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Na terra do chá de folha de coca, Flamengo tem dieta contra efeitos da altitude

Folhas de coca na Bolívia (Foto: Eduardo Mendes)
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Dia 27/10/2015
17:24

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O Flamengo projetou dez dias para se adaptar à altitude de Sucre e Potosí antes de estrear na primeira fase da Libertadores. Enquanto os rubro-negros ainda sentem a sensação de se jogar com o ar rarefeito, os bolivianos lidam com a condição geográfica a qual estão submetidos por meio de um doping natural.

A folha de coca, um dos ícones da cultura da Bolívia, é usada pelos nativos para auxiliar o processo de digestão, reduzir a fome e minimizar os efeitos da falta de oxigênio.

O consumo do chá feito com as folhas de coca, porém, é proibido pela Agência Mundial Antidoping (Wada). Um dos componentes da folha é a cocaína.

No primeiro contato com a altitude de quatro mil metros de Potosí, no domingo, os jogadores queixaram-se e reconheceram as dificuldades que encontrarão no jogo de amanhã contra o Real Potosí.

Desde terça-feira, quando o grupo chegou a Sucre (BOL), os rubro-negros passaram a ter uma dieta diferenciada elaborada com o intuito de auxiliar nesse processo de adaptação.

- Estamos fracionando a alimentação e tornando a digestão mais leve. A dieta é mais rica em carboidrato e temos evitado proteína e gordura. Nossa preocupação é fornecer hidratação - explicou o fisiologista do clube, Claudio Pavanelli.

Apesar de não ter efeitos nocivos registrados, o chá de coca é totalmente repudiado nesse momento da preparação.

- Ajuda porque dá uma dilatação aos vasos sanguíneos, mas é doping - avisou Pavanelli.

Além do produto natural da Bolívia, o departamento médico do clube rechaça também o uso de outra substância apontada como um facilitador na altitude, o viagra, seja ela apenas um mito ou amparado por bases científicas.

- Existem pesquisas relacionadas, mas ainda é muito controvérsio. Quando não se tem trabalho conclusivo, ficamos em dúvida e não é melhor mexer com isso - comentou o fisiologista.

SUCESSO ENTRE NATIVOS

Em meio à variedade de produtos comercializados no Mercado Central de Sucre, é possível encontrar a barraca da senhora Angélica Mendez, de 56 anos. Por apenas dois bolivianos (R$ 0,50) o cliente consegue comprar um saco de tamanho médio com folhas de coca.

Há 14 anos no local, a descendente indígena de Yungas (BOL), lugar em que se encontra a folha, compra, em média, um tambor com o produto por 1300 bolivianos (R$ 328) para a comercialização.

- A folha vem de La Paz. Todos os dias há muita procura, sejam turistas ou moradores de Sucre. O tambor dura no máximo dois meses - disse Angélica.

O consumo da folha de coca se dá também de outras maneiras. É possível mascar a folha com a legia, uma espécie de massa. Ela custa entre um boliviano (R$ 0,25) e dois bolivianos (R$ 0,50), dependendo do tamanho.

Até em rituais de reza a folha pode ser usada. Misturada ao álcool ou ao vinho específicos ela serve para benzer uma casa, prática comum na Bolívia.

O DEFENSOR

Protagonista de um famoso caso de doping nas Eliminatórias para a Copa do Mundo, em 1994, o ex-lateral-direito da seleção boliviana, Miguel Rimba, dedica a sua carreira hoje à política. Há dois anos, ele ocupa o cargo de vice ministro de esportes da Bolívia e esteve presente na homenagem do presidente Evo Morales a Ronaldinho, na sexta-feira passada.

Naquele ano, ele e o ex-goleiro brasileiro Zetti foram flagrados no exame antidoping depois que ambos consumiram a bebida. Eles, porém, conseguiram provar que beberam o chá na concentração na semana que aconteceu o jogo.

Defensor dos jogos na altitude, ele também é a favor da liberação do uso da bebida em partidas disputadas em locais onde o ar é rarefeito, como em algumas cidades da Bolívia.

- O mate de coca não é estimulante ou melhora o rendimento do atleta. Ele apenas alivia o desconforto causado pela falta de oxigênio. E ainda ajuda na digestão. É apenas isso - explicou Rimba em entrevista ao LANCENET!.


BATE-BOLA
MIGUEL ANGELO RIMBA
Atual vice-ministro de esportes e ex-jogador da seleção da Bolívia

Como você vê as queixas de times sul-americanos contrários ao jogos disputados na altitude?
A altitude não está em discussão. Acho que isso já foi superado um pouco. La Paz, por exemplo, será uma das sedes nas Eliminatórias. Nós estamos tranquilos. A Fifa já se manifestou e não proibiu os jogos na altitude.

O que o levou a seguir a carreira política?
Eu parei de jogar aos 34 anos e foi vereador na minha cidade, Riberalta. Fui sempre um jogador emblemático e disciplinado. Acredito que isso tenha contribuído para que eu tivesse essa postura fora de campo depois. E essa experiência como vereador foi muito positiva. Algo importante que contribuiu para chegar ao cargo que ocupo agora.

Como vice ministro de esportes, o que tem feito pela Bolívia?
Estamos fazendo uma nova lei de esportes do país, mudando algumas coisas. Queremos dar mais autonomia de trabalho aos clubes e também desenvolver projetos para termos uma categoria de base nacional para a seleção boliviana.

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