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ANÁLISE: Não foi só para o Paraguai; Brasil perdeu também a identidade

Seleção Brasileira vem de quatro derrotas nos últimos cinco jogos nas Eliminatórias

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Endrick finalmente foi titular, mas sucumbiu junto com a Seleção Brasileira (Foto: Daniel Duarte/AFP)

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Quando, em 1993, a Seleção Brasileira perdeu para a Bolívia de ‘El Diablo’ Etcheverry na altitude de La Paz, houve um misto de comoção e incredulidade. O Brasil vinha de cinco fracassos seguidos em Copas do Mundo e perdia pela primeira vez na história das Eliminatórias. Passadas três décadas daquele jogo, a Seleção volta a emendar cinco fracassos seguidos em Mundiais e vem de — atenção — quatro derrotas nos últimos cinco jogos pelo qualificatório sul-americano. A diferença é que quase ninguém parece se importar, em campo ou fora dele. Incrédulos, ainda seguimos.

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O próximo jogo pelas Eliminatórias, daqui a um mês diante do Chile, marcará a metade do torneio e, até aqui, o Brasil soma mais derrotas do que vitórias (4 a 3), tem a pior defesa entre todos os que estão na zona de classificação à Copa do Mundo de 2026 (sofreu oito gols) e possui um aproveitamento de apenas 41%. Para ilustrar, se estivesse disputando o Campeonato Brasileiro, com esse desempenho de pontos a Seleção estaria hoje disputando posição com o Bragantino, que tem os mesmos 41% na 11ª colocação da competição nacional.

A derrota dessa terça-feira para o Paraguai é o retrato do que se transformou a Seleção Brasileira: o craque não consegue jogar, o atacante não chuta, o armador não arma e o defensor entrega a bola para o adversário na entrada da área. O treinador até treina e orienta, mas não tem convicção.

Seleção Brasileira e seu ataque inoperante

Há cinco dias, diante do Equador, Dorival Júnior escalou o ataque com Luiz Henrique, convocado pela primeira vez, e deixou Endrick no banco, chamado por ele lista sim, outra também. Contra o Paraguai, alinhou o Brasil com Endrick e deixou o atacante do Botafogo na reserva. Mas, com o revés parcial no placar, decidiu que a solução ofensiva seria voltar para o segundo tempo com… Luiz Henrique. Qual o critério?

Nem o argumento de que perdeu o atacante Pedro e sua ideia de jogo às vésperas das duas partidas desta rodada das Eliminatórias deveria ser aceitável. Afinal, seria admitir que a Seleção Brasileira é refém de um estilo de jogo — e que até o momento não foi minimamente comprovado. 

Vale lembrar que Lionel Scaloni, o interino que assumiu a Argentina em meio às Eliminatórias do Mundial passado, levou a seleção vizinha ao título da Copa do Mundo alterando seu esquema de jogo em cada um dos confrontos dos playoffs no Catar.

Dorival Júnior tem, sim, sua parcela de culpa pelo que (não) vem jogando a Seleção Brasileira. Mas não é só ele. Quem vê Vinícius Júnior apenas atuando pelo Brasil provavelmente não entende como ele é um dos favoritos a melhor jogador do mundo. É um dos poucos que merecem ser reconhecidos como craque por tudo o que faz no Real Madrid, mas pelo Brasil não consegue fazer muita coisa além de conduzir a bola pelo flanco esquerdo.

No meio, Lucas Paquetá dribla, dá passes de calcanhar — três diante do Equador, dois frente ao Paraguai —, e fica por isso mesmo. Não há mais a profundidade que demonstrava quando tabelava com Neymar. Em vez disso, Paquetá fica dando passes laterais, na expectativa que os alas ou os jogadores das pontas avancem à grande área. O problema é que não conseguem avançar.

Contra o Paraguai, o Brasil deu três chutes a gol durante toda a partida. Exatamente o mesmo número de finalizações que tinha dado semana passada diante do Equador.

Técnico da seleção brasileira Dorival Júnior em Paraguai x Brasil, no Defensores del Chaco
Estreia de Dorival Júnior nas Eliminatórias foi marcada por pouco futebol (Foto: Daniel Duarte/AFP)

Renovação do Brasil engatinha mal

Tão preocupante quanto o desempenho nesta rodada das Eliminatórias é a mensagem que o campo vem passando à Seleção Brasileira: a prometida e necessária renovação do grupo ainda depende da muleta de velhos conhecidos.

O meio campo com João Gomes, Bruno Guimarães e Andreas Pereira não funcionou na Copa América. André teve bom desempenho, mas pouco pôde ajudar nesta rodada das Eliminatórias. A última vez que o setor funcionou foi na Copa do Mundo do Catar, quando tinha Casemiro à frente da área. Mas ele próprio vem oscilando (para baixo) no Manchester United.

E, mesmo com todas as merecidas ressalvas, fica claro que a Seleção Brasileira ainda depende de Neymar. Mesmo afastado dos campos há quase um ano, jogando numa liga pouco competitiva e já com 32 anos de idade, o atacante parece ser o único entre todos os que têm sido convocados ainda capaz de colocar a bola debaixo do braço e tentar resolver.

Os treinadores costumam dizer que futebol é conjunto, e que é o conjunto que vai potencializar as individualidades. Mas, na Seleção Brasileira atual, uma coisa parece estar anulando a outra.

Com dez pontos em oito partidas das Eliminatórias, o Brasil está a oito da liderança e apenas um da Bolívia — que não é mais a do Etcheverry —, hoje a oitava colocada e a primeira fora da zona de classificação ao Mundial.

Dorival Júnior disse esta semana que “estaremos na decisão da Copa do Mundo”. Pelo que o Brasil vem demonstrando, nada parece estar mais dissociado da realidade. Mas, se for verdade, resta torcer que a final não seja contra o Paraguai.

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