Morte de Telê completa dez anos e inspira SP em ‘final’ na Libertadores

Eterno mestre do Tricolor morreu em 2006. Sua memória de bicampeão continental e do mundo, porém, não se apaga. Ronaldão espera que data ajude na classificação em La Paz

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A cada jogo importante, principalmente pela Libertadores, o seguinte pensamento chega quase naturalmente na cabeça do torcedor do São Paulo: Telê Santana poderia ser nosso técnico. Nesta quinta-feira, ainda mais. No dia em que a morte do Mestre completa dez anos, o Tricolor decide sua vida na competição contra o The Strongest (BOL), nos temidos 3.600 metros de altitude de La Paz.

Desde a década de 1990, não há como falar de São Paulo na Libertadores sem lembrar de Telê Santana. Evocar a alma do ex-técnico, morto em 2006 vítima de uma série de doenças decorrentes de isquemia cerebral, é deixar o time mais forte. Essa é a visão do ex-zagueiro Ronaldão, um dos ícones do time bicampeão da América nas mãos de Telê (1992/93).

– É uma data especial, espero que sirva de motivação para os jogadores conquistarem a vaga – afirmou o ex-jogador, em entrevista ao LANCE!.

A inspiração pode ir além da figura do técnico, eternizado pelos são-paulinos a cada jogo no Morumbi (olê, olê, olê, olê, Telê, Telê). Tem resultado. O esquadrão de Ronaldão, Cafu, Raí e cia. foi duas vezes à altitude e se deu bem. Venceu a primeira jogando em Oruro e empatou a segunda em La Paz. Esse resultado é suficiente para classificar o time.

Condutor do time agora, Edgardo Bauza em nada lembra Telê e não possui o timaço que o Mestre tinha. Mas, assim como o ex-técnico, venceu duas Libertadores. Merece respeito e conhece como a dificuldade de jogar na altura – morou sete anos em Quito, Equador.

Para os mais supersticiosos, a inspiração para o São Paulo estará encarnada ao lado de Bauza. O auxiliar técnico Pintado é memória viva do período mais glorioso do clube. Pintado sabe o que Telê falaria num momento decisivo como este.

– O mais importante é a união da equipe. Trabalhar para chegar bem impede que os fatores externos atrapalhem – disse o ex-volante, que era homem de confiança de Telê.

Que a memória de Telê possa unir o São Paulo para a classificação.

Telê Santana também foi técnico da Seleção Brasileira (Foto: Anibal Philot)

Entrevista com Pintado. auxiliar-técnico do São Paulo e bicampeão da Libertadores em 92 e 93 com Telê:

Quais as memórias de Telê Santana você resgata nesta data?
Todas as vezes em que penso nele, só consigo lembrar de bons momentos. Seu Telê deixou apenas coisas importantes para todos nós no São Paulo. Ele nos ensinou que a vitória vale muito muito mais do que parece. Ele é sinônimo de grandes conquistas, grandes profissionais e grandes momentos para o clube. A gente vai lembrar sempre com muito carinho e muita saudade do nosso mestre.

Pensa em usar alguma passagem com o Telê para motivar os jogadores antes do jogo?
Nossos jogadores já sabem a importância que tem camisa do São Paulo. Eles entendem o tamanho da tradição e do peso do clube. E muito disso vem como parte do legado deixado pelo Telê. Que a gente conquiste uma vitória e que essa vitória seja o início de uma caminhada importante para algo grande.

O time de 1992, que seria campeão da Libertadores, jogou duas vezes na Bolívia e não perdeu na altitude. O que o Telê passava?
É sempre importante passar a experiência que vivi com ele naquela época. A responsabilidade do jogo é grande, então os jogadores estão concentrados e sabem que nada pode ser apontado como obstáculo pelo resultado, nem a altitude. Seu Telê dizia que era muito importante ficar com a bola para controlar o jogo e é isso que o Bauza está buscando para a partida contra o The Strongest.

O que Telê Santana falaria hoje no vestiário antes da partida?

Que o mais importante é a união da equipe, é ser um time forte e comprometido. Trabalhar bem para chegar bem a um jogo como este impede que os fatores externos possam atrapalhar.

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