São 36 gols em 33 jogos! Veja análise detalhada das falhas defensivas mais comuns do São Paulo
Comando por Fernando Diniz nas primeiras 33 rodadas do campeonato, o Tricolor peca, principalmente, na transição defensiva, na cobertura da dupla de zaga e na saída de bola
Atualmente na 4ª posição do Campeonato Brasileiro, o São Paulo levou, até o momento, 36 gols na competição. Desses, 26 foram sofridos por finalizações de dentro da grande área tricolor. Problemas como a saída de bola, a pouca proteção à dupla de zaga e, principalmente, uma transição defensiva desorganizada explicam os números do Tricolor após 33 rodadas.
Veja a situação atual do Tricolor na tabela do Brasileirão!
Na partida diante do Internacional, no dia 20 de janeiro, o São Paulo viu, em pleno Morumbi, o Colorado passar por cima sem nem tomar conhecimento, aplicando um sonoro 5 a 1, a maior goleada sofrida pelo Tricolor dentro de seu estádio, no duelo que valia a liderança do Brasileirão.
No jogo, alguns pontos chamaram a atenção, e ilustram muito bem os erros rotineiros da defesa que foram citados anteriormente.
DUPLA DE ZAGA DESPROTEGIDA
Uma crítica recorrente ao sistema defensivo que o ex-treinador do clube, Fernando Diniz -que foi demitido nesta segunda-feira (1)- montou na temporada é o número de vezes em que a dupla de zaga não recebia proteção dos volantes.
No jogo contra o Internacional, o segundo gol da equipe visitante nasce numa falha do lateral Juanfran, que é potencializada pela distancia das linhas de marcação, que deixam os zagueiros Léo e Bruno Alves numa situação complicada.
Como a imagem mostra, há um enorme buraco entre a linha de defesa e a linha de meio de campo, que, mesmo com o volante Luan jogando, não conseguiu proteger a dupla de zaga.
Com Léo dividido entre barrar a entrada de Yuri na área e cortar a linha de passe para Caio Vidal, o atacante Colorado ganha tempo para pensar a jogada, enquanto seu companheiro ganha distância ao correr contra Reinaldo, que não estava alinhado com os zagueiros, na ponta.
Com tempo para pensar, Yuri Alberto enfia a bola para a chegada de Caio, que, mesmo perdendo um pouco o tempo da bola, chega antes do marcador e finaliza, aumentando o placar.
TRANSIÇÃO DEFENSIVA
Como anteriormente citado, a transição do campo de ataque para o de defesa feita pela equipe do São Paulo, ao perder a bola, também causa sérios problemas.
No quarto gol dos visitantes, a lentidão do, naquele momento zagueiro, Luan e o posicionamento de Tchê Tchê, foram o suficiente para o triunfo do Inter.
É interessante notar que o erro do Tchê Tchê nasce, na verdade, da necessidade de marcar o atacante Yuri Alberto, pois, por causa da dificuldade de Luan em reintegrar a linha de defesa e, pela posição de Bruno Alves, o centro avante teria espaço e estaria em posição legal.
Ou seja, o erro na transição resulta num erro de posicionamento, que é o responsável pelo caminho encontrado pelo Inter para fazer o gol.
Com Luan voltando para a linha e o avanço do ataque adversário no espaço vazio entre as linhas do São Paulo, Tchê Tchê sobe para dar combate no Peglow.
Entretanto, o movimento é tanto atrasado como precipitado. Atrasado pois ele não chega a tempo de impedir o passe. Precipitado pois ele não espera Luan chegar de fato na linha de defesa, fazendo com que Yuri Alberto ficasse desmarcado e em posição legal, uma vez que Bruno Alves seguiu recuado na linha de defesa.
O passe é feito e Yuri, que já estava em movimento, supera Bruno Alves, que precisou se virar e começar a correr após o passe, e Luan, que ainda estava voltando para a posição.
Resultado, sai cara a cara com Volpi, o dribla e faz o gol.
Uma observação é que outro erro causado pela má transição é que Reinaldo larga o lado esquerdo para tentar, tardiamente, ocupar o território vazio aproveitado por Peglow. Além de abrir o corredor para uma possível corrida de Edenílson, não estava junto com a zaga quando Yuri faz o gol , no qual o atacante cortou justamente para o lado da defesa comumente ocupado por Reinaldo.
SAÍDA DE BOLA
A saída de bola é um divisor de águas. Alvo de muitos elogios e de inclusive destaque para Diniz, a saída pelo chão, nunca "no chutão", também rende algumas falhas para a equipe, atraindo críticas.
Isso acontece porque, além de ser difícil sair com toque de times que pressionam bem a saída, a tática de Diniz já foi captada e estudada por outros treinadores, uma vez que o ex-técnico do São Paulo se recusa a abrir mão deste artifício.
Abel Braga, treinador do Internacional, percebeu esse costume de Diniz e fez questão de trabalhar para pressionar essa saída pelo chão.
O terceiro gol do Colorado exemplifica isso.
É importante notar o momento que inicia a jogada do São Paulo. São sete jogadores do time dentro da grande área, contra três adversários.
Com a inferioridade numérica, Luciano volta a bola para Vitor Bueno que a segura enquanto procura opções de passe, uma vez que seus companheiros estão marcados.
Ao esperar demais, a marcação se aproxima e, quando Vitor decide o que fazer, o atleta do Inter dá o combate, fazendo a bola sobrar para Yuri Alberto, com espaço para finalizar e pegando a zaga de surpresa.
* Sob supervisão de Marcio Monteiro