ANÁLISE: Jogadores do futebol brasileiro decidem para Seleção em renovação

Destaques do Botafogo resolveram a partida contra o Chile

Escrito por Pedro Brandão, supervisionado por

A Seleção Brasileira venceu o Chile, por 2 a 1, de virada, pelas Eliminatórias, nesta quinta-feira (10). Os gols da vitória não saíram dos pés (ou da cabeça) de nenhum galáctico do Real Madrid, nenhum jogador da badalada Premier League, ou de qualquer gigante europeu. Igor Jesus e Luiz Henrique, líderes do Brasileirão com o Botafogo, resolveram a partida para o Brasil.

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Dos 23 convocados, na lista principal, apenas três atuam no futebol brasileiro: Igor Jesus, Luiz Henrique e Gerson. Posteriormente, com cortes por lesões, Weverton, Alex Telles e Fabrício Bruno foram chamados. Desses, apenas o camisa 99 do Botafogo iniciou a partida entre os titulares. E foi justamente dele, que saiu o primeiro gol brasileiro.

Não é absurdo dizer que o técnico da Seleção foi questionado pela atitude de começar com Igor Jesus no lugar de Endrick, do Real Madrid. Afinal, o centroavante era um estreante na equipe, enquanto o jovem de 18 anos está conquistando seu espaço no futebol europeu. Mas, aos 46 do primeiro tempo, Igor Jesus justificou sua titularidade.

Desde o fim da Copa do Mundo de 2022, a cobrança por uma reformulação na Seleção Brasileira vem de todos os lados. Passando por Ramón Menezes, Fernando Diniz e Dorival Júnior, todos começaram um processo que parece estar longe do fim: trazer uma nova cara para a pentacampeã do mundo.

Igor Jesus e Fabrício Bruno chegam no Estádio Nacional de Chile para partida das Eliminatórias. (Foto: Rafael Ribeiro/CBF)

Por que Dorival deve convocar jogadores do futebol brasileiro para a Seleção?

Desde sua chegada, Dorival colocou a lupa nos clubes brasileiros e trouxe cerca de 20 atletas atuando no campeonato nacional, são eles: Endrick, Gerson, Fabrício Bruno, Bento, André, Léo Jardim, Arana, Estevão, Pedro, Luiz Henrique, Matheus Pereira, Igor Jesus, Alex Telles, Weverton, Rafael, Murilo, Ayrton Lucas, William, Lucas Moura e Pablo Maia.

As escolheram têm dado certo. Endrick, quando ainda defendia o Palmeiras, resolveu os amistosos contra Inglaterra e Espanha, em março. Fabrício Bruno foi destaque, e André, quando ainda estava no Fluminense, assumiu a responsabilidade no meio-campo, sendo um dos pilares da equipe. Dessa vez, foi a dupla do Botafogo brilhar e conquistar os torcedores brasileiros.

Esses jogadores estão toda semana sendo expostos a jogos decisivos no Brasileirão, clássicos regionais e nacionais, partidas eliminatórias de Libertadores e Copa do Brasil. O treinador da Seleção aposta em jogadores acostumados à pressão de torcidas gigantes e apaixonadas.

Dizer que o futebol europeu não exige um nível acima de técnica, entrega física e tática beira o negacionismo. Essa tese é constantemente confirmada pelos atletas que viveram os dois lados. Mas, a discussão não é essa. Jogar pela Seleção Brasileira, especialmente no momento atual, exige dos jogadores a habilidade de suportar a pressão e assumir a responsabilidade.

É claro que quando se está em um gigante europeu como Real Madrid, Barcelona e Liverpool, a exigência é grande. Tanto no nível de enfrentamento, quanto nas constantes decisões de copas, campeonato nacional e Champions League. Mas essa exigência mental é a mesma nos times médios da Europa? Os jogadores que vestem a Amarelinha vivenciam nos seus clubes a pressão que é atuar pelo Brasil?

Hoje, a convocação é formada por diversos jogadores que não estão no alto escalão dos times europeus. Atletas que não jogam semifinais e finais, não disputam títulos até a última rodada e não defendem uma camisa que representa milhões de torcedores. Além disso, o campeonato nacional se mostra cada vez mais valorizado e competitivo. Com investimentos milionários e craques mundiais, o Brasileirão não fica atrás de ligas europeias, como a francesa.

No confronto contra o Chile, dois dos melhores e mais decisivos atacantes do futebol brasileiro chamaram a responsabilidade. Igor Jesus e Luiz Henrique, do Botafogo, do futebol brasileiro, tiraram o peso das costas de Dorival. Nos últimos onze jogos do Alvinegro, dez foram contra gigantes do futebol brasileiro, quatro foram em mata-mata de Libertadores, dois clássicos regionais. Nenhuma derrota.

Agora, a Seleção Brasileira volta a campo na próxima terça-feira (15), contra o Peru, no Mané Garrincha, em Brasília, a partir das 21h45. Com a vitória sobre o Chile, o Brasil saltou para a quarta posição na tabela de classificação, com 10 pontos.

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