O corte de Antony às vésperas da sua apresentação à Seleção Brasileira não foi uma decisão unânime na CBF. O jogador originalmente faria parte do elenco que disputaria os dois primeiros jogos das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026, contra Bolívia e Peru.
Alguns membros da direção da CBF defendiam a permanência de Antony na lista de convocados, mesmo após a divulgação de mensagens trocadas entre o jogador e a sua ex-namorada, a DJ Gabriela Cavallin, que expuseram ameaças e intimidações por parte do atleta. As mensagens e as imagens de possíveis lesões sofridas por Gabriela foram publicadas pelo 'UOL'.
A decisão de desconvocar o jogador foi apoiada pelo presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues. O técnico Fernando Diniz foi informado da decisão, mas não apresentou resistência. O comandante da Amarelinha, inclusive, estava preocupado com a repercussão do caso envolvendo Antony e como isso poderia afetar o elenco da Seleção Brasileira, caso o jogador se apresentasse junto com os demais. Ele também ficou surpreso com a maneira como suas declarações sobre o assunto durante a entrevista coletiva após a primeira convocação foram criticadas publicamente.
Na única fala sobre o tema, Diniz adotou um posicionamento cauteloso, afirmando que o caso era 'ainda muito incipiente'. Ele escolheu essa abordagem para evitar exposição desnecessária tanto para os envolvidos no processo quanto para a Seleção. Além disso, o treinador participou da elaboração da narrativa que deu origem à nota divulgada pela CBF comunicando o corte de Antony.
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- Em função dos fatos que vieram a público nesta segunda-feira (04/09), envolvendo o atacante Antony, do Manchester United, e que precisam ser apurados, e a fim de preservar a suposta vítima, o jogador, a Seleção Brasileira e a CBF, a entidade informa que o atleta está desconvocado da Seleção Brasileira - divulgou a Confederação Brasileira de Futebol na segunda-feira (4).
Posteriormente, Diniz optou por convocar Gabriel Jesus, do Arsenal (ING), que já estava em uma lista de suplentes entregue à Fifa. Também foi solicitado ao treinador que esses fatores extracampo sejam analisados de forma cautelosa nas próximas convocações.
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ARGUMENTOS CONTRA O CORTE
Quando Antony foi convocado, em 18 de agosto, o inquérito contra ele já estava aberto. O caso havia sido registrado em junho na 5ª Delegacia de Defesa da Mulher - Leste, no bairro do Tatuapé, em São Paulo.
Inicialmente, a opinião da CBF compactuava com a fala de Diniz, de que o caso ainda estava no estágio inicial, sem muita materialidade. Ainda assim, a Confederação entrou em contato com o Manchester United, clube que o jogador defende, na Inglaterra, para buscar informações. E o que foi colhido com a equipe inglesa, inclusive, deu segurança para que o nome do jogador fosse mantido na lista para os primeiros jogos do Brasik nas eliminatórias.
Para alguns membros da alta cúpula da CBF a decisão deveria ser mantida, mesmo com as novas informações sobre o caso, publicadas no início da semana. Para eles, as mensagens divulgadas não estavam inseridas no contexto do processo e, portanto, não tinham valor legal. Antony também emitiu uma nota, através dos seus perfis nas redes sociais, reafirmando sua inocência no caso. Portanto, o corte de Antony foi considerado precipitado por um grupo na entidade, que também entendeu que a decisão demostrou um viés antes mesmo do julgamento do caso.
A visão do presidente Ednaldo, compactuada por Fernando Diniz, e que definiu a postura da CBF, é que o foco seria de preservação das partes envolvidas e do elenco selecionado para vestir a camisa amarela, e não de posicionamento sobre o processo que tramita judicialmente.
Mesmo com passagem emitida para se apresentar à Seleção Brasileira, em Belém, no Pará, Antony sabia que poderia ser cortado a qualquer momento e, portanto, nem se deslocou ao Brasil. O jogador, porém, está tranquilo e não acredita que o processo terá materialidade o suficiente para gerar consequências a ele, seja no clube em que atua ou na Amarelinha. O atleta e a sua equipe de advogados, inclusive, já teria preparado a condução da defesa no caso.