Muda tudo de novo? São Paulo tem o que aproveitar de outra eliminação
Da queda na semifinal do Majestoso de 2017 para a de quarta-feira, só sobrou Jucilei no time, mas aposta da diretoria é na continuidade para não tropeçar tanto no Brasileiro
Em menos de um ano, passando exatos 339 dias, o São Paulo voltou a ser eliminado pelo Corinthians em uma semifinal de Campeonato Paulista. Mas, desta vez, a aposta da diretoria é que a queda diante do arquirrival tem mais pontos a serem aproveitados do que no ano passado.
Na manhã desta sexta-feira, o Tricolor se reapresenta depois da derrota por 1 a 0 no tempo normal e por 5 a 4 nos pênaltis, em Itaquera, na noite de quarta-feira - a quinta-feira foi de folga. E o LANCE! indica pontos em que o técnico Diego Aguirre pode se apoiar visando o primeiro jogo da quarta fase da Copa do Brasil, contra o Atlético-PR, na próxima quarta-feira, em Curitiba (PR), e a sequência da temporada.
Continuidade do time
No jogo decisivo da semifinal em 2017, Rogério Ceni escalou o São Paulo com: Renan Ribeiro; Wesley, Maicon, Rodrigo Caio e Júnior Tavares; Jucilei e Thiago Mendes; Pratto, Cícero e Cueva; Chávez. Na última quarta-feira, Diego Aguirre apostou em: Sidão; Militão, Arboleda, Bruno Alves e Reinaldo; Jucilei, Petros e Liziero; Marcos Guilherme, Nenê e Tréllez.
Apenas Jucilei aparece nos dois times. E uma das apostas da diretoria para a sequência da temporada é dar continuidade na escalação. Todo o trabalho nas manifestações depois da eliminação em Itaquera foi para evitar caça às bruxas e pressão por mudanças drásticas. Raí, diretor executivo de futebol, e Lugano, superintendente de relações institucionais, mostraram até otimismo depois de mais uma frustração em campo.
A sensação é de que Diego Aguirre, contratado há menos de um mês, desperta uma tolerância muito maior do que tinha Rogério Ceni há 11 meses. A presença de ídolos como Raí, Lugano e Ricardo Rocha, coordenador de futebol, também dão uma segurança maior do que Vinicius Pinotti, diretor executivo de futebol em 2017 e figura central do departamento, colocando-se frequentemente em atrito com o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva.
Calendário não permite perder o embalo
Em 2017, quando foi eliminado pelo Corinthians, no Paulista, o São Paulo tinha caído na Copa do Brasil quatro dias antes, para o Cruzeiro. Mas o time mostrou evolução nas partidas que culminaram nas quedas (vitória por 2 a 1 em Belo Horizonte e 1 a 1 em Itaquera).
O Tricolor, porém, ficou 18 dias sem jogar e a sensação foi de que aqueles lampejos de embalo se perderam, tanto que a equipe teve uma sofrível atuação no 1 a 1 diante do Defensa y Justicia, time argentino que fazia sua primeira partida oficial fora do país, no Morumbi, e culminou em uma vexatória eliminação logo na primeira fase da Copa Sul-Americana.
Os resultados aumentaram a pressão para o Campeonato Brasileiro, no qual o clube jogou apenas para evitar o rebaixamento. Mas, em 2018, já tem o jogo contra o Atlético-PR na quarta-feira, pela Copa do Brasil, e a ida da Sul-Americana diante do Rosario Central, na Argentina, na semana seguinte, emendando com o início do Brasileiro. A expectativa é de que a melhora recente se confirme nessa sequência de partidas, sem a parada de 2017.
Motivação da Copa do Mundo
Dois dos principais nomes do elenco terão neste resto de primeiro semestre partidas decisivas visando o sonho de disputar a Copa do Mundo: Rodrigo Caio e Cueva. Se o peruano está praticamente garantido, contanto que não arrume mais problemas no São Paulo, como já o avisou o técnico da seleção, o zagueiro precisa mostrar qualidade para ser chamado por Tite.
Existe até uma expectativa de que ambos sejam negociados às vésperas ou durante o Mundial da Rússia, principalmente Cueva. Mas, até lá, a Copa do Mundo é um atrativo para que ambos rendam o suficiente para o São Paulo iniciar bem o Campeonato Brasileiro e se manter vivo na Copa do Brasil.
Janela mais fechada
Apesar de já ter chegado sem conseguir segurar Hernanes, que voltou ao futebol chinês, e atendendo o pedido de Pratto para ser vendido ao River Plate, Raí traçou como um dos principais objetivos ao substituir Pinotti não vender tantos jogadores. E uma das apostas para um 2018 mais promissor é exatamente essa blindagem aos jogadores, principalmente os mais jovens.
Atualmente, um dos mais fortes rumores entre os conselheiros no Morumbi envolve Liziero, recém-promovido ao time principal e aos titulares e na mira do Bordeaux, da França. Mas, por enquanto, a sua situação do meio-campista é tida como controlada, sem grande temor de perdê-lo. Militão também desperta o interesse de grandes clubes europeus, e Júnior Tavares foi observado recentemente pelo Rennes, da França. A princípio, a ideia é manter todos.
Novo espírito
A tão citada nova postura do time em campo é, sem dúvida, o principal motivo do otimismo da diretoria. A sensação é de que Aguirre conseguiu colocar na cabeça dos jogadores o que considera fundamental em um time de futebol: competitividade, determinação e atitude. A missão do uruguaio é colocar esse espírito também em partidas que não são decisivas para um Campeonato Brasileiro mais tranquilo.
Reforços
Apesar da insistente tentativa de dar força ao time, e da promessa de não repetir as seguidas reformulações no elenco feita sem 2017, a diretoria ainda promete reforços. Já chegou Régis, lateral que disputou o Campeonato Paulista pelo São Bento, e outros podem ser contratados, como admitiu Raí logo depois da derrota, na quarta-feira.
- É hora de pensar com calma. O importante é ter consciência de que saímos de uma temporada ruim, que o time teve um Campeonato Brasileiro muito abaixo do esperado, mostrou uma reação agora na segunda parte do Campeonato Paulista. É continuar nessa sequência e pensar com calma, analisar com a comissão técnica e a diretoria, juntos, para ver o que podemos fazer para incrementar essa equipe.