Na tarde desta terça-feira, o lateral-direito Danilo concedeu entrevista coletiva após o treino da Seleção Brasileira, em Turim, na Itália. A primeira conversa com a imprensa dessa preparação antes da Copa do Mundo do Qatar foi de alto nível, principalmente pelo entrevistado, que tratou de vários temas que transcendem o futebol.
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Em "casa" no CT da Juventus, Danilo mostrou que a comunicação não é um problema. Como se estivesse na sala de estar de sua residência, o jogador falou de seus momentos de altos e baixos com a Seleção antes de chegar nesta Copa de 2022, lembrando da "perda" de duas Copas Américas por lesão e de problemas físicos na Rússia, em 2018. Para isso, ele revelou que está se arriscando na escrita.
- Eu costumo me arriscar às vezes escrevendo textos. E há uns dias escrevi de um arco-íris no topo da montanha, e o personagem foi atrás, passando por tempestade, floresta... depois de vencer as adversidades, ele chegou no topo e o arco-íris não estava mais lá. Mas a vista era mais bonita do que todo mundo que ficou lá embaixo.
- Dentro da Seleção Brasileira, acho que minha primeira convocação foi em 2011. Então já são 11 anos. Fiquei fora em alguns momentos, algumas lesões me tiraram de duas Copas América. No começo, depois de 11 anos, esperava ter mais presenças, mais jogos, mais títulos, entretanto o último ciclo me presentou com um momento muito interessante, com responsabilidade aqui dentro, muitos minutos, jogos legais. Estou preparado emocionalmente, fisicamente, mentalmente - completou o lateral da Velha Senhora.
Mas Danilo não parou por aí. Ele também refletiu sobre o uso das redes sociais e a influência que essas tecnologias exercem sobre os jogadores. Em mais uma ponderação extremamente lúcida, o ex-Santos admitiu que é preciso ter cuidado para não se perder nisso.
- É inegável que faz parte do nosso universo. Vou falar por mim, as redes sociais são necessárias como canal de ligação com nossos fãs, nossos torcedores. Até serve para passar suas mensagens, receber feedbacks. É um canal importante, mas limitado. Porque nem tudo que se passa nas redes sociais é verdade, a vida real é mais legal. É bom para ligar com o torcedor, passar mensagens, mas é limitado, porque isto de forma exagerada pode tirar do foco, ainda mais neste momento de Copa do Mundo, que é uma oportunidade a cada quatro anos - comentou quando questionado sobre as redes.
Provando ser um jogador muito diferente da média, Danilo se aprofundou na explicação sobre sua prática da yoga, que para ele é uma questão já pensando no "pós-futebol", pois sabe que a carreira não é para sempre e precisa cuidar do corpo, da mente e do legado que deixará para os seus filhos. Além disso, os livros estão sempre com ele nas concentrações. Tudo para fugir da "overdose" de futebol.
- Eu sou um cara que entendo que daqui a pouco o futebol vai acabar, vou parar de jogar. Preciso cuidar do meu corpo, da minha cabeça, buscar conhecimento em outras áreas. A yoga, as terapias e busca por conhecimento em outros assuntos, é uma forma de preparação de vida para o pós. Futebol demanda muito de concentração, entrega física e mental. São mecanismos que podem desconectar um pouquinho, entender que existe um corpo e mundo além do futebol - explicou o lateral antes de completar:
- Para mim faz muito bem, são coisas que me fazem bem. Preciso do meu momento para refletir outras coisas, ter meu livro na concentração para saber que estou passando o tempo de maneira produtiva e que vai servir para o resto da minha vida. E somos influenciadores não só de fãs, mas em casa. É uma forma de influenciar meus filhos com este tipo de hábito.
Danilo e seus companheiros de Seleção estão em Turim, na Itália, onde se preparam no CT da Juventus durante esta semana. No sábado, a delegação parte para o Qatar em voo fretado já para iniciar os últimos ajustes para a estreia contra a Sérvia, no dia 24, às 16h.