores. Um grande passo, uma grande conquista para devolver o orgulho ao torcedor são-paulino. Devolvemos o orgulho mesmo. Depois, tivemos alguns contratempos.

Se no futebol teve sucesso com boa gestão, a custo zero e com semifinal da Libertadores, por que as pessoas que fizeram o planejamento não continuam no futebol do São Paulo, como o ex-direitor Gustavo Vieira (saiu em setembro) e Ataíde Gil Guerreiro (ex vice de futebol, atual diretor de relações institucionais)? Ter pessoas completamente diferentes no departamento de futebol hoje não mostra um erro de planejamento?
Claro que não, é uma circunstância. É uma decorrência natural em qualquer tipo de administração. O Ataíde ficou até um determinado momento em que achamos conveniente a saída dele em razão de imenso e injusto desgaste que sofreu. Foi alvo e vítima de pressões, difamações e de uma campanha injusta e incorreta. E são tantos os movimentos, que a gente acaba tendo que fazer algumas revisões. Igual com o Gustavo. Foi um trabalho correto, bem feito, dedicado e competente, mas chegou um momento em que a comunidade... E essa comunidade vive hoje desgraçadamente o assédio e a pressão de uma oposição insensata, que não visa ao bem do clube, ao interesse do São Paulo. Denegriu, ofendeu e mostra maldade inesgotável, uma maldade diária que se renova. É uma comunidade atípica, uma instituição atípica. Tenho certeza de que teve gente que se aborreceu porque ganhamos do Fluminense na semana passada. É uma loucura, mas você tem que conviver com esses fatores e administrar uma instituição próxima de mil pessoas, jogadores importantes, um corpo diretivo grande e uma torcida de 20 milhões, que te aplaudem quando ganha e te batem quando perde. Haja vista a invasão do CT, toda ela fabricada, insuflada e industriada por alguns irresponsáveis que usaram os outros de massa de manobra. É difícil aguentar emocionalmente. Para ter ideia do caráter do Ataíde, ele foi para Mesquita (Rio de Janelro, palco de Fluminense 1x2 São Paulo) ver o jogo e só soube depois. Não foi ficar com a gente e eu me indignei. Ele disse: “Não, eu não fui porque vão explorar e vou causar problema para a gestão e para o Leco”. Coisa que realmente...

Mas ele é membro da diretoria, não seria normal ele estar lá?
Sim, ele é! Poderia estar, mas não quis. Ficou com os caras do Fluminense, porque é bem relacionado. Voltamos, mas alguns conselheiros e diretores ficaram no Rio de Janeiro e eles foram tomar um chopinho. Essa gama de relacionamentos, em que existe um fator central que é o êxito do São Paulo, mas uma heterogeniedade de constituições e emoções, fica dífícil. É preciso jogo de cintura para administrar. Alguns saíram, mas para mim o ideal era que quem estava no primeiro dia estivesse também no último. Só que isso não é possível.

Ataíde Gil Guerreiro (Foto: Carlos Cecconello)
Ataíde Gil Guerreiro foi vice de futebol (Foto: Carlos Cecconello)


Mas nesses momentos a convicção não precisa estar ainda mais estabelecida?
Se você lançou isso como um desafio a mim, te respondo que minha convicção é tão grande que mantive o Ataíde no clube após ser expulso do Conselho (foi destituído em abril deste ano pela briga com Carlos Miguel Aidar ano passado), por convicção.

E com o Gustavo, houve erro? Qual a diferença?
É diferente. Ele era funcionário do clube e politicamente a situação era outra. Era muito desgastante e ameaçadora para ele. Cada caso é um caso, com sua característica própria.

Voltando à questão do Ataíde. O senhor elenco razões que causam episódios desagradáveis. Por que vale a pena mantê-lo diante de situações tão adversas e de ele ser expulso do Conselho?
Porque ele é uma pessoa honesta, experiente e de muitos bons serviços prestados ao São Paulo. Acontece que ele é um pouco destemperado, um pouco infantil em suas reações. Ao longo de sua história fez malcriações e criou situações com diversas pessoas, inclusive comigo. E têm pessoas que relevam, ou o fato não tem uma importância tão grande... Tem gente rancorosa, sensível... Depende muito. E ele prestou um grande serviço, o maior, ao fechar um contrato de televisão com grandes valores (R$ 60 milhões de luvas da Globo pelos direitos em TV fechada do Brasileiro de 2019 a 2025).

No Rio Grande do Sul, fala-se que o Grêmio fechou por R$ 100 de luvas milhões depois disso (os clubes lançam os valores exatos no balanço financeiro no fim de cada temporada).

Mais quanto? Mas pelo mesmo pacote? Só para televisão fechada? Igualzinho ou não? Acho que você está enganado. Esse valor nosso não tem pay-per-view, televisão aberta... Tenho grandes dúvidas do que você está falando. Eu me surpreendo.

Além da diretoria, o elenco também vai mudar. Dos seis que chegaram no começo do ano, só dois têm presença certa em 2017. Também não é um indício de erro no planejamento?
No começo do ano a realidade é uma. Depois, é outra. No meio, é completamente diferente das duas. Então, tudo isso são circunstâncias e fatores que te obrigam a decidir ali, naquele momento. Os clubes estão estruturados, tem janela para cá, para lá, fecha para cá, não pode aquilo e você enlouquece. Do meio do ano para cá, trouxemos Chavez, Cueva e Buffarini. Antes, Ytalo, Gilberto e depois o Douglas. Não vejo erro, não vejo falha. Pode dar certo ou não, não há certeza disso. Ytalo machucou, uma pena, mas especificamente prestou grande serviço ao fazer o gol do 1 a 0 sobre o Cruzeiro (no Mineirão, pelo primeiro turno do Brasileiro atacante marcou seu único gol em 13 jogos, depois operou o joelho e está parado).

O senhor já disse que pretende montar um time forte para 2017. A situação está mais confortável que permitirá isso? Como?
Não é estar confortável. Venho recuperando o São Paulo em questão de conceito, credibilidade e confiança. Ainda estamos com dívidas, mas o Adilson (Alves Martins, diretor financeiro), de forma muito competente, está finalizando o alongamento desta dívida com carência. Falando em números genéricos, eu teria que dispender R$ 9 milhões e agora terei que dispender R$ 4 milhões por mês.

Mas como vai fazer?
Vou fazer com os recursos que o São Paulo tiver, com a competência que temos e teremos para contratar bem, com pagamentos parcelados e perspectivas, vou fazer permutando jogador, vou contar com venda de jogador... Vai acontecer. Vendemos Ewandro, Ademilson, Alan Kardec, Ganso... E isso vai acontecer pela dinâmica própria do futebol. Isso me dá confiança de trazer bons jogadores, que também podem vir sem custos.

Há mais recursos do que no início do ano passado?
Haverá. Haverá mais, afinal, eu não tinha nada.

No início do ano, o senhor disse que teria R$ 11,5 milhões.
Espero ter um pouco mais. Mas o orçamento não é obra minha. É de toda nossa estrutura. E hoje feita com muito cuidado, apuro e seriedade. Asseguro que espero ter mais, imagino que tenha, mas só saberemos quando o orçamento for aprovado.

A venda que o senhor conta é do Rodrigo Caio?
Sim. Certamente isso é algo que pode nos ajudar.

Rodrigo Caio - São Paulo
Rodrigo Caio é destaque do São Paulo (Foto: Ale Cabral/Lancepress!)


Mas é uma meta vendê-lo?
Não, é uma probabilidade.

Alta?
Alta. E não pela necessidade do São Paulo, por mais que ela possa existir um pouco. É uma decorrência natural da valorização e do desejo dele, que temos que respeitar. E se não respeitar a gente perde o jogador.

Dentro dessa reformulação, de saída de jogadores, qual a situação de Carlinhos, Michel Bastos e Wesley? É a mesma para os três ou estão em patamares diferentes?
Não, não é a mesma. Você foca nos três porque foram os alvos na invasão, mas eles seguiram caminhos diferentes depois e certamente terão tratamentos diferentes. O Wesley era alvo. Ele, por suas características, qualidades e competência, está transformando isso. Quando era anunciado era muito vaiado, passou a ser mais ou menos, menos e espero que não seja mais. Porque está fazendo por merecer esse tratamento melhor, esse respeito melhor. Mas aí é algo muito pessoal. E não entra só qualidade de jogador, entra o que eles são estruturalmente como pessoa. Wesley é cascudo, não sente. Os caras ameaçaram ele, deram uns tabefes e ele: Tudo bem”. Está jogando muito bem. Michel Bastos se abateu mais que os outros, é sabido. Desejou até ir embora, sair. Teve gente até que falou para liberar e eu não quis, porque é um jogador bem reputado. Ele pode ajudar o São Paulo em uma negociação em que ele se sinta confortável e eu traga alguém do mesmo porte.

Carlinhos também?
Menos, mas para mim pode ser.

Com quantos jogadores o São Paulo já negocia?
Nenhum. Têm cogitações, mas que não são feitas por mim. Tem gente que fala com a gente, a gente fala com uns. O mercado está começando a se movimentar e agora no fim do ano vai se intensificar. E já ouvi de alguns clubes, interesse pelo Michel.

O senhor já definiu seu treinador para 2017?
Ricardo Gomes. Hoje ele é meu técnico, não tenho o que falar. E tem todo meu respeito e confiança. Imagino que vamos chegar em uma condição boa no fim do ano. Há uma dinâmica de avaliar todos os dias.

Mas era o que esperava?
Esperava mais, como esperava que o Chavez fizesse aquele gol debaixo da trave contra o Santos.

Pensando por esse lado, quando os resultados não vieram o Ricardo não teve tanta participação ou culpa?
Sim, como contra o Flamengo, quando o mesmo Chavez perdeu boa chance. Para mim, o trabalho vinha sendo muito bem feito. Pode ser que naquele momento inicial não tenha sido tão bom, mas em seguida veio. É dinâmico.

Em que ponto, o Rogério Ceni querer ser treinador e já ter falado sobre isso com o senhor, faz essa dinâmica mudar?
Quem contou que eu falei com ele (risos)?

Foi há dois meses, sobre os anseios e planos dele. Como isso se encaixa nessa dinâmica?
O Rogério tem pretensão de ser técnico do São Paulo e certamente será. Está se preparando para isso. É uma pessoa obstinada, disciplinada e tem como meta ser treinador, e do São Paulo. Não sei se talvez devesse flexibilizar um pouco isso, mas é de cada um. Não tem compromisso, tem perspectiva e uma vontade dele. Vai acabar acontecendo, mas não sei dizer quando.

Quando o Marco Aurélio Cunha foi chamado, disse que não dava para dizer não. Lugano falou o mesmo. São coisas que fogem do mecanismo comum do futebol graças às relações que eles construíram com a torcida. Se o Rogério disser que quer ser treinador não te faz analisar diferente?
Sempre vou analisar diferente quando o assunto for ele. Não é chamado de Mito? Tem significado e expressão nesta instituição. E tudo está sendo olhado. Essas coisas não passam desapercebidas. Estamos cuidando para acontecer em um bom momento.

Rogério Ceni - Sevilla
Ceni no CT do Sevilla, durante uma visita para acompanhar o técnico Jorge Sampaoli (Foto: Divulgação/Sevilla)


Quando seria esse bom momento? Em 2017?
Não tenho certeza se é, mas pode ser. Vamos esperar os acontecimentos até o fim do ano.

E gostou do que ouviu? Quais impressões?
Tem um monte de coisa positiva, um monte, e sendo assim, é bom. Ele é bem aceito na comunidade, conhece futebol, o São Paulo, então a perspectiva é que seja bom o trabalho dele. Pode até não dar certo, pode haver infortúnio, mas é uma coisa que a gente tem que contar. Pelos imponderáveis do futebol. Pode ser que dure seis meses ou seis anos. Que dure seis anos!

Só seis?
Sessenta!

É que quando se trata de Rogério Ceni pensamos em algo longevo...
É que a cultura brasileira é diferente.

Mas essa cultura faz você ponderar?
Evidente.

E ele?
Está implícito. E aqui dentro você não ouve nenhuma opinião contrária, mas algumas dizendo que é cedo, precisa de preparação maior. E tem gente que fala que tem que ser agora. Eu não sei! Não sei! Como posso ter certeza? Tem um aspecto na história, que é o fato dele ir trabalhar com o grupo onde jogou. Não sei o quanto isso influencia. Tudo é possível.

Seu zelo é compreensível por se tratar de Rogério Ceni e por ter um treinador, mas...
Sim, são dois aspectos. Não posso desestabilizar meu técnico. E desestabilizar um funcionário é perdê-lo, é demiti-lo. Segundo, Ricardo não merece isso. Ele é dedicado, sério, competente...

Na situação atual, com momentos difíceis de analisar, o ideal não seria ter os dois em janeiro?
É uma perspectiva que não pensei, mas até pode. Precisa apenas ver se temos dinheiro para isso.

Como está a reforma do estatuto?
A comissão de sistematização terminou de receber as emendas na segunda-feira, vai analisar o texto que já tem e preparar o texto final que passará por mais duas comissões, o conselho e uma assembleia.

Qual ponto dela pode fazer melhor para a instituição?
Ainda não temos domínio do texto para fazer esse tipo de afirmação. E qualquer afirmação que um presidente faça ganha um peso muito maior. A elaboração de um novo estatuto, feito da forma mais democrática e aberta possível, com participação do associado, é inédito em nossa história. Vamos dar à comunidade um regramento todo ele plural, com participação de todos. Não tem mais essa de que foi um grupo que fez, que foi trabalhado... Não haverá mais acusações. Será feito por todos. Imagino que seja algo bom. Não tive nenhuma participação no conteúdo, apenas fui o autor da obra.

Tem quem se oponha a algumas coisa...
(Interrompe) Eu também! Acho que vai ser aprovado três ou quatro anos, sem reeleição. E eu acho que uma reeleição é cabível e saudável para a instituição, porque só se repete uma gestão se ela tiver sido aprovada. Esse exame, essa análise é positiva. Com só três, como no Corinthians, você faz a gestão e vai embora para a casa. Mas de fato tem quem critique, mas é quem está em uma peregrinação para tumultuar a gestão. Como se eu fosse culpado das coisas que eles reclamam há anos. (Processo tenta cancelar todos movimentos políticos do São Paulo desde 2003 com a alegação de que o terceiro mandato de Juvenal Juvêncio, aprovado em 2011, não cumpriu as vias legais)..

E uma dessas reclamações envolve o senhor, em referência a um valor supostamente pago a título de comissão a uma empresa que intermediou a chegada do lateral-esquerdo Jorginho Paulista, em 2002 (Nota da redação: Em abril deste ano, 14 conselheiros entraram com pedido na comissão de ética para Leco seja investigado por ter assinado o documento que ordenava o pagamento de R$ 732 mil à Prazan Comercial Ltda. Na época, o clube não efetuou o pagamento, a empresa entrou na Justiça e no ano passado ganhou ação em valor de R$ 4,6 milhões).
Não foi comissão e eu processo judicialmente quem fizer essa afirmação, porque esbarra na minha honra. Foi a contratação do Jorginho. No dia seguinte daquele documento, ele foi inscrito. Ele jogou 27 partidas até quebrar a perna em jogo contra o Santos na Vila Belmiro. E o São Paulo não pagou depois, o que não entro no mérito. Não pagou os direitos que adquiriu de um empresário italiano chamado Mino Raiola. Depois de anos fiquei sabendo que não tinham quitado. Eu não sabia o que aconteceu. Não houve comissão nenhuma, tanto é que cobraram na Justiça e o Carlos Miguel (Aidar) pagou. Não era comissão, era venda de direitos. Isso foi obra de uma figura maldosa.

O termo comissão, que o senhor demonstrou aborrecimento, não denota irregularidade automaticamente, mas virou uma palavra maldita no São Paulo.
Não confundir. É normal, mas eu não posso receber comissão, óbvio. Pagamos para ter o Maicon, o Gilberto, o Ytalo, o Buffarini, o Mena... De todos eles e todos os clubes pagam, é do negócio do futebol.

Mas é que, durante a última gestão, a palavra foi amaldiçoada.

Vocês também têm uma certa responsabilidade de desmistificar isso, separar o joio do trigo e discernir o que é uma coisa ou outra. No meu caso, comissão zero.

O que o São Paulo pode fazer para desmistificar isso?
Não tem como. Por que só o São Paulo?

O senhor concordou que virou uma maldição.
Certo. O que precisa fazer é uma gestão correta e transparente. Absolutamente transparente. E tudo o que se faz aqui é sabido e está disponível para todos saberem. Mas a maldade é inesgotável. Tem gente que sempre quer lembrar dessas coisas passadas. Um conselheiro, por exemplo, sempre quer voltar ao tema da AMVO (escritório de advocacia do vice-presidente de  comunicação e marketing José Francisco Manssur, que prestava serviço ao São Paulo). Tem ação judicial, esclarecimento no conselho e ainda tem quem venha perguntar. Tem muita gente burra e maldosa nessa história.

As comissões estarão no balanço?
Tudo, tudo absolutamente documentado.

Espera quais e quantos candidatos na eleição?
Não sei, não sei. Não estão conseguindo definir.

"Repito algo que falo de vez em quando e que é absolutamente sincero. O São Paulo vive em mim mais do que eu mesmo. Tem mais importância do que eu mesmo, enquanto presidente. E levo muito a sério"

Ouvimos que poderiam ser três: o senhor, Roberto Natel e mais um.
Acho muito difícil eu e Natel. Que eu saiba, ele é situação, que saiu para pretender protagonizar nossa candidatura, mas o candidato da situação sou eu.

É forte essa declaração, por que ele também pretende.
Que ele se viabilize, oras. Meu bem, eu cheguei aqui em 1984. Estou há 32 anos sentando em cada diretoria aqui, ali, tendo alegria, frustração. Fui da base, do jurídico, vice, orçamento, conselho... Eu me viabilizei, foi isso.

Não há risco da oposição puxar o Natel?
Não vejo como porque ele já afirmou e reafirmou que isso ele não aceitaria. Mas que eles tentarão é natural, só que ficaria uma colcha de retalhos ainda pior.

A dele não se viabilizará, então?
Eu não disse isso. Não ouse afirmar isso. Eu disse que a minha é.

A saída dele representou derrota política para o senhor?
Não. O grupo dele é um grupo expressivo, mas que tem em seu seio diversas pessoas que trabalham comigo, que estão comigo.

E ter Luiz Cunha, ex-diretor de futebol, em seu grupo?
Ouvi dizer. Não representa nada.

Como nada?
Em que sentido? Bom. O Luiz Cunha, quando se desligou, não imaginei que isso acontecesse, mas ele enveredou pelo caminho da oposição e fez críticas. Aliás, fez quando ainda era da diretoria e isso é inconcebível. E agora voltou a um grupo de situação. E se vocês têm dúvidas de que o Participação me apoia, eu não tenho.

Pior momento da gestão?
6 a 1 para o Corinthians.

O melhor?
Três vestiários. Goiânia, na última rodada do ano passado do Brasileiro (vitória por 1 a 0 garantiu o time na Libertadores). Independência, na Libertadores (derrota de 2 a 1 para o Atlético-MG garantiu o time na semifinal). E Mesquita, na segunda-feira (vitória de 2 a 1 sobre o Fluminense afastou time da zona do rebaixamento no Brasileiro)

Como foi em Mesquita?
Algo muito bom, positivo e feliz. Uma energia muito boa.

Um ano depois, temos a percepção de que sua gestão é diferente da anterior. Mas é a ideal?
É totalmente diferente. Eu te digo que faço o melhor pelo São Paulo. Repito algo que falo de vez em quando e que é absolutamente sincero. O São Paulo vive em mim mais do que eu mesmo. Tem mais importância do que eu mesmo, enquanto presidente. E levo muito a sério. Espero que seja uma gestão boa. Há uma pequena oposição ruidosa e maldosa que está fazendo coisas o tempo todo. É uma pena que isso aconteça, porque não pensam na instituição. Oposição deve existir desde que seja respeitosa e edificante. Que critique, mas respeite. Sou super aberto a críticas, mas acho que eles passam um pouco da conta.

Se não ganhar a eleição de abril, não deve ter conquistado títulos e diz que não será candidato de novo. Isso te frustra?
O Paulistão acaba em abril e tem grande expressão, mas sei que você está falando de Brasileirão e Libertadores. Almejava, mas não é frustrante, porque tenho consciência plena de que faço o melhor pelo São Paulo. Se dependesse só de mim, ganharíamos tudo. Mas há muitos outros fatores envolvidos. E muitas outras coisas para fazer. Esse estádio, por exemplo, está maravilhoso depois daquilo tudo o que aconteceu contra o Atlético-MG. Está muito modificado.

Existe a possibilidade de atrasar salários de novo?
Existe, porque em uma dinâmica você pode não ter dinheiro hoje e ter daqui uma semana. Mas não daquela forma, de dois, três meses. Não, isso não vai acontecer. Se tiver que atrasar, falei para os jogadores que eu mesmo avisaria. As coisas estão bem administradas, mas teremos certa dificuldade em dezembro, quando chega 13º salário e férias de todos jogadores de uma vez só. Eles ganham muito, imagine. Deus me livre três meses, não vamos atrasar nem um mês. Uma semana, 15 dias, se for, mas depende do fluxo e parece estar tudo sob controle.

Mais lidas

Newsletter do Lance!

Fique por dentro dos esportes e do seu time do coração com apenas 1 minuto de leitura!

O melhor do esporte na sua manhã!
  • Matéria
  • Mais Notícias