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Com apoio privado e de Ana Moser, Mauro Menezes dá vida a seu projeto social

Instituto de ex-duplista está contemplado em projeto macro que envolvem projetos no vôlei, basquete, judô e skate

David, Mauro Menezes e Tiago
imagem cameraFoto: Ariane Ferreira
Dia 16/11/2018
21:00

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Por Ariane Ferreira - Nesta terça-feira, em um evento pomposo e cheio de personalidades do esporte brasileiro, o Banco Votorantim apresentou o 'BV Esportes' que contempla seis projetos de educação pelo esporte em diferentes modalidades, dentre elas o tênis.

O sonho do ex-duplista brasileiro, que foi 64º do mundo e como treinador levou Fernando Meligeni à medalha de ouro dos Jogos Panamericanos de Santo Domingo, Mauro Menezes, tornou-se real com a parceria com a financeira e nasceu aí o "Instituto Próxima Geração".

Em conversa exclusiva com o Tênis News, Menezes acabou revelando a renovação de seu amor pelo tênis, através das 70 crianças entre 7 e 18 anos já assistidas neste um mês de existência do projeto, que está em atividade em uma das regiões mais carentes da capital paulista, o Parque dos Príncipes, na zona oeste.

Mauro Menezes diz que o projeto nasce, como todos os demais, baseado muito no desejo de "devolver ao esporte tudo que ele trouxe à sua vida", entretanto ressalta que as lições aprendidas por ele no tênis como autoconfiança, disciplina e honestidade.

"Uma criança assim, sem muitas condições financeiras e sociais, ganha muito com essas lições. Ela fica mais ágil, mais forte, mais confiante em si. Fora que ao trazer uma criança para o tênis, você a capacita para uma infinidades de coisas: ela pode ser rebatedora, professora, técnica e acompanhar crianças que se destacam, juiz (árbitro), auxiliar de quadra - um especialista em saibro, por exemplo. São vários caminhos e abrimos um leque para essas crianças", resume com empolgação.

Menezes rechaça a definição de que o "tênis é um esporte de elite", pois segundo ele é um "esporte que ajuda muito no caráter das crianças".

As atividades do instituto foram iniciadas oficialmente no mês de setembro e já nos primeiros dias todas as vagas foram preenchidas, no momento há uma lista de espera. "Este era o meu medo, a gente não conseguir atrair as crianças para o esporte", confessa Menezes. Mas seu temor caiu por terra já neste princípio e as crianças têm apresentado 95% de frequência.

No ato da matrícula, as crianças passaram por um pequeno crivo e para obter a vaga precisavam serem alunas de escola pública, terem boa frequência de aulas e boletim "razoável". A partir daí, foram organizadas não apenas de acordo com a idade, como com o nível de cada criança, já que algumas já tinham tido contado com o tênis. Durante toda a semana, o Instituto atual na Associação de Tênis Barley, que fica no bairro e tem quatro quadras de tênis no saibro cobertas.

A escolha do nome, "Próxima Geração" tem tudo a ver com o movimento da Next Gen, nascido de maneira comercial nos Estados Unidos em propagação da USTA e prontamente adotada e ampliada pela ATP. "A ideia é a mesma de lá: enxergar o futuro". Para Mauro Menezes, as crianças podem se inspirar nas estrelas mais jovens do esporte, inclusive pela 'proximidade maior' de idade e revela: "Sonho em poder trazer um destes meninos da Next Gen aqui no Brasil pra molecadinha vê-los de perto e entender que é possível".

Menezes conta que o apoio da financeira é primordial para a existência do projeto, pois além de viabilizá-lo dá-lhe a estrutura necessária. "O apoio da BV hoje é tudo, oferece uma estrutura e uma condição de trabalhar muito bacana. A gente tem uma estrutura de professores,nutricionistas, psicologia esportiva e a gente oferece um lanchinho pra elas com lanche, um suco e uma fruta. Então, a gente tem conseguido fazer direitinho e eu estou muito feliz", comenta Mauro, que comanda a equipe com mais de 10 profissionais dedicados às crianças.

Inspirado por exemplos do passado, em que um ex-pegador de bolas de sua antiga academia e um aluno de projeto social que frequentou suas aulas, Menezes incluiu no programa do Instituto Próxima Geração aulas de inglês para todas as crianças. "A gente deu suporte a esses dois apenas de base no esporte, eles se esforçaram, estudaram nos Estados Unidos através de bolsa atleta e hoje trabalham por lá. Quisemos agregar as aulas de inglês para a criança entender que além de tudo do esporte, escola e educação são tudo".

O diretor da BV financeira, Gabriel Ferreira, explicou ao Tênis News, que o intuito de apoiar os seis projetos são de ampliar a percepção de valores do esporte como " superação, cooperação, disciplina, saber ganhar e perder" na sociedade. Tenista nas horas vaga, Ferreira, revela valores diferenciais identificados em cada modalidade: "No tênis se aprende primordialmente duas grandes coisas. Primeiro, ensina a perder mais do que ganhar, porque toda semana tem um campeonato e você só não vai perder se for o campeão. Segundo, por causa da dinâmica do jogo você, precisa mudar a chave, mudar o foco do passado para o futuro e isso se traz pra vida. O tenista é alguém positivo por natureza, pois aprende a lidar com a frustração cotidiana".

A empresa investirá nos próximos dois anos um montante que chegará a R$ 10 milhões, sem lei de incentivo, nos seis projetos escolhidos, o que dá um fomento de pouco mais de R$1,6 milhão de reais por projeto. "Pra gente, o privado não está ai para substituir o público e sim contribuir. Nós temos sim o papel de cobrar e alimentar as discussões no setor público das causas que se acredita - educação, esporte e cultura são causas universais. Então é claro que através de leis de incentivo o poder público fomente essas causas. O que costumamos dizer é que não dá para esperar tudo do poder público, seja cada um de nós ou empresas privadas identificar onde se pode contribuir", explicou Gabriel Ferreira, que destaca que o projeto tem a ver com o crescimento da empresa e a decisão de reposicionar a marca iniciada em maio deste ano.

A parceria com a empresa do mercado financeiro tirou o projeto do papel e já deu a oportunidade de novas parcerias. Todos os materiais esportivos e os uniformes das crianças são fornecidos, via patrocínio, pela Wilson do Brasil. A diretora de marketing da marca, Caroline Gomes, disse Tênis News: "Nós confeccionamos os uniformes deles, personalizados mesmo do projeto. Não tinha como ficarmos de fora".

O ex-capitão brasileiro conta que vê muitas chances de crescimento para seu projeto e já está muito feliz com os resultados conquistados também do ponto de vista esportivo: "Temos um garoto, o Titi, que ele ganhou três torneios na categoria oito anos. Ele não perde de ninguém", contou explicando que o garoto já havia tido contato anterior com o tênis.

O crescimento para o Instituto Nova Geração também está na diretriz profissional, segundo Mauro Menezes, talentos que se destacarem do ponto de vista técnico esportivo deverão ser incentivados. "Isto é também parte do meu sonho".

Além do Projeto Nova Geração; o 'BurnKit' do skatista de mega-rampas Bob Burnquist, o 'Instituto Seginho 10' do líbero de vôlei e bicampeão olímpico Serginho; e o 'M4 nas escolas' do ex-ala-armador de basquete tricampeão pan-americano Marcelinho Machado, são projetos que nasceram do apoio da financeira e contarão com os 17 anos de experiência no terceiro setor da ex-atacante da seleção bronze no vôlei de quadra nos Jogos de Atlanta 1996, Ana Moser, como uma espécie de mentora.

Ao Tênis News, Ana conversou, também com exclusividade, e falou que 'Brasil' os novos projetos são encontrar e ajudar: "A gente já viveu dias melhores. Nós no IEE [Instituto Esporte e Educação, de sua fundação] tem a Caravana do Esporte, um grande evento, e uma vez por mês estamos em uma cidade do país atuando diretamente com essas prefeituras. [Anos atrás] Vivemos uma grande expansão de esperança e fé, a crença na educação, pessoas, esporte e instituições, e vimos isto nos últimos anos minguar. Mas ainda há esperança, é importantíssimo que iniciativas como as nossas sigam vivas para ajudar a que não se perca a esperança".
Ao ser questionada como a sociedade civil pode apoiar este tipo de projeto, Moser não deixou seu já conhecido lado sincero e crítico: "A sociedade precisa entender que isso não é caridade. A gente não tá fazendo isso porque somos bonzinhos. Nós entendemos que isso é bom, importante e é parte da nossa responsabilidade pelo que esporte nos deu. Uma sociedade não existe se não existir uma co-responsabilidade. Quem tem mais, tem que dar mais. É nossa responsabilidade humana. As pessoas precisam entender essa dinâmica, precisamos incorporar esses valores de empatia e responsabilidade com o outro. Aqui, ninguém tirou a camisa da seleção brasileira", finalizou.

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