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Ano fechado com dúvidas: balanço da Seleção Brasileira contra Camarões

Equipe de Tite encontrou dificuldades para se estabelecer no campo adversário e melhorou com as substituições; Pós-Copa de 100% de aproveitamento, mas com algumas ressalvas

Brasil x Camarões
imagem cameraTime que iniciou a partida contra Camarões (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)
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Lance!
Milton Keynes (ING)
Dia 20/11/2018
22:40
Atualizado em 21/11/2018
10:00

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A partida contra Camarões, realizada na última terça-feira, no MK Stadium, na Inglaterra, foi o último compromisso da Seleção Brasileira em 2018, que fechou o período pós-Copa do Mundo da Rússia com 100% de aproveitamento e nenhum gol sofrido graças a Richarlison, que balançou as redes com um cabeceio no fim do primeiro tempo.

Assim como o duelo contra o Uruguai, na última sexta-feira, o Brasil conseguiu sair de campo com um resultado positivo, mas o desempenho em campo não foi tão bom como o placar pode indicar, já que a atuação dos atletas ainda pode melhorar. O LANCE! desmembrou os pontos da vitória verde e amarela sobre Camarões.

Adaptação sem Neymar
O Brasil perdeu Neymar, sua principal referência técnica, antes dos dez minutos do primeiro tempo, quando o atacante sentiu um desconforto na virilha. Sem o atacante do Paris Saint-Germain, que foi o responsável de criar as jogadas contra o Uruguai, sendo uma espécie de ponta-armador, a Seleção teve que se reinventar dentro de campo.

Richarlison não possui a mesma qualidade de Neymar em termos de criação, de sair dos lados e gerar oportunidades com avanços em direção diagonal, seja com uma finalização de média distância ou um passe que inverta o lado da jogada, mas conseguiu colocar algo que foi importante no primeiro tempo: a explosão. O atleta do Everton, diferente do camisa 10, assustava com dribles no próprio setor esquerdo, oferecendo problemas aos marcadores camaroneses com sua força física.

A entrada do camisa 21, que se mostrou mais uma vez como uma opção viável, aparecendo no lado esquerdo e também como uma referência, no centro do ataque, fez com que a bola ficasse mais distribuída entre os outros jogadores no campo, diferente do que acontece quando Neymar está presente, já que o atacante do PSG é o organizador da Seleção. Após um tempo de adaptação, a equipe conseguiu enxergar isso e tentou se adaptar.

Allan - Brasil x Camarões
Allan foi um dos jogadores que melhor aproveitou esse período de amistosos da Seleção Brasileira (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

Meio-campo sem força com Paulinho e Allan impressionando
Como Neymar não estava em campo, era necessário que um dos jogadores de meio-campo aparecessem com mais frequência no ataque, para manter o ritmo na criação de jogo. Nesse sentido, Paulinho, que tem como característica principal as infiltrações como elemento surpresa, pouco apareceu, o que atrapalhou na criação das jogadas.

Dessa forma, a missão 'sobrou' para Allan, que, dessa vez como titular, teve outra atuação sólida, se mostrando como um caminho certo para as próximas convocações de Tite. O volante do Napoli foi o elo entre o meio-campo e o ataque, aproveitando os espaços deixados por Camarões para conduzir a bola entre os dois setores, aparecendo com frequência no jogo e sendo um dos principais destaques do duelo, apesar de alguns erros de passes no terço final do campo, principalmente quando a marcação adversária apertava.

O meio-campo do primeiro tempo talvez seja a principal causa da atuação pouco criativa da Seleção. Muitas vezes, a bola ficava concentrada no lado direito, com Willian e os avanços de Danilo, o que acaba gerando um estilo de jogo monótono, que Camarões conseguiu estabilizar com facilidade. As movimentações desde o setor central seriam essenciais para superar uma defesa forte.

Arthur fora de posição
Sem Casemiro, Tite optou por Arhtur ser o 'camisa 5', o primeiro volante, da Seleção no MK Stadium. Acostumado a atuar em uma posição mais avançada do meio-campo, o atleta do Barcelona não manter um nível bom em sua apresentação, mostrando dificuldade de oferecer dinâmica no jogo brasileiro desde trás, limitando-se a muitos passes horizontais, sem muita objetividade.

Uma prova disso é que os melhores momentos de Arthur na partida foram quando ele inverteu de setor com Paulinho e Allan e, então, conseguiu atuar em sua posição natural, a de segundo volante. Em uma dessas ocasiões, o camisa 5 conseguiu acertar o travessão do goleiro camaronês, no segundo tempo.

Com a entrada de Walace no lugar de Paulinho, Arthur voltou, de fato, à sua posição preferida, o que resultou em um aumento do nível da Seleção, que passou a rodar a bola melhor no campo de ataque, apesar de não ter criado nenhuma chance real de gol. O jovem de 22 anos não comprometeu atuando como o atleta de base do meio-campo, mas também esteve distante de apresentar seu melhor futebol.

Arthur - Brasil x Camarões
Arthur teve dificuldade como 1º volante (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

Defesa com atuação sólida
O Brasil não passou riscos no duelo, o que deixa claro, em partes, que a vitória é justa, apesar do lapso criativo. Camarões pouco assustou diante de uma forte defesa brasileira, que não ofereceu espaços para os ataques da equipe treinada por Clarence Seedorf - o único jogador que conseguiu assustar a canarinho foi Toko-Ekambi, o camisa 7 do time rival.

A defesa vem realmente sendo um dos pontos positivos do Brasil, que não levou nenhum gol no período pós-Copa do Mundo, e tomou três tentos em todo o 2018, todos no Mundial: um contra a Suíça, na fase de grupos, e dois na fatídica derrota para a Bélgica, nas quartas.

Contra Camarões, Danilo teve um bom desempenho, aparecendo mais ao ataque do que fizera no duelo contra o Uruguai, na última semana. Suas corridas geralmente eram voltadas para o meio do setor direito do ataque, o que acabou ajudando Willian, que encontrava uma opção viável para triangulações no setor. Alex Sandro, por sua vez, não foi tão bem: diferentemente do camisa 2, seus movimentos eram sempre pelo lado em que estava, gerando um 'aumento do campo', mas suas tomadas de decisão não ofereceram destaque.

Como será 2019?
Naturalmente, o período pós-Copa do Mundo deixa muitas dúvidas na cabeça de Tite, que está encarando um novo ciclo. A coisa, porém, é pior do que parece, já que o treinador possuía uma base do ciclo passado, mas ainda não empilhou nenhuma boa atuação depois do Mundial, apesar do retrospecto perfeito.

O treinador vem para 2019 com a missão de encontrar um rendimento, assunto comentado em algumas de suas entrevistas durante esse período, melhor, principalmente em termos de criação. O Brasil possui a bola, mas parece que não sabe o que fazer com ela. O ponto positivo fica por conta da defesa, que não passou nenhum susto. 

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