‘Clube-empresa é a chance de equipes ficarem mais competitivas’, diz deputado Pedro Paulo
Em webinar promovida pela Academia LANCE!, parlamentar traça panorama otimista para modelo empresarial: 'Os incentivos são maiores, clubes poderão pagar atletas de ponta'
O modelo do clube-empresa é visto como crucial para garantir que a indústria do futebol nacional dê um salto ainda maior em busca de sua modernização. Em webinar promovida pela Academia LANCE! na última terça-feira, o deputado federal Pedro Paulo (DEM-RJ), autor do Projeto de Lei do Clube-Empresa (que está no momento no Senado) apontou que a competitividade tem mais chance de ser mantida nos gramados do país.
- É uma preocupação que nós temos, de começarem estas hegemonias das associações civis, que conseguem dar um salto nas suas gestões e conseguem viver neste modelo associativo em detrimento a clubes com muita torcida e que vão ficando para trás, endividados, com salários atrasados... E que mesmo com o estado equacione suas dívidas, o modelo de negócios em forma de associação, a capacidade de atrair grandes patrocínios, a mobilização de torcedores não é capaz de gerar receitas compatíveis às que têm clubes como Flamengo, Palmeiras e Corinthians... - e, em seguida, apontou:
- Os incentivos são muito maiores na forma empresarial. Além de todos os reflexos positivos, há o ambiente de pressão, do incentivo de um ambiente mais profissional, fora a possibilidade de acesso a crédito e investidores... - completou.
O parlamentar traçou um panorama de como estão as gestões do futebol brasileiro.
- O Flamengo diz "nosso modelo é o Real Madrid". Acredito que possa alcançar um modelo do Real Madrid, do Barcelona. Agora, o Botafogo e outras equipes, se buscarem o modelo empresarial, poderão competir com esses grandes clubes. Poderão ter acesso a financiamento para bancar folhas de jogadores de ponta e ter acesso a investidores - disse.
Pedro Paulo valorizou a adesão ao formato de clube-empresa.
- Além dos pequenos e médios clubes, vejo bons clubes da Série A dando esse bom exemplo de salto de qualidade na medida que o projeto é optativo. Talvez seja uma forma de vencer a barreira dos conselhos deliberativos é a questão tributária. Acredito que a tributação para clubes-empresas é menos desigual e ajuda a tornar o campeonato mais competitivo - afirmou.
O mandatário da Federação Paulista de Futebol (FPF), Reinaldo Carneiro Bastos, vê com otimismo a chegada do Projeto de Lei. Aos seus olhos, o projeto é crucial para clubes de médio ou pequeno porte.
- No meu modo de entender, o Projeto de Lei é se torna mais relevante porque foi muito debatido. As pessoas acham que o clube-empresa veio para atrair investidores a grandes clubes brasileiros. No entanto, para que haja este processo, é necessária maturidade no quadro associativo, nos conselhos deliberativos, nas diretorias. Caso uma pessoa chegue durante uma campanha eleitoral projetando transformar o time em um clube-empresa, um opositor logo dirá "vai vender o clube". Por isto, vejo o projeto do deputado Pedro Paulo como muito relevante para os médios e pequenos clubes - afirmou.
Em seguida, Reinaldo Carneiro Bastos detalhou como tem sido a adesão à gestão empresarial no futebol paulista.
- Temos o Red Bull Bragantino, o Botafogo-SP, a Ferroviária que é uma S/A, o São Bernardo que é uma empresa Ltda. O Grêmio Novorizontino é gerido como empresa, só não se concretizou porque os impostos são proibitivos... Aqui em São Paulo, temos possibilidade de empresários regionais abraçarem a ideia de um clube local e transformarem em um negócio com gestão. Só não o fazem atualmente porque não há segurança no quadro associativo - e, em seguida, frisou a relevância do projeto:
- É um passo importantíssimo que o Senado coloque em votação o Projeto de Lei do Clube-Empresa e ele seja aprovado pelo presidente da República sem vetos. Não queremos que se torne um "monstrengo" - complementou.
O deputado Pedro Paulo descarta que, em termos de resultados, o clube-empresa seja diferente de uma associação.
- A melhor forma de você ter retorno do seu investimento é a partir de resultados daquele segmento no qual está. É óbvio que você vai que buscar títulos e quanto mais títulos tiver maior o retorno. Não vejo diferenças entre clubes e associações neste aspecto. O que acredito é que o empresário cobra resultado do investimento e não em um clube de associação, no qual dirigentes tomam associação sem meter a mão no bolso. Essa é uma diferença entre o modelo empresarial e o modelo associativo - afirmou.
Também participaram do evento o advogado e coordenador acadêmico do programa FGV/FIFA/CIES em Gestão de Esporte, Pedro Trengrouse, e o repórter do LANCE!, Vinícius Faustini.
Sobre a Academia LANCE!
A Academia LANCE! ministrará uma série de webinars com convidados importantes para debater assuntos atuais envolvendo esporte, marketing, finanças e negócios. Confira a agenda dos próximos seminários:
25/08 - Pitter Rodriguez, executivo de parcerias esportivas do Facebook
01/09 - Guilherme Ribenboim, vice-presidente global de operações do Twitter
08/09 - Fernando Manuel Pinto - Diretor de direitos esportivos da Globo