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Expulso ‘de graça’, Tonhão admite que teve medo de virar vilão em 1993


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Tonhão nunca foi dos zagueiros mais técnicos, nem um dos principais jogadores dos grandes times do Palmeiras da década de 90. Ele, porém, tem um carinho especial por parte dos alviverdes, que vibraram com defensor mesmo quando ele era reserva durante seus seis anos no clube. Só que o ex-atleta temeu que a história não fosse assim.

No início desta série de reportagens sobre o título paulista de 1993, que completa nesta quarta 20 anos e findou uma fila de 17 temporadas, o ex-zagueiro lembrou de sua expulsão na segunda final contra o Corinthians. Ele diz que ainda não entendeu o cartão vermelho recebido.

– Toquei para o Edmundo e ia em direção à bola. O Ronaldo seria expulso, nos encontramos e ele fingiu que tomou uma cabeçada. Na hora fiquei bravo. No meio da confusão o José Aparecido nem viu. Lembro que o Evair me deu uma dura que nem sabia onde enfiar a cara, também por não ter visto o lance. Saí de graça – disse.

Então com 24 anos, Tonhão chegou ao Verdão para jogar na base em 1987, foi emprestado em 89 e voltou em 91. Ele, portanto, sabia da expectativa criada para que o clube voltasse a comemorar um título. Fora dos últimos 30 minutos do segundo tempo e toda prorrogação, foi para a boca do túnel dos vestiários no Morumbi, acompanhado de jogadores que não foram relacionados e membros da comissão técnica. Foi de lá que ele viu o Palmeiras fazer mais dois gols, vencer por 3 a 0 no tempo normal e garantir o título com o pênalti cobrado por Evair, que decretou o 4 a 0 e o seu alívio.

– Naquela hora (expulsão) vem um monte de coisa na cabeça, coração “vai a mil”. Não podia perder, porque se não poderia ser julgado como o culpado, virar vilão, em vez do herói, guerreiro. Quando saiu o quarto gol, do Evair, foi um alívio total – disse ele.

Mesmo que tenha atuado apenas cerca de 60 minutos, Tonhão considera que aquele foi o melhor jogo de sua carreira, junto de sua estreia pelos profissionais. Passada a tensão dos minutos fora, restou a ele só comemorar seu primeiro título com o Verdão – o mais importante também – e a bela relação que tem com a torcida até hoje, conquistada, segundo ele, pelo espírito que encarnava dentro de campo.

– Sou um cara guerreiro, que não tem medo de colocar a bunda no chão. E isto faltava na época, um jogador que dividia, não tinha medo de cara feia. Quando lembro daquilo, só sinto alegria – completou.

Foto: Arquivo LANCE!

A expulsão

Um a mais
O Palmeiras já vencia por 1 a 0, com gol de Zinho, e logo depois Henrique foi expulso, deixando o Verdão com um a mais ainda no primeiro tempo.

Tonhão e Ronaldo fora
Na etapa final, o Alviverde seguia com o 1 a 0, e Tonhão puxou contra-ataque pela esquerda. Ele lançou para Edmundo, que foi derrubado por Ronaldo, fora da área. Já com amarelo, o goleiro seria expulso. O zagueiro se encontrou com o corintiano, que fingiu ter levado uma cabeçada. O árbitro José Aparecido também deu vermelho a Tonhão, que na saída deu sua camisa à torcida.

Lembranças de 93 estão guardadas

Tonhão tem três objetos do título conquistado em 1993: a camisa, a faixa e a medalha. Todos, porém, estão guardados, por enquanto. Só o uniforme não está com ele: presente para seu pai, já falecido, a roupa foi deixada num quadro, encaixotado na casa em que vivem sua mãe e irmãos.

– A camisa eu dei para o meu pai. Ele colocou em quadro na casa dele, mas depois que ele faleceu está em uma caixa. No futuro eu vou expor, para os meus filhos. Vou juntar com as outras conquistas que tive e deixar em algum quarto em casa – explicou.

– Tenho duas casas, uma em São Paulo, outra em Ribeirão Preto. A medalha e faixa devem estar lá, guardadas, também – disse.

Tonhão não escondeu a emoção ao lembrar da importância do pai para se tornar um jogador.

– Ele fez tudo, me deu a chance de ser jogador. Ele me deu todas as forças, obrigou a estudar, deixou eu ficar sem trabalhar. Para ele foi uma conquista muito grande – completou, emocionado.

Bate-Bola
Tonhão
Ex-zagueiro do Palmeiras, em entrevista durante visita ao L!

Tem algum jogo emblemático na campanha daquele Paulista?
Todos. Colocávamos para nós que era degrau por degrau. Todos os jogos eram importantes, tinham uma lição e a cobrança. Luxemburgo sempre queria prezar pela união. Dentro de campo a gente tinha que ser amigo, nem precisa ser fora de campo, ali saía com quem quisesse. Só que dentro de campo precisava ter uma unidade. Entendemos isso com muita conversa.

Como foi a pressão antes de começar aquele campeonato?
Vínhamos de um vice no Paulista de 92, com um time em formação. Tínhamos a obrigação de chegar na final de novo. Tínhamos que ser daí para mais. Havia isso entre a gente, a torcida, foi algo positivo.

Como foi a semana após a derrota na primeira final?
Fomos para Atibaia. Foi uma semana de treinos, palestras, vimos o vídeo do jogo, tivemos muitas reuniões. Ficamos afastados da imprensa. Não tínhamos nada de imagem, só ficávamos sabendo ao falar por telefone com a família, ou em palestras. Passavam a auto-confiança para a gente, de que nada foi jogado fora. Era um excelente time e tinha que dar certo naquele jogo.

Se for destacar, qual a principal característica daquele time?
A cobrança. Apesar de alguns não se darem bem um com o outro, dentro de campo tinha que ser irmão um do outro. Eles não podiam correr mais que nós. Teve aquele algo mais. Mostramos que a gente queria.

Qual a importância daquela conquista para o Palmeiras?
Hoje, você não sabe a grandeza que é o Palmeiras. Passa 10, 20 anos, você é parado na rua, gritam seu nome no estádio, marcamos na história lá, naquela década, com todo o grupo. É muito gratificante. Igual marcou a primeira, segunda Academia, ninguém esquece deles, e não esquece deste pessoal que passou em 1993. Foi muito gostoso.

E para você?
Foi a chave para me carimbar no mundo do futebol. Ser campeão paulista, era importante e tirar a nossa fila em cima de um grande clube, como o Corinthians. Ali foi tudo. Ter sua figura gravada lá no museu do Palmeiras é tudo. E foi o começo de uma série de vários títulos meus pelo clube também.

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