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Thaís Picarte: ‘Meu pai me ensinou a amar o futebol’

Neymar chega à Goiânia (Foto: Mowa Press)
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Dia 28/10/2015
00:06

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Convocada para a Seleção Brasileira para a disputa do Mundial na Alemanha e finalista do Campeonato Carioca de Futebol Feminino, Thaís Ribeiro Picarte, de 28 anos, comemorou a boa fase no futebol e enalteceu o apoio da família durante a carreira.

A arqueira do Bangu falou com exclusividade ao LANCENET!, na segunda série de matérias com a jogadora. No encontro, Thaís reelembrou os clubes que atuou e falou sobre Seleção Brasileira.

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Thaís começou a amar o futebol através dos ensinamentos de seu pai, em um clube da cidade de Santo André, cidade natal. Iniciando a carreira como amadora, foi apenas no São Paulo que ganhou maior destaque. A mãe, apesar de não querer tanta dedicação ao futebol, sempre a apoiou.

- Foi meu pai quem ensinou eu e minhas três irmãs a amar o futebol. Somos sócias de um clube em Santo André, onde havia um torneio de futebol feminino. Lá iniciei minha carreira como amadora. Em janeiro de 1997 meu pai faleceu e, infelizmente, não chegou a me ver em um grande clube. Em março daquele ano, uma das dirigentes me levou para fazer um teste no São Paulo, onde comecei minha carreira no Aspirantes. Minha mãe não queria eu jogando, mas nunca me privou do meu sonho, sempre me apoiando. Ela é minha maior fã - revelou.

A experiente goleira tem consciência da situação do futebol feminino no Brasil. Ainda sofrendo com a falta de valorização da modalidade, revelou que no início praticamente pagava para jogar. Para ela, a mudança necessária apenas será feita quando a mentalidade das pessoas mudar em relação a participação das mulheres no futebol, que é um esporte coletivo como qualquer outro.

- Na verdade ainda sofro muito com isso, essa não é uma realidade apenas para quem está iniciando a carreira. Mas obviamente no início, praticamente pagava para jogar. Eu não recebia nenhum tipo de ajuda financeira. Acredito que para que haja uma mudança, primeiramente a mentalidade das pessoas deveria mudar com relação ao futebol feminino. O futebol é um esporte coletivo como outro qualquer que pode e deve ser praticado por mulheres - afirmou a jogadora.

Logo no começo da carreira, Thaís defendeu a camisa da Lazio, na Itália. Na época, ela recebeu um convite para jogar pela equipe em um teste, que duraria aproximadamente um mês. Nesta experiência para a então jovem e inexperiente goleira brasileira, acabou voltando para o Brasil frustrada, já que não conseguiu alcançar o seu objetivo por completo.

- Eu era muito jovem e inexperiente. Recebi um convite para ir fazer um teste lá por um mês. Foi uma experiência incrível, eu nunca tinha saído do país e fui para Roma com uma amiga que era uma grande jogadora na época. Aproveitei ao máximo, mas na Itália só é permitido uma estrangeira por time. Tentei encontrar meus parentes italianos para viabilizar minha dupla cidadania, mas não consegui. Assim sendo, acabei voltando pro Brasil com uma grande experiência, mas frustrada por não alcançar o meu objetivo - lamentou Thaís.

O primeiro título profissional de Thaís veio em 1999, quando conquistou o Campeonato Paulista de Futebol Feminino defendendo as cores do São Paulo. A decisão foi uma preliminar do confronto pelo masculino entre São Paulo e Corinthians. O estádio estava lotado e aquele dia ficou marcado na cabeça da goleira.

- O jogo foi uma preliminar de São Paulo e Corinthians e o estádio estava lotado. Foi um grande jogo e a celebração ainda maior. Minha mãe e minhas irmãs estavam presentes e isso foi muito importante para mim, foi um dos dias mais felizes da minha vida como atleta. Lembro que pensava na alegria que seria para o meu pai estar presente naquele jogo, mas infelizmente ele faleceu antes de poder me ver em um grande clube. Então dedico cada conquista a minha família e principalmente a ele - declarou.

Para Thaís o jogo mais marcante da carreira foi quando vestiu a camisa do Huelva, da Espanha. Em 2006, ela foi contratada pela equipe espanhola para ajudar o time a se manter na primeira divisão local. Pela penúltima rodada do campeonato, jogando em Madrid contra o Torrejón, o seu time precisava da vitória. Nesta partida, ela falou que não teve um minuto de paz no gol, mas acabou segurando o placar a favor de sua equipe, e acabou carregada por suas companheiras para fora de campo ao final do jogo.

- Era meu primeiro ano no país e no meu clube na Série A local. O objetivo não é só ganhar, é também não cair, fui contratada por isto. Na penúltima rodada, jogamos em Madrid, contra o Torrejón, que é uma potência. Apenas a vitória servia. Aquele foi um jogo incrível, elas passaram uns 70 minutos em nosso campo e eu não tinha um minuto de paz. Fizemos um gol ainda no primeiro tempo e após, nos fechamos e seguramos o resultado. Quando o jogo acabou, fui carregada por minhas companheiras para fora do campo - lembrou.

Ainda sobre este jogo histórico, Thaís diz que é reconhecida até hoje na Espanha por causa do milagre que conseguiu.

- Até hoje sou reconhecida na Espanha por causa desse jogo. Ajudei o clube a cumprir seu objetivo e ganhei o reconhecimento e o respeito de todos - contou.

Thaís aconselha a todas as outras mulheres pelo Brasil que sonham em ser jogadoras de futebol a seguirem os seus sonhos.

- O futebol é um esporte coletivo comum, que pode e deve ser praticado por mulheres. Através dele conheci muitos lugares e pessoas, conquistei tudo o que tenho. Os salários não se comparam com o masculino, mas hoje o futebol é minha profissão e com ele alcanço todos os meus objetivos. Levo uma vida saudável, aprendi valores e condutas que levarei por toda minha vida. Aconselho que todos os nossos sonhos sempre devem ser seguidos - concluiu a jogadora.

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