Lugano se esquiva sobre poupar e critica campanha do SP no Brasileiro
Zagueiro uruguaio evita dar opinião sobre planejamento de Bauza e diz que Tricolor tinha obrigação de estar melhor no Nacional. Ele critica CBF e fala em 'jogo de merda' no clássico
- Matéria
- Mais Notícias
O zagueiro Diego Lugano foi o entrevistado desta sexta-feira no São Paulo. Confirmado como titular contra a Ponte Preta, domingo, pelo Campeonato Brasileiro, o uruguaio respondeu a maioria das perguntas sobre a Libertadores, cuja semifinal será disputada na quarta-feira que vem. No entanto, o líder do elenco aproveitou para mostrar sua insatisfação com a campanha do time no Nacional. O Tricolor, após 12 rodadas, ocupa a oitava colocação, com 18 pontos conquistados. Na visão de Lugano, o fato de a equipe está focada na Libertadores não é desculpa.
- É difícil não pensar na Libertadores. Mas eu não concordo, gostaria de estar fazendo um melhor Brasileirão. Não pode não fazer um melhor Brasileirão. Temos a obrigação de estar bem em qualquer torneio. Não quero pensar essa desculpa de que estávamos pensando na Libertadores, não é assim. Talvez as lesões prejudicaram, desfalques. Mas eu não posso usar isso como desculpa. Sei que tem isso no São Paulo, não o plantel, mas torcida. Não me conformo com esse pensamento, que sei que existe e você vê também os resultados - declarou Lugano.
O uruguaio também falou sobre a decisão do técnico Edgardo Bauza de poupar os titulares no domingo, pelo Brasileiro, para o jogo da Libertadores, contra o Atlético Nacional (COL). Lugano adotou cautela, evitou externar sua opinião, mas ressaltou que respeita 100% a decisão do treinador argentino.
- Difícil comentar sobre uma decisão técnica. Qualquer coisa que eu fale seria sair um pouco da minha missão de jogador. Eu tenho meu pensamento, mas isso é uma decisão do treinador. Todo mundo sabe que quarta é um jogo muito importante, vem de sequência de jogos, e tem de ter precaução. Então, apoiamos 100% a decisão dele, ele que decide, mas não posso fazer nenhum outro comentário porque não me corresponde - disse.
Na última quarta-feira, contra o Fluminense, no Morumbi, Patón mesclou o time, mas saiu de campo com um grave problema. Paulo Henrique Ganso entrou no segundo tempo e sofreu uma lesão na coxa direita. Está fora da semifinal. Lugano falou da perda do camisa 10.
- Jogador diferenciado no São Paulo e no futebol brasileiro, mundial. Talvez sem ele o São Paulo tenha que mudar o jeito de jogar. Jogando com ele, é quase uma obrigação passar a bola para ele. Agora talvez tenha que mudar. É duro, difícil, não temos Kelvin, não tem Centurión. É difícil, mas de jeito nenhum é uma coisa para não se sentir capacitado para vencer o jogo. É um obstáculo que temos de superar, e vamos superar. Porque é assim que queremos e tem de ser.
A entrevista do ídolo foi longa. Ele também voltou a criticar o calendário do futebol brasileiro e a CBF, destacou o peso da camisa do São Paulo na Libertadores, elogiou a contratação de Maicon, entre outros assuntos. Confira os outros trechos abaixo:
São Paulo chega mais forte ou mais fraco para a Libertadores do que nas quartas de final?
Difícil dizer. Vamos ver quarta no campo. Incrivelmente, depois do Atlético-MG, aconteceram muitas coisas. Nunca pudemos ter o time completo, sempre desfalques. Quarta é um jogo muito especial. Na vida do clube, de nós jogadores. Jogo que pode dar oportunidade de ficar perto da glória, que é o que o torcedor quer. É hora de somar forças, vontades. Como uma final no mundo e oportunidade única que o grupo vai ter de deixar seu nome marcado lá fora e no São Paulo.
Quarta semifinal de Libertadores com o São Paulo.
Por sorte, quatro anos no São Paulo e quatro semifinais de Libertadores. Muita sorte para mim. Vejo o grupo de agora muito semelhante ao de 2004, 2005, grupo de muita vontade para fazer história no clube. Essa vontade pode fazer com que demos muito além. Primeiro para superar as dificuldades do São Paulo e depois para superar a melhor equipe da Libertadores, que é o Medellín.
Campanha do São Paulo na Libertadores
Eu falei que São Paulo vai se acomodar na Copa e a medida que vai passando, vai ficando forte. Porque é um time de camisa, de tradição, força, como foi o Boca, que quase caiu na primeira fase. A gente mais experiente sabe disso e passa para os garotos, porque a nossa história é assim. Mas estamos perto da glória e vamos atrás disso, que é a coisa mais linda que o jogador pode ter.
Expulsão contra o Santos. Reclamou com o árbitro
Eu fui muito bem expulso no jogo. Você, com a experiência aprende muita coisa, mas não aprende a perder. O dia que eu aprender a perder, pego minha mala e vou para o Uruguai. Eu falei mais do que devia, e depois com cabeça fria, falei que foi justamente expulso. Eu não lembro o que falei exatamente, se foi isso. Eu reclamei na verdade sobre o jogo de merda que a gente fez. Fui bem expulso e se vier uma suspensão maior, terei de assimilar. Mas hoje não é mais difícil falar com o juiz. Depende de como se fala, da circunstância.
Contratação de Maicon
Se não falei de decisão técnica, tampouco vou falar de financeira. Mas sei que o São Paulo fez muito bem em trazer o Maicon, porque é um grande jogador, de experiência na Europa, caráter. O momento dá muita confiança, muito alívio. Então, do ponto de vista futebolístico, personalidade, pelo jogador que é, e pela auto-estima que o clube, torcida, precisavam, acho que é muito importante que ele tenha ficado e que o São Paulo tenha ganhado essa negociação com o Porto
CBF atrapalha os clubes brasileiros na Libertadores?
Isso sem dúvida. É impossível que em outro lugar da Europa, ou Boca, ou o time do Equador, jogue no domingo à tarde e depois jogue uma semifinal da Libertadores. Deve ser por isso que nos últimos anos os times brasileiros não competem mais com a mesma força na Libertadores. É um tema muito importante para ser debatido. Para saber se os clubes brasileiros querem voltar a ser protagonista aqui e no mundo.
Peso da camisa do São Paulo
Essa tradição e esse peso é o que trouxe o São Paulo para essa semifinal. Todo mundo achava que São Paulo ia ficar fora na pré ou na primeira fase. Foi essa camisa que fez a gente chegar até aqui. Mesmo com o time bom do Nacional, ninguém na América vai falar que eles são favoritos. Se fosse outra camisa, falariam. Por toda essa camisa, essa mística. Ninguém no Brasil se anima em deixar o São Paulo fora antes do jogo.
Quem é o Deus da zaga do São Paulo: você ou Maicon (God of zaga)?
Não há Deus. Futebol é coletivo. Cada um quer o melhor para o time. Se o time ganha, todos ganhamos. Neste caso, foi muito importante para o São Paulo como instituição, plantel, auto-estima. Um jogador para três, quatro, cinco anos no clube. Todo mundo tem que ter essa mentalidade de saber o que é melhor para o São Paulo.
Mais lidas
Newsletter do Lance!
O melhor do esporte na sua manhã!- Matéria
- Mais Notícias