‘Inventividade e criatividade’: saiba como a Seleção Brasileira deve jogar com Fernando Diniz
Com todas as virtudes e defeitos, Diniz é um legítimo representante do 'estilo brasileiro' de jogar futebol
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A CBF anunciou Fernando Diniz como treinador interino da Seleção Brasileira pelo próximo período de um ano. No vídeo de apresentação, o presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, afirmou que o treinador tem "um modo diferente de treinar os atletas" e que "saía da mesmice para situações arrojadas".
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Por mais que Ednaldo não tenha explicado no vídeo o que seriam 'situações arrojadas', inegavelmente o técnico é reconhecido pelo seu estilo único de organizar equipes.
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Ao contrário do que é dito través do 'senso comum', Fernando Diniz não tem ideias semelhantes a Pep Guardiola. Muito pelo contrário: o novo técnico interino da Seleção tem um estilo que remete muito mais à clássica escola brasileira, de Zagallo, Luxemburgo e Telê Santana, do que a qualquer técnico europeu - pelo menos nos conceitos táticos.
Seus times prezam pela movimentação constante dos jogadores. A ideia é que os atletas tenham liberdade total para aproximar da bola e trocar passes curtos, se deslocando de um lado para o outro do campo em bloco. A intenção desse tipo de ataque é tirar os defensores de suas posições ao acompanhar as trocas no ataque.
Outra característica marcante dos times de Diniz está na aglomeração de jogadores em torno da bola para trocar estes passes. Em muitos momentos do jogo, é comum notar seis ou sete atletas no mesmo lado do campo, deixando o lado oposto à bola totalmente vazio.
Neste caso, a posse de bola e os sistemas táticos são o aspecto menos importante do seu jogo, e sim a autonomia que os jogadores têm para improvisar jogadas. O próprio treinador confirma isso no seu vídeo de apresentação, quando diz que sente prazer em "ajudar o jogador a colocar para fora a sua inventividade e criatividade".
No entanto, esse modelo de ataque, sem estrutura definida, faz com que seus times fiquem expostos após a perda da posse de bola, a grande fragilidade de seus trabalhos. Este estilo também pode encontrar dificuldades contra marcações por zona, que priorizam a proteção ao espaço e não os movimentos dos atacantes adversários.
Olhando para os antecessores de Diniz, Ramon Menezes - também como interino - e Tite, trata-se de uma ruptura brusca. O técnico da última Copa, principalmente, tentou implantar na Seleção Brasileira um estilo mais próximo ao dos europeus, com um ataque posicional. Nele, os jogadores ocupam espaços pré-determinados no campo e se movimentam de acordo com a posição da bola.
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Pensando no futuro, o técnico recém anunciado guarda uma única semelhança com o grande sonho de consumo da CBF para o comando da 'Amarelinha', Carlo Ancelotti: a liberdade de movimentação que concede aos seus jogadores de ataque.
De qualquer maneira, o martelo está batido e a Seleção Brasileira terá pelo próximo ano (pelo menos) um técnico que divide opiniões, bem como suas ideias, mas que representa muito bem todas as contradições, virtudes e defeitos de um estilo de jogo admirado por todo o mundo e vencedor de cinco Copas do Mundo.
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