Após apanhar, ex-de Zverev revela que tentou se matar durante a Laver Cup

Jovem russa relata horror de uma relação abusiva, emocional e fisicamente

imagem cameraArquivo pessoal
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Lance!
New Jersey
Dia 05/11/2020
14:42
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A ex-namorada de Alexander Zverev, Olga Sharypova, decidiu contar em detalhes alguns dos momentos mais amedrontadores que passou ao lado do alemão em entrevista ao jornalista norte-americano Ben Rothenberg. A modelo revelou que pensou em se matar durante a Laver Cup.

Em um longo depoimento publicado na revista Racquet, Sharypova revelou como conheceu Zverev. A russa, que jogou o circuito juvenil até os 15 anos, contou que ao competir um torneio juvenil nos Estados Unidos aos 14 anos, conheceu o alemão de origem russa e chegou a sair com ele por um tempo.

À reportagem, Sharypova revela que naquela época Zverev "queria que eu fosse sua namorada", porém com a decisão de se dedicar a outras coisas da vida e a residência fixa em Moscou separou o jovem casal. "Não deu para gerenciar eu em Moscou e ele na Alemanha".

Segundo Olga Sharypova, o namoro foi retomado ao fim de 2018. Segundo ela contou, na época do US Open daquele ano acabou publicando uma foto antiga em Nova York e Zverev a enviou uma mensagem achando que ela estava na cidade. "Nós fomos conversando até que ele me convidou para encontrá-lo em Mônaco, onde ele mora e treina". O encontro foi em setembro daquele ano, semanas após o jovem cair no US Open. A relação engatou e ela viajou com Zverev, sua família e amigos, dentre eles Marcelo Melo, em novembro daquele ano.

Olga, que é chamada pelos amigos e se identifica nas redes sociais como Olya, revelou que entrou para o tênis aos 5 anos de idade e passou a treinar ainda pequena com um treinador amigo comum entre sua mãe e Marina Marenko, a mãe de Andrey Rublev.

Na entrevista, Olya Sharypova conta com a ajuda de uma amiga, que faz a tradução do russo de coisas que ela não consegue relatar em inglês, do amigo Vasil Surduk, que a socorre no incidente em Nova York e da madrasta do jovem.

O relato, que segundo a reportagem é parado algumas vezes em razão do choro de Sharypova, descreve um Zverev possessivo, ciumento e muito agressivo com as palavras.
"Ele vivia me dizendo que eu era uma pessoa ruim. Ele também dizia que eu não era nada, não era ninguém. Ele me dizia: 'O que foi que você construiu na vida? Eu sou bem sucedido, eu faço meu dinheiro'", relatou a jovem de 23 anos, que ainda revelou que foi perdendo a conexão com os amigos por causa do namorado famoso.

"Ele queria minha atenção. Se eu saía com meus amigos, ele queria que eu ficasse no celular com ele, fazendo ligações ou conversando por mensagens", contou ela e mais adiante: "As vezes eu não o atendia e aí ele passava a ligar para meus amigos para saber porque eu não o atendia. Todos os meus amigos o odeiam".

Pesadelo em Nova York

A conexão com o tênis faz com que a modelo conheça desde muito nova vários partícipes do atual circuito profissional. Detalhe que se torna importante a ela no episódio que já havia sido relatado, no qual ela fugiu correndo de um quarto em um hotel no US Open 2019, após o alemão tentar sufocá-la. "Eu corria dela, mas tentava me esconder ao máximo. Eu não queria que ninguém do circuito profissional me visse chorando", relatou ela à reportagem.
Sharypova contou que já no meio da rua, descalça, foi avistada por Zverev, que correu até ela. Segundo a jovem, estranhos a notaram chorando e desorientada e tentaram a ajudar. "Um estranho percebeu ele (Zverev) vindo até mim e foi falar com ele, nesse momento eu aproveitei para fugir".

Em detalhes dos acontecimentos seguintes, Sharypova conta que pediu socorro a um amigo de infância, que vive em New Jersey, após ter jogado tênis pela Ferris State University, Vasil Surduk, que cresceu treinando com Rublev.

Surduk foi ouvido pela reportagem, e validou a história contada pela ex-namorada de Zverev. Segundo o jovem, "ela me ligou chorando, queria que eu fosse a encontrar e nós fomos. Passamos umas duas horas e meia juntos e eu a levei de volta para o hotel". Segundo Surduk, ele e uma amiga em comum levaram Sharypova para um passeio que ela nunca tinha feito pela cidade, incluindo a Estátua da Liberdade, e que "tudo parecia uma briga grande".

Vasil Surduk revela que não acreditava em todo o relato da amiga de infância, mesmo tendo sido ele quem a buscou quando Zverev decidiu colocar a bagagem da então namorada no corredor do hotel, mas reteve seu passaporte.

"Eu sempre vou acreditar nos caras primeiro, porque eu sou um cara, entende? Mesmo se for sobre a Olga, a quem conheço há tanto tempo", confessou à reportagem Surduk.
No momento em estava pegando as malas, Sharypova foi obrigada por Zverev a retirar os presentes que havia ganho e devolvê-lo. "Eu perguntei a ele porque precisava me humilhar daquele jeito". Neste momento, a madrasta de Surduk, que pediu para não ser identificada pela reportagem, mandou que tudo aquilo parasse e retirou a retirou do local.

A madrasta de Surduk conta que também não acreditava que Zverev era capaz de tamanho horror e que ela mesma propôs que o alemão fosse à sua casa se reconciliar com a namorada. "Ele começou a dizer: 'Eu a amo, eu a quero' e eu disse, 'Quando um cara com esse ranking ou esse tipo de coisa, ele realmente precisa de você'".

Arrependida de convencer a jovem a voltar com o alemão e até de convidá-lo para sua festa de aniversário (foto acima cedida pela família à reportagem da Racquet), a madrasta de Surduk assume sua parcela de culpa. "Eu acreditei nele", resume.

Tentativa de suicídio em Genebra

A jovem chega a uma história que ainda não havia sido revelada em parte alguma. O local é Genebra, na Suíça, onde foi realizada a Laver Cup 2019. Ali, a jovem sofreu uma agressão ainda mais inesperada que a asfixia com travesseiro causada em Nova York.

"Eu estava numa depressão profunda. Eu não queria mais viver. Eu nem sequer entendia porque eu seguia viva. O que aconteceu em Genebra foi pior que qualquer outra coisa. Qualquer coisa de antes era como flores diante daquilo", revelou a jovem.

Sharypova conta que após a situação em Nova York, Zverev "percebeu que era mais forte física e emocionalmente" e que em razão disso "ele começou a fazer mais coisas, coisas que ele nunca tinha feito antes".

"Nós brigamos outra vez e naquela briga ele me deu um soco no rosto pela primeira vez. Nas outras brigas ele tinha me empurrado, me puxado, torcido meu braço, me asfixiado. Naquele momento ele me deu um soco, ele realmente me bateu. Quando ele saiu do quarto, eu...", para de falar a jovem chorando. De acordo com a reportagem, ela precisou de um tempo para conseguir se recompor e falar, fazendo inclusive uma pausa.

"Aquilo era muito difícil, era o inferno", voltou a dizer, pontuando que apenas pensava nas coisas negativas que o alemão dizia a seu respeito.

"Eu vou começar a falar disso, e quero finalizar. Eu quero falar e esquecer disso. Depois daquela briga, ele saiu do quarto e eu estava morrendo, emocionalmente agonizando. eu não entendia nada na minha vida. Eu não entendia porque estava lidando com aquilo, porque ele não está me deixando, porque seguir com isso. Eu entendi que não podia mais conviver com aquilo. Entendo que não poderia ser mais aquela pessoa, mas ele não ia me deixar ir. Eu sabia que ele não ia me deixar sair (do relacionamento)", recordou.

Foi então que a jovem encontrou uma solução: um suporte de insulina no quarto de Sascha. "Eu peguei a insulina. Eu sabia que se você é uma pessoa saudável e toma insulina você pode morrer", ressaltou. Sharypova injetou em si mesma a insulina e se trancou no banheiro do quarto. "Eu injetei e eu não estava com medo, eu apenas queria sair daquilo de algum modo, porque eu não conseguia mais suportar aquilo", confessou.

Zverev voltou, tentou convencê-la a abrir a porta e sem sucesso, pediu apoio a um agente do evento, que procurado se recusou a falar, por se tratar de questão confidencial de seu contrato de trabalho a respeito dos jogadores.

Sharypova ouviu o agente, abriu o banheiro e conta que recebeu uma série de compridos que ela supõe ser glicose, para neutralizar a ação da insulina no corpo. Ela ficou todos os dias restantes no quarto, deitada, se recuperando.

A jovem ainda citou uma situação complicada em Pequim, mas cansada após 2h de entrevista preferiu deixar para outro momento.

Sharypova não vai procurar a justiça

A revista Racquet procurou o representante de Zverev, Tony Godsick, que é sócio da Team8, empresa que também organiza a Laver Cup. Em nome do tenista, falou um reconhecido profissional de gerenciamento de crise de imagem e que se limitou a dizer que o tenista "já havia se pronunciado via Instagram e que planejava manter a situação dentro de um diálogo.

Olga Sharypova por sua vez, orientou a reportagem a procurar as imagens de segurança do hotel em Nova York para confirmar suas denuncias. O hotel afirmou apenas que as imagens são cedidas a pedidos judiciais, não se sabe se ainda estão armazenadas. Sharypova ainda disse que não pretende procurar a justiça contra Zverev e quer apenas que sua história ajuda outras mulheres a encontrar forças para sair de relacionamentos abusivos.

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