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Emoção, Pelé, Marta e projeção: Pia Sundhage é apresentada na Seleção

Treinadora diz que se emocionou na Granja Comary, se declarou fã de Pelé e avaliou os próximos passos da Seleção Brasileira feminina antes da Olimpíada de 2020

Apresentação Pia Sundhage
imagem cameraPia foi apresentada na sede da CBF no Rio de Janeiro (Foto: Rener Pinheiro / MoWA Press)
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 30/07/2019
14:49
Atualizado em 30/07/2019
16:43

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Primeira treinadora estrangeira da história da Seleção Brasileira feminina, a sueca Pia Sundhage foi apresentada oficialmente na tarde desta terça-feira, na sede da CBF, na Barra da Tijuca. Ela chega para substituir Vadão, demitido após a eliminação nas oitavas de final da Copa do Mundo. Durante o tempo da entrevista coletiva no auditório da entidade, a sueca se mostrou animada com a oportunidade e determinada a aprender português, mas teve cuidado ao projetar o futuro.

- Tenho respirado futebol. É um grande passo para mim, estou orgulhosa e feliz com o fato de olhar em volta e sentir futebol, sorriso e expectativas. Vou trabalhar duro, ter certeza de que farei meu melhor. O Brasil tem um grande time, assisti na Copa do Mundo. Se olhar para os jogos e as jogadoras, estou feliz e empolgada. Preciso aprender a língua ainda. Preciso ter um pouco de cuidado com o que vou falar. Todos falam sobre como o estilo de ataque tem que ser modificado, mas precisamos de equilíbrio. Precisamos tomar conta do estilo de ataque, eu colocaria a mentalidade americana. Elas jogam não 90 minutos, mas 92 minutos. Apesar do ego grande, são as melhores em equipe. E na Suécia, que é defender a organização. Se eu conseguir trazer o melhor dos Estados Unidos e o melhor da Suécia, diria que vamos ter uma jornada interessante - avaliou.

Pia, de 59 anos, estava na seleção sub-17 da Suécia. Foi com o time dos Estados Unidos que a treinadora teve mais sucesso na carreira. Sob o comando da sueca, as norte-americanas conquistaram o ouro na Olimpíada de 2008 e de 2012. Ela ainda foi vice-campeã mundial em 2011. Com a seleção da Suécia, foi prata na Rio 2016. A treinadora ficará no Brasil até quinta-feira. Depois, voltará ao país de origem para organizar a mudança final. Animada com o trabalho, ela falou sobre a visita à Granja Comary na manhã desta terça.

- Quase chorei. Eu estava ali olhando de frente para o gol e vi uns meninos treinando, excelentes técnicos fazendo ótimos treinamentos. Já viajei o mundo todo, mas nunca vivenciei isso antes. É muito especial e os suecos não são tão emotivos, mas algumas lágrimas brotaram. Vocês têm uma grande estrutura, todos estão respirando futebol, quase sentir que é algo sólido. Independente do que vai acontecer no futuro, foi incrível - disse.

Com 59 anos, Pia Sundhage falou sobre a Copa do Mundo na Suécia, vencida pela Seleção Brasileira pouco antes dela nascer. Ela se declarou fã de Pelé e colocou Marta como uma das referências no país. 

- Acho que todos na Suécia se lembram do Brasil em 1958. Eu era muito fã do Pelé quando era nova. Me chamavam de Pele, eu adorava jogar futebol. Outra jogadora é a Marta, esses dois descrevem o Brasil. Vocês são tão mais técnicos do que os suecos, que isso é algo que trago comigo. O Brasil é muito especial.

Veja outras respostas:

Relação com a Marta


Pretendo tratá-la respeitosamente. A vi na Suécia e ela foi a melhor por tanto tempo. Tem esse coração do futebol. Tratarei com respeito, não sei que posição ela vai assumir, é cedo, primeiro preciso ganhar o respeito e criar uma relação. Falei com ela, passamos de inglês para sueco. Ela me disse que preciso aprender português. Ela está determinada a fazer imissão algo positivo. Não só ela, mas todas. Podemos ter estrelas, mas a equipe inteira que conta, todas vencem. Tentamos fazer com que todas deem o melhor de si.

Renovação

É sobre a atitude. Tem que vir de dentro. Vi todos as jogadoras se saindo bem. Todos queriam isso. Vi jovens dizendo que queriam vencer, mas não queriam se esforçar. A Cristiane é ótima, mas será que vai querer mostrar isso amanhã, depois de amanhã, semana que vem? Precisamos ter a ideia de quem vai querer jogar nos Jogos Olímpicos, quem não vai querer. Claro que isso vai acontecer, cedo ou tarde (renovação com a base). Mas é preciso ir passo a passo, é importante priorizar as coisas. O primeiro passo é entender como as coisas funcionam, sei o que é necessário quando a gente fala de desenvolvimento. Se você quer que a Seleção jogue um futebol excelente, você precisa de um sub-20 e sub-17 muito bons. Vai acontecer passo a passo

Amistosos antes da Olimpíada

Hoje à noite vamos falar do cronograma. Sei que precisam de partidas. Jogos contra adversários bons, quando jogam nos Estados Unidos e Europa precisam ter um feedback. É importante para incentivar as jogadoras. Para isso precisamos de jogos. Ainda não sei quantos.

Comissão

Tenho muito respeito pela comissão que estava antes de mim, acredito em continuidade de trabalho. Gostaria de manter a equipe, mas para conseguir o melhor de mim, haverá um assistente. Não está 100% definido ainda, mas é uma pessoa que me fará muito melhor. Se eu fizer meu melhor, garanto que será contagioso. teremos a melhor comissão.

Expectativa


O maior desafio é o seguinte: a Seleção precisa mudar, mas não tem que ser muito radical, pois podemos perder a confiança. O Brasil jogou bem na Copa do Mundo, mas não pode ser também uma mudança muito pequena.É precisto ter uma mudança que faça a diferença, isso é o mais importante. Existe uma pequena diferença entre vencer e não vencer. Eu falaria sobre 2004 e 2008, o Brasil foi até a final. Esperamos chegar na final, mas precisamos trabalhar muito e dar o primeiro passo. E não falar ainda sobre medalha. Ao fazer o dever de casa, as coisas acontecem.

Desenvolvimento no mundo

Vimos isso na Suécia, ficamos nos perguntando o que aconteceu com os times juvenis. Isso é o que acontece com o futebol feminino atualmente. Não será fácil, não vai vir fácil. Existem novos times, não são só os Estados Unidos que tem se destacado. Pudemos ver na Europa times vencendo torneios e competindo de forma séria com as melhores equipes do mundo. Vocês respiram futebol no Brasil. Temos que ter cuidado com algumas coisas e dar procedimento. É perigoso falar algo e não cumprir, tem que tomar ação nessa direção. Isso é bom, para a Seleção e o mundo do futebol feminino. Não será fácil, mas precisamos trabalhar.

Desenvolvimento do futebol feminino nacional

É uma pergunta difícil agora. Preciso conhecer como o Brasil lida com isso. Sei que a CBF começou a fazer grandes coisas para o futebol feminino, mas preciso ser honesta antes de ter opiniões. Preciso me familiarizar como o futebol funciona no país. Tem excelentes figuras públicas para servir de exemplo, nos EUA, o futebol feminino é melhor que o masculino. Tem exemplos, precisamos nos concentrar nisso. Mas ainda é muito cedo para responder isso.

Pressão

É um privilégio jogar sob pressão. Quando comecei a jogar, meu primeiro campeonato europeu, não tinha mídia. Depois, pouca mídia. Quando voltei com a medalha de bronze, nada aconteceu. A mídia é importante para disseminar o futebol feminino. Fico feliz de receber perguntas, ninguém queria saber o que acontecia. Hoje temos uma sala cheia.

O que espera das jogadoras

Primeiro, que tenham a posse de bola. É uma situação que chamamos na Suécia de manter o jogo. As vezes estamos com o controle e se desequilibra. Isso não acontece no Brasil. Vocês têm jogadoras muito técnicas, o time americano é rápido e elas jogam mais rápido ainda. Mas às vezes perdem a posse de bola, a intensidade do jogo às vezes atrapalha. O Brasil tem a técnica, acredito que é tático e técnico o suficiente para 90 minutos. O próximo passo para o futebol feminino é usar a técnica e ter uma leitura de jogo. É preciso ter melhores condições físicas. Você é ótimo em equipe se estiver em boa forma física. Se não, precisa sair. Acho que o Brasil tem jogadoras técnicas, é algo que eu adoro.

Primeira estrangeira

Amo futebol e desafios. Se não, não me colocaria a disposição. Foi parecido nos Estados Unidos, fui a primeira estrangeira. Estou fazendo a mesma coisa, mas um pouco mais tarde e diferente. Não sou especialista em responder perguntas da mídia, mas acredito que meu coração futebolístico vai fazer essa equipe brilhar ao máximo. Vamos fazer pequenos ajustes com o que aconteceu antes. Me orgulho muito.

Demissão da Emily antes e por que aceitou o desafio

Olharia para a situação inteira, é aceitável e ok. Tem que dar um novo passo é abrir a página. A confederação tenta fazer algo diferente, por que não tentar novamente? Tentamos fazer algo para nós preparara para as Olimpíadas e seja o que for. Existe mais energia, por que não aproveitar e lembrar o que prometemos. Prometo desafio. Farei meu melhor.

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