Gustavo Carneiro faz últimos ajustes antes do embarque para Paralimpíada
Brasileiro disputará as chaves de simples e duplas em Tóquio
- Matéria
- Mais Notícias
Gustavo Carneiro, número 38 do mundo da categoria Open do Tênis em Cadeira de Rodas, conseguiu treinar desde o começo da última semana com 100% de sua capacidade após realizar duas infiltrações no punho semanas antes visando a disputa dos Jogos Paralímpicos de Tóquio, no Japão.
Ele fica em Uberlândia (MG), sua terra natal, até esta terça-feira, dia 3, quando embarca para São Paulo para se unir ao time brasileiro que treinará junto até o dia 7 . A equipe embarca no dia 8 de agosto para Tóquio e inicia as disputas a partir do dia 27.
"Graças a Deus desde o começo da semana pude treinar sem dor e me preparar a mil para a Paralimpíada", comemorou Carneiro que disputa sua primeira Paralimpíada com menos de quatro anos disputando o Tênis em Cadeira de Rodas: "Serão dias bem importantes em São Paulo com a equipe e teremos umas duas semanas de treinamento no complexo no Japão para fazer os ajustes finais e nos ambientarmos tanto ao fuso horário (12 horas) e ao clima de calor. Vamos com tudo", finalizou o paratenista que tem os patrocínios da ASICS, Equaliv, Politriz, Construtora RFreitas e Restaurante Terra Brasilis, além de contar com os apoios da Confederação Brasileira de Tênis e do Banco BRB.
Carneiro disputará tanto a chave de simples como a de duplas junto com Daniel Rodrigues em Tóquio.
Sobre Gustavo Carneiro e o câncer que o obrigou a amputar a perna
Em 2013 , Gustavo teve câncer na perna esquerda, fez cirurgia para retirar o tumor, quimioterapia e radioterapia. Em 2017 o câncer voltou e precisou amputar.
Antes da doença ele era praticante assíduo de esportes tendo sido campeão mineiro de tênis na adolescência, campeão brasileiro de Squash, além de maratonista. Gustavo conciliava os esportes com seu trabalho como administrador de empresas. "Decidi mudar minha vida, larguei meu trabalho para realizar um sonho: ser um dos melhores jogadores de tênis em cadeira de rodas do mundo e disputar a próxima Paralimpíada que seria Tokyo 2020. Comecei a treinar tênis em janeiro de 2018".
Ao fim do primeiro ano era o 86 do mundo e terceiro melhor do Brasil e já em 2019 foi convocado para representar o Brasil no Mundial em Israel e nos Jogos Parapan-Americanos no Peru. Terminou o ano como número dois do Brasil e 35 do mundo, consequência dos três títulos em 2019 e um em 2018. Desde 2020 competiu pouco em decorrência da pandemia e dos seguidos cancelamentos de torneios.
Aventura e 27h na corrida de montanha mais perigosa do mundo
Em meio às disputas do tênis em 2018, Carneiro chegou a se aventurar em outra paixão, a corrida. Em maio deste ano, 5 meses após amputar a perna e apenas 2 meses com uso de uma prótese, participou da corrida de montanha mais difícil do mundo, a Ultra Fiord na Patagônia Chilena.
O objetivo era completar a prova andando em 15h, mas foram precisos 27h caminhando com a prótese e 2 muletas. Ele relata “achei que conseguir finalizar em 15h, mas a Ultra Fiord realmente é muito difícil. Eu e a equipe sofremos muito, pois não levamos comida para 27h, cruzamos a madrugada sem dormir, a temperatura era de -5 graus. Passamos frio, fome, medo e durante a madrugada começou a chover, já não sabíamos mais que horas chegaríamos e um pouco de desespero começou a bater”.
“A Ultra Fiord me ensinou que não conhecemos nossos limites e que podemos fazer coisas que nem imaginamos. Essa experiência mudou a maneira como encaro os desafios e consequentemente me ajudou a acreditar que Tóquio seria possível”.
Hoje Gustavo usa também uma prótese de corrida para matar a saudade da corrida que é uma das suas grandes paixões, “mas o foco total é o tênis, pois ainda estou longe de onde quero e vou chegar. A corrida é um complemento, sempre amei correr e voltar a correr era um dos meus sonhos”.
Mais lidas
Newsletter do Lance!
O melhor do esporte na sua manhã!- Matéria
- Mais Notícias