Na cabeça de Cuca, o São Paulo precisaria primeiro de competitividade e depois de técnica para vencer o embalado Santos no Morumbi. Foi por isso, por exemplo, que o técnico resolveu começar o jogo com Everton no lugar de Hernanes. Alexandre Pato, muitas vezes cobrado para ser mais intenso, parece ter entendido a ideia.
O camisa 7 destacou-se com os dois gols que marcou - agora ele soma cinco bolas na rede em 14 jogos nesta passagem pelo clube, igualando Pablo como artilheiro do elenco na temporada -, mas também chamou a atenção por sua entrega na marcação à saída de bola adversária, com dois desarmes (seu recorde no Brasileirão) e uma interceptação que iniciou a jogada de seu segundo gol.
- A gente tem tido muita paciência com o Pato, ele estava em um outro centro (na China), demora um pouquinho mais para se adaptar. Nesse jogo ele foi mais competitivo, ele tem se doado bastante, treinado bastante. Quando ele sai, é por opção minha, mais na parte tática do que técnica, a técnica dele é indiscutível. Tenho aproveitado da melhor forma. Era para ele jogar o tempo todo, infelizmente cansou no fim e pediu para sair, mas fez um grande trabalho - elogiou Cuca.
Jogador e técnico têm tentado se adaptar um ao outro. Em alguns jogos, Pato ficou incumbido de marcar o lateral-direito adversário e o fez sem reclamar, mesmo que para isso tenha ficado mais longe do gol. Contra o Santos, Cuca decidiu que não daria essa missão a ele. A ideia, inclusive, era que começasse a partida jogando como atacante ao lado de Raniel, o que daria a Everton a função de ocupar a ponta esquerda e ajudar defensivamente. Quando viu que o lateral adversário seria o zagueiro Lucas Veríssimo, o técnico decidiu manter Pato aberto pelo lado esquerdo, posição em que ele se sente mais confortável. Sua missão defensiva era cercar a saída de bola do adversário, algo que fez muito bem.
- Treinei no 4-4-2, abrindo Everton pela esquerda, Toró na direita, com Pato e Raniel de atacantes. Eles com linha de três zagueiros, íamos com dois atacantes. Se for buscar o jogo deles com o Palmeiras no Pacaembu, o Lucas Veríssimo já jogou de lateral, era linha de quatro e dessa vez foi de novo. Quando vi, abri o Pato na ponta, porque aí ele não vai ter o desgaste para voltar, é diferente de pegar um lateral como o Gilberto, do Fluminense, que é um ala. Mudou, sim, porque tínhamos treinado duas ou três formas de jogar - explicou o treinador.
Por coincidência ou não, essa foi a partida em que Pato mais finalizou nessa volta ao São Paulo: quatro vezes, assim como no empate sem gols com o Avaí, quando jogou como centroavante. A diferença é que três das finalizações dele no clássico tiveram a direção do gol. Na Ressacada, nenhuma.
- Eu tenho feito meu melhor para o time, jogo coletivamente. Na minha volta para cá, estou tentando ajudar naquilo que posso fazer. Se o professor pede para marcar, eu vou marcar. Na hora que aparecer as oportunidades de gol, eu vou fazer. Fico feliz pelo resultado, pelos gols que fiz, mas o coletivo é muito mais forte que o individual - disse Pato.