Setor popular, ‘sócio-patrocinador’ e sonho por Muricy: Casares apresenta seu plano de gestão
Único candidato confirmado até o momento para as eleições de dezembro no São Paulo, Julio Casares exibe suas propostas e reforça que não é continuidade a Leco
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Julio Casares apresentou nesta quinta-feira, em transmissão ao vivo pela internet, o plano de gestão de sua candidatura à presidência do São Paulo. Ao lado dele estava Olten Ayres de Abreu Junior, candidato a presidir o Conselho Deliberativo na chapa "Juntos pelo São Paulo".
Os dois, advindos de grupos políticos opostos, reforçaram que esta não é uma chapa de situação, mas de coalizão de diferentes correntes, contando inclusive com o apoio do ex-presidente José Eduardo Mesquita Pimenta, derrotado por Leco na última eleição.
- Os jornais mostram que o lado adversário tem mais diretores da gestão Leco do que o meu lado. O diretor da base, o diretor de estádio... Dos diretores de futebol que passaram por lá com o Leco, cinco, seis ou sete estão do lado de lá. Como vamos falar que eles são oposição e nós, situação? Não estou buscando esse título, estou buscando um plano de gestão. Quem quiser vir conosco, pode vir. Não tenho vinculação política com o Leco - disse Julio.
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O candidato que vai enfrentá-lo em dezembro ainda não está definido. Pode ser Marco Aurélio Cunha, Roberto Natel ou Sylvio de Barros, nomes que serão levados a votação em uma convenção. Em entrevistas recentes, Marco Aurélio disse que o grupo dele é o de oposição, enquanto o de Casares representa a situação. Leco ainda não se manifestou sobre a corrida eleitoral.
Julio conta com o apoio de oito diferentes grupos políticos, o que seria a maioria do atual Conselho Deliberativo. No entanto, 100 dos 260 conselheiros que estarão aptos a votar em dezembro serão eleitos em uma eleição do órgão em novembro.
O PLANO DE GESTÃO DE CASARES
Julio Casares e Olten Ayres de Abreu dividiram suas propostas em 11 pilares, dispostos na apresentação como se fossem um time de futebol: profissionalização, governança, responsabilidade financeira, ética e transparência, mentalidade vencedora, engajamento com a torcida, sócio-torcedor, autonomia da área social, inovação, marketing e comunicação. Veja abaixo as principais propostas apresentadas.
COMITÊ AVANÇADO DE FUTEBOL E MURICY RAMALHO
Julio disse que criará uma equipe para trabalhar diariamente na análise de jogadores com a missão de minimizar os erros em contratações. Hoje, o São Paulo já conta com um departamento de análise de desempenho, mas o candidato enumerou alguns reforços que considerou exemplos de maus negócios e gasto de dinheiro.
- Houve contratações que pouco agregaram. Quando não agrega, atrapalha financeiramente. Biro Biro, Everton Felipe, Maicosuel... Essas contratações não devem mais acontecer. Ou até um grande jogador, que é o Jucilei, mas assinou um contrato longo, rescindiu e agora tem um ajuste para pagar na próxima gestão. Claro que quem contratou tinha a melhor das intenções, vontade de acertar, mas faltou critério. Vai ter austeridade, sim, vamos cortar na pele, sim, mas faremos um time competitivo - disse.
Questionado sobre os pedidos que podem vir da arquibancada por Rogério Ceni e Muricy Ramalho, o candidato disse que espera vida longa para Fernando Diniz como técnico do São Paulo - aliás, declarou que a contratação dele foi um dos acertos da gestão Leco - e que Ceni será sempre cogitado, mas só quando o cargo estiver vago. Sobre Muricy, reforçou que deseja contar com ele, mas sem especificar em qual área poderia ser:
- Nunca falei com Muricy sobre voltar, mas o que posso colocar é que sonhamos com a presença dele, sim. Em caso de vitória, um dos nossos primeiros movimentos será falar com o Muricy. Havendo essa combinação, a chance dele voltar será muito grande.
RAÍ, PÁSSARO E LUGANO SEGUEM?
Casares foi questionado por um jornalista sobre os planos para os atuais dirigentes do futebol são-paulino, mas não disse se vai mantê-los ou não. No entanto, deixou claro mais de uma vez que não está satisfeito com o departamento, sobretudo pelos gastos altos.
- Houve um momento em que pedimos uma reestruturação da Barra Funda e isso não foi aceito. Nossa ruptura (com Leco, a quem apoiou na última eleição) passa pela crítica ao futebol, porque deveria ter sido feita uma reestruturação, que evitaria uma dívida deste tamanho. Mas algumas contratações foram boas, como as de Volpi, Bruno Alves, Arboleda, Vitor Bueno...
Na sequência, o candidato criticou o modelo usado pelo clube para contratar Daniel Alves:
- Não podemos antecipar, primeiro o produto e depois a ação de marketing. Tem que ter a ação e depois o produto. Esperamos ainda que jogadores como o Daniel tenham a atenção do marketing, da área do futebol, para que ainda consiga trazer resultado (financeiro).
SETOR POPULAR NO MORUMBI
Casares disse que não pensa em fazer uma grande reforma no Morumbi, a não ser que haja uma empresa disposta a arcar com os custos. Ele prefere expandir o Morumbi Concept Hall, área repleta de estabelecimentos no anel inferior do estádio que ele idealizou enquanto foi diretor de marketing, e atrair mais o torcedor. Uma das maiores cobranças dos são-paulinos é sobre o preço dos ingressos, e o candidato promete manter um setor popular em 100% dos jogos, com 8 mil lugares (arquibancada amarela) a metade do preço de arquibancada na ocasião.
SÓCIO-PATROCINADOR E SÓCIO À DISTÂNCIA
"Vem aí um novo sócio-torcedor, que vai fazer você se sentir patrocinador do clube", disse o candidato, após se comprometer a utilizar 90% do resultado líquido do programa diretamente no futebol. Uma das mudanças que ele pretende fazer é dar mais atenção aos associados que não moram em São Paulo, com a ajuda das Embaixadas que estão espalhadas pelo Brasil.
- Para esse sócio, precisamos ter um preço especial e ele tem que ter garantias de compra antecipada. Uma pessoa da Bahia, de Goiás ou do Piauí tem uma programação a fazer, tem que ter um planejamento anterior.
PROFISSIONALIZAÇÃO
Julio diz que contará com a ajuda daqueles que ele define como abnegados (sócios, conselheiros ou são-paulinos ilustres que queiram colaborar), mas promete colocar profissionais capacitados do mercado em todas as diretorias - até porque não é mais permitido que conselheiros ocupem estes cargos, como foi na gestão Leco.
Segundo ele, estes profissionais terão uma remuneração fixa e uma variável, a depender de metas que serão severamente monitoradas.
- Teremos um departamento de compliance. Vai ter um diretor responsável que vai, nos primeiros 100 dias de mandato, mostrar ao torcedor as regras que serão colocadas. O São Paulo passará a ter um controle efetivo de toda ação de cada colaborador, seja ele abnegado ou profissional.
DIRETORIA DE INOVAÇÃO
Casares pretende criar um núcleo para aproximar o São Paulo da tecnologia e das tendências de mercado, com um diretor contratado. Ele citou como exemplo a ideia de possibilitar que os torcedores possam comprar ingressos diretamente em um aplicativo - aliás, ele prometeu analisar o contrato com a Total Acesso, empresa responsável por este serviço e que frequentemente recebe críticas do público, inclusive com a possibilidade de rompê-lo.
COMITÊ FINANCEIRO
Melhorar a saúde financeira do São Paulo, que viu sua dívida bancária explodir em 2019 e registrou déficit alto, é uma prioridade:
- Um comitê financeiro tem que estudar a anatomia da dívida e os planos de ação. Isso passa por austeridade financeira. Nós temos que ter um trabalho muito ágil para readequar as dívidas no curtíssimo prazo, no médio prazo e no longo prazo. São ações conjuntas que contemplarão medidas rápidas. É um mandato de três anos, temos imensos desafios para atacar, mas se organizar isso, como nós organizaremos, conseguiremos um oxigênio financeiro para o custeio do dia a dia, que vai manter a máquina funcionando e a recuperação dos nossos ativos. Não podemos pensar que um título valha qualquer custo, mas vamos buscar, sobretudo com equilíbrio.
AUTONOMIA DO SOCIAL
Julio propõe o repasse de 5% dos contratos de patrocínio para a área social, que terá um diretor com autonomia para utilizar esta receita, além do dinheiro proveniente das próprias atividades do clube que existe no Morumbi.
- Essa receita não sairá do futebol, porque cada patrocinador já saberá que terá que colocar sua marca na área social, onde atingirá milhares de pessoas. É desafogar o lado do futebol, porque hoje o social tem as suas receitas, vive com aquilo, só que várias vezes vem com uma caneca na mão: "puxa, apoia uma festa italiana, apoia um torneio...". Isso vai acabar. Vamos estar focados no futebol e na saúde financeira, enquanto a área social vai ter sua autonomia, vai ter aqueles recursos e saberá o que é possível fazer, não vai bater na porta do presidente pedindo R$ 50 mil para isso ou aquilo. Se vira com seu dinheiro, porque estou trabalhando no futebol, mas quero uma área social bem cuidada.
LIVES COM O PRESIDENTE
Se eleito, Julio Casares promete utilizar as redes sociais do São Paulo para conversar diretamente com torcedores, em lives com determinada periodicidade. Além da "Live com o Presidente", está nos planos fazer a "Live com o Conselho", em que seriam discutidas questões mais internas da política são-paulina. Segundo ele, o plano é ser o mais transparente possível para convencer o torcedor de que o clube está em um bom caminho.
DESIGN DE CAMISAS
O candidato promete não ficar refém das ideias e dos prazos das fornecedoras de material esportivo para a confecção dos modelos. O mais recente lançamento da Adidas, o da nova camisa listrada, foi marcado por críticas nas redes sociais devido ao grande espaço vermelho nas costas, algo endossado por Julio em suas redes sociais.
- A fornecedora tem que entender que tem que fabricar e distribuir. Nós é que decidimos o design da camisa, ouvindo o torcedor, e nós é que vamos dar o nosso cronograma.
BASQUETE
Julio classifica o basquete são-paulino como um case, por ser uma modalidade auto-sustentável e com grande aceitação dos sócios. A ideia é mantê-lo e até melhorá-lo, segundo o candidato. Sobre outros esportes, só existirão se conseguirem se bancar.
SÓCIO-TORCEDOR COM DIREITO A VOTO?
O assunto não faz parte do plano de gestão de Julio Casares. Questionado sobre essa possibilidade, ele prometeu levar qualquer proposta que apareça para apreciação do Conselho Deliberativo e, se aprovada, para assembleia de sócios. Mas não esconde que tem ressalvas:
- Aqui, apenas um ponto de reflexão: pode aparecer um grande ídolo e, com a votação do sócio-torcedor, ele pode virar presidente sem nunca ter sido gestor de nada. Vemos muito com pessoas populares na TV que viram deputados federais.
BOLSONARO NO PÓDIO?
Casares garantiu que não deixará acontecer no São Paulo o que aconteceu com o Palmeiras, que viu o presidente Jair Bolsonaro participar da cerimônia de entrega da taça do Brasileirão de 2018:
- O São Paulo não será submisso a políticos, seja vereador, deputado, prefeito ou presidente. Quem tem que erguer a taça são jogadores e comissão técnica.
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