OPINIÃO: Trauma de Itaquera prevalece. E agora São Paulo vai precisar jogar mais bola antes de apelar para a fé
Tricolor esqueceu tudo o que fez contra o Palmeiras. É hora de melhorar desempenho ao invés do misticismo
Se tem uma característica que marca o São Paulo e seus torcedores é o uso de mantras. Time da Fé. Onde a moeda cai em pé. Torcida que conduz... Opções não faltam para servir não só de gancho para retratar a gloriosa história do clube, mas também de salvaguarda aos adeptos para buscar inspirações e motivações em reverter cenários improváveis.
Toda essa mística dará as caras insistentemente nas próximas três semanas até o jogo de volta contra o Corinthians na semifinal da Copa do Brasil, no Morumbi, quando o clube precisará reverter a vantagem por pelo menos um gol de diferença para levar a decisão da vaga à decisão do principal mata-mata nacional aos pênaltis.
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Mas paremos um pouco para refletir. Foi a mística quem de fato venceu os dois jogos contra o Palmeiras nas quartas? Longe disso. Foi a bola, só ela. E talvez seja só dela que o time de Dorival Júnior precise para eliminar o mais amargo dos rivais.
Muito longe das mandingas, foram uma preparação excepcional e uma superconcentração de cada um dos 11 jogadores que estavam em campo nos duelos contra o inimigo verde que possibilitaram a superação e o resultado final. Notícias vindas do CT da Barra Funda (onde não podemos mais pisar) apontavam para um Dorival extremamente concentrado, treinando mais de uma variação tática, jogadores focados e dispostos a se superar. De fato conseguiram, só ver o baque pela tragédia familiar de Pablo Maia, que lhe tirou do jogo de volta na arena palmeirense.
Mas por que foram? Porque parece que o São Paulo rasgou a própria cartilha. Precisamos ser justos, esse texto passa longe, muito longe de atacar Dorival e seus comandados. Mas precisamos analisar as coisas como elas nos é transmitida.
O São Paulo teve um primeiro tempo de grande intensidade. Com boa partida de Pablo Maia e Alisson que conseguiram anular a articulação corintiana na sua essência. Entretanto, toda moeda tem dois lados. E na hora de distribuir a bola roubada, a dupla de volantes errou. Mais do que deveria. Mais do que o sistema ofensivo conseguiria para conseguir concluir com efetividade a posse de bola absurda.
Veio o segundo tempo e o Corinthians viu que o Tricolor estava longe de ser o bicho papão pregado. Apostou suas fichas em atacar pelo lado direito. E descobriu um problema crônico da equipe na temporada: a deficiência de Caio na parte defensiva. Para piorar, Nestor estrou confuso, sem conseguir seu lugar em campo. E aqui os dois foram citados nominalmente porque protagonizaram os erros que levaram aos gols do inimigo preto e branco.
Novamente voltemos ao Palmeiras. E vemos que em um só jogo, o desta terça-feira, o Tricolor errou mais que em dois ante o inimigo verde. Pós-jogo ante o Cuiabá destaquei que via com preocupação se não uma soberba (a palavra foi escolhida propositalmente para vocês clicarem, deu certo), um certo verniz de salto alto, de time que surpreende o Brasil, que Dorival é um gênio, que sonha em voltar à ex-equipe tubarã milionária, que Rafinha pode atravessar meio-continente para participar de um rolezinho bávaro e blábláblá... Tudo o que não aconteceu contra o Palmeiras.
Se quiser vencer o Corinthians e o estigma de freguês ao time do Parque São Jorge o primeiro passo é o São Paulo resgatar acima de tudo os pés no chão, o trabalho e a concentração. E bola, muita bola e disciplina tática, tudo o que faltou em Itaquera. A fé? Deixem para coisas mais importantes, como a diminuição da fome no mundo e da violência.
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