A terça-feira do São Paulo terminou com uma confusão nos bastidores. O vice-presidente geral Roberto Natel decidiu entregar o cargo após reunião com o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva. O clube, por diferentes pessoas, chegou a confirmar a saída. Mas voltou atrás horas depois. O Tricolor alegou que um erro de comunicação interna causou a situação e informou que Natal segue como vice geral.
Todo o episódio deixou o clima nos bastidores ruim. Até a madrugada desta terça-feira, profissionais do São Paulo tentavam entender o que havia acontecido para gerar um erro tão grotesco. Além disso, a posição de Natel, alterada depois, com base na versão oficial do clube, escancarou a instabilidade na relação entre presidente e vice. Aliados da gestão e membros da oposição criticaram o ruído em meio ao já ruim momento político do clube.
Não é de hoje que Leco recebe críticas internas pelo modo como conduz o clube politicamente. No entanto, mais recentemente esse aspecto se agravou. Incomodou seu vice. A princípio, as diferenças não eram vistas como um racha, de acordo com quem acompanha a política do São Paulo, mas um distanciamento. A notícia de que Natel havia entregado o cargo, porém, agravou a crise.
Membros da situação já não apontam Leco como candidato absoluto para a próxima eleição em abril de 2017 e colocam Natel como uma alternativa forte. Isso mostra que a unidade na gestão já não salta aos olhos. Há situacionistas falando até mesmo em "desidratação" da gestão.
Desde que assumiu, em outubro do ano passado, Leco tem optado por postura classificada como impopular. Como exemplo, aliados citam a relação com conselheiros, sempre famintos por pitacos. Dizem que na maioria das vezes o mandatário dá de ombros e não se deixa levar. Isso, ao mesmo tempo em que é elogiado, causa problema e aumenta a satisfação interna. “Eu concordo com essa postura, mas não sei se ganha eleição”, disse um membro da cúpula. Em uma decisão recente, Natel não gostou de não ter sido ouvido. Sintomático.
Roberto Natel, além de possuir um dos sobrenomes mais sagrados no São Paulo, tem atuação política importante no clube. Ele é sobrinho de Laudo Natal, ex-presidente e patrono do Tricolor. Era um dos cotados para suceder Juvenal Juvêncio em 2014, competindo com Leco, quando o ex-presidente morto no ano passado optou por Carlos Miguel Aidar.
Leco ainda tem que lidar com a pressão da oposição, que se acalmou um pouco após o retorno de Marco Aurélio Cunha. A fase ruim do time, no entanto, contribui para críticas. A pressão dos oposicionistas foi a principal causa da queda do antigo diretor-executivo Gustavo Vieira de Oliveira.
*Atualizada à 1h18