Cristina Resende: treinadora desfila seu talento na Gávea
Mineira afasta o preconceito com vitórias na raia: fechou a estatística entre os top 10
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Há alguns anos que a mulher conquistou seu lugar ao sol no mercado de trabalho e disputa, de igual para igual, as melhores oportunidades. No turfe, porém, ainda há o predomínio absoluto dos homens. Na Gávea, entretanto, a veterinária e treinadora Cristina Resende faz diferente e entra para a história. A mineira de Uberlândia vive o seu melhor momento na carreira e, dia após dia, desfila o seu talento inegável na arte de preparar cavalos, superando treinadores campeões e vencendo muitas provas. Foi na agitada manhã de sábado que Cristina, que terminou a temporada entre os 10 melhores, deu uma pequena pausa no trabalho matinal e concedeu entrevista ao Lance.
Como tudo começou
Na época em que fazia faculdade (Uberlândia, Minas) queria trabalhar com grandes animais, e todas as minhas férias vinha para o Rio, onde morava a minha irmã, Claudia (Cury). Logo depois comecei a fazer estagio com Leo (Cury, marido de Cláudia) no hospital veterinário. Até que resolvi fazer a minha conclusão de curso no Rio e comecei o estágio remunerado da Mudes no Hospital (Octavio Dupont). Concluí os estudos e não voltei mais para Minas. Nessa época eu já tinha apartamento e fique de vez. Isso foi em 93.
Quando decidiu ser treinadora
Pedi a matrícula em 99. Até então eu só trabalhava como veterinária. Comecei com os Studs Brincadeira, do Luiz Macedo, e o Maggiore, os dois que mais me incentivaram. Tinha outros proprietários pequenos. O Macedo é uma pessoa que devo tudo, como veterinária e treinadora.
Dificuldades do início
O começo para todo mundo é difícil. Por sorte conheci o doutor André Dumortout, que me deu uma oportunidade e logo ganhei com o cavalo. Daí ele foi pegando confiança e começou a me testar: pedia para eu escolher os cavalos para ele comprar, e a parceria foi dando certo. É assim ate hoje, tenho carta branca. Treino os cavalos do André há mais de 12 anos. Hoje ele tem mais de 15 cavalos, dos 42 que cuido. Recebi muitos cavalos do Sul, principalmente depois do GP Brasil.
O fato de ser mulher e a profissão
Procuro ser educada com as pessoas, me dar bem e acho que todo mundo tem de ganhar, não há porque torcer contra. Aqui no turfe a mulher sofre muito preconceito. As pessoas não aceitam perder para você, só tem criticas. Falam que eu só compro cavalo e ganho páreos de claiming. O diferencial é a dedicação, estar aqui no matinal todos os dias, acompanhar o trabalho na cocheira, conhecer o que cada cavalo precisa. E a minha equipe (oito funcionários) é fundamental. Sou veterinária, e toda a parte clinica dos meus cavalos fica comigo também, só não faço cirurgia. Tenho isso a favor de mim.
A melhor fase na profissão
Sem dúvida é o meu grande momento da minha carreira. Fechei a ultima temporada com 38 vitórias, em décimo, mas poderia ter chegado em oitavo, se não fossem as sete vitórias de quando estava suspensa. O doutor Valter (Stud Nossa Senhora Auxiliadora) foi muito importante para isso acontecer, um paizão, me incentivava, acreditava no meu trabalho. Antes de ele falecer, já muito doente, deu todos os cavalos para mim, e o doutor André assumiu. A época dos páreos de índice técnico foi muito boa, peguei o jeito, estava ganhando muita corrida (risos). Mudou e segui ganhando, ainda bem. Espero conquistar mais vitórias e melhorar ainda mais a colocação na estatística.
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