André Jardine é, neste momento, o nome preferido da diretoria do São Paulo para 2019. Um dos motivos é a óbvia afinidade que o gaúcho de 39 anos, multi-campeão com a equipe sub-20 do Tricolor, tem com os garotos formados em casa. Na visão dos dirigentes, fazer os milhões investidos em Cotia darem retorno será missão fundamental do próximo comandante - seja Jardine ou outro -, já que competir no mercado com clubes em situação financeira mais confortável será difícil.
No primeiro dos cinco jogos que Jardine terá como treinador interino do São Paulo até dezembro, o empate por 1 a 1 com o Grêmio, o uso da base foi abundante. Helinho foi titular pela primeira vez na equipe principal e Antony, que o substituiu no segundo tempo, fez a sua estreia como profissional. Aliás, o treinador recorreu a garotos em todas as substituições que fez. O segundo a entrar foi Shaylon, que não jogava havia mais de dois meses, no lugar de Nenê. Por fim, Hudson deu lugar a Liziero - lançado pelo próprio Jardine em uma partida contra o Red Bull, entre a saída de Dorival Júnior e a chegada de Aguirre.
Esta foi a quinta partida de André Jardine à frente da equipe profissional do São Paulo. Ele teve outras duas passagens como interino, ambas de duas partidas: vitória contra o Santa Cruz e derrota para o Botafogo, em 2016, e vitórias sobre Red Bull e CRB, em 2018.
- Obviamente que o jogador sente quando o treinador confia nele. Não precisa nem falar. O crescimento do Carneiro, por exemplo, tem muito a ver com a confiança que o Aguirre tem nele. Comigo aqui, os jogadores vindos da base sentem uma energia, uma confiança a mais, até porque ganharam muito jogando desse jeito e acreditam nas minhas ideias, na minha maneira de conduzir. Hoje a base do São Paulo é uma referência no Brasil, nem todos vocês têm noção desse trabalho. Hoje na CBF existe um consenso de que o São Paulo tem uma identidade na base, em todas as categorias, essa identidade que eu gosto, de jogo bem jogado. Realmente a expectativa que eu tenho é de que os meninos desempenhem bem no profissional - disse Jardine.
O resultado não foi dos melhores, já que manteve o Grêmio no G4 e o São Paulo em quinto (ambos com 59 pontos, mas com vantagem dos gaúchos no número de vitórias), mas os jovens não deixaram a desejar. Helinho foi o melhor do time até sentir câimbras nas duas pernas, com um chute perigoso logo aos 40 segundos, um lindo passe de calcanhar que deixou Tréllez em condição de finalizar e dribles para cima de Cortez. Antony, se não participou de lances capitais, deu profundidade à equipe pelo lado direito. Shaylon foi quem fez o passe para Everton cruzar a bola que terminou no gol contra de Michel, que garantiu o 1 a 1. Liziero foi quem menos apareceu, mas talvez o que tenha mais chances de consolidar-se como titular nas rodadas finais, pelo que já mostrou.
Jardine tem razão ao dizer que o São Paulo conseguiu fazer o que poucos fazem contra o Grêmio, que é propor o jogo na maior parte do tempo. A atuação não encheu os olhos, faltou poder de fogo, mas já foi uma demonstração de que a característica da equipe vai mudar. Sai o jogo mais pragmático de Aguirre, entra a ofensividade e a busca pelo desempenho antes do resultado, algo citado diversas vezes pelo interino em sua coletiva.
No mundo ideal, a busca pelo bom desempenho deveria nortear o trabalho de todos os treinadores. A questão é que o São Paulo, com um título em dez anos, não vive no mundo ideal. Ganhar um título é urgente, e Jardine precisará saber disso se for mesmo o responsável por conduzir o projeto de 2019.