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Rafaela Silva não esconde emoção com ouro olímpico

Judoca da categoria peso leve chora de alegria após decepção há quatro anos

Rafaela Silva morde sua medalha de ouro, a primeira do Brasil no Rio
Rafaela Silva dedica conquista às crianças da Cidade de Deus, onde foi criada (Foto: Toshifumi KITAMURA / AFP)

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O choro desta vez foi de alegria. O grito, entalado na garganta por quatro anos, não foi solto apenas pela judoca dentro do tatame. Mas por todo o público presente na Arena Carioca 2, no Parque Olímpico da Barra da Tijuca, nesta segunda-feira (8/8). Pelos resultados dos últimos anos, ela não precisava provar mais nada. Mesmo assim ela queria, e muito, essa medalha. Principalmente para calar quem tanto a criticou, alguns até com atitudes racistas, algo que a fez pensar em abandonar a carreira. Rafaela Silva, que faz parte do Time Petrobras, finalmente conseguiu a tão sonhada láurea olímpica: um ouro, a primeira do Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

A conquista na categoria peso leve (até 57kg) acabou com qualquer desconfiança que existia em cima da brasileira. Se sempre pairou a dúvida sobre a questão psicológica, com algumas competições extraordinárias e outras com um desempenho muito abaixo do esperado, agora a situação pode mudar. Rafaela disputou cinco lutas de forma constante, focada e sem se intimidar com a pressão.

A alemã Miryam Roper, a sul-coreana Jandi Kim, a húngara Hedvig Karacas, a romena Corina Caprioriu e a mongol Sumiya Dorjsuren, na final, ficaram para trás. A húngara, aliás, foi a mesma adversária que deixou a atleta pelo caminho em Londres-2012 após a eliminação por um golpe ilegal.

O fator casa também parece ter ajudado, e muito. Não apenas pelo apoio da torcida, que enlouqueceu nas cadeiras da Arena Carioca 2. Na verdade, a judoca do Brasil se sente muito bem quando compete no país, principalmente no Rio de Janeiro. Já tinha sido assim em 2013, com a conquista do título mundial justamente na capital carioca, no Maracanãzinho.

O nível de concentração de Rafaela durante todos os combates chegou a impressionar. Em nenhum momento ela pareceu ansiosa. Com tranquilidade, foi passando por cada adversária, sem também se empolgar com a comemoração do público. A semifinal até valeria um capítulo à parte após um pouco mais de três minutos de luta no Golden Score.

Realmente, Rafaela teve um desempenho impressionante na Arena Carioca 2 nesta segunda-feira. De entrar para a história. E calar para sempre aqueles que tanto a atacaram em 2012.

- Eu só tenho a agradecer a todo mundo. Treinei bastante para representar esse ginásio que veio todo aqui para torcer. Se eu puder servir de exemplo para as crianças que saem da comunidade assim como eu saí da Cidade de Deus, acho que é o que eu tenho para passar no judô – afirmou ela em referência à comunidade pobre onde foi criada no Rio de Janeiro.

Rafaela ainda fez questão de lembrar sua própria história de vida e de superação:

- Saía chorando do treino todo dia, mas acordava (no dia seguinte) porque queria minha medalha. Para uma criança que cresce em uma comunidade, a gente não tem muito objetivo na vida, porque não tem nada dentro da comunidade. Mas aquela criança que, com cinco anos, saiu da comunidade e começou a treinar judô como brincadeira é hoje campeã olímpica - finalizou.

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