Opinião: ‘Jesus fez sucesso no Benfica no passado. E agora, fará?`
Especialista Carlos Calaveiras, em sua coluna na 'Rádio Renascença' (POR) analisa se Jorge Jesus terá, nesta nova passagem no Benfica, o mesmo sucesso obtido entre 2009/15
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Jorge Jesus deixa o Flamengo e segue para o Benfica, clube que ele treinou entre 2009 e 2015 e onde ganhou dez títulos, neste texto abaixo, o prestigiado jornalista português Carlos Calaveiras, da `Rádio Renascença`, uma das mais relevantes de Portugal, fez uma análise da primeira passagem de Jesus no clube benfiquista e se ele terá o mesmo sucesso obtido naquela época.
" Jorge Jesus está de volta ao Benfica. Desde logo, fica a dúvida: Depois da saída polêmica e das acusações de parte a parte, da mudança de paradigma para o retorno do “cérebro” à Luz, o que se alterou?
Antes de avançarmos, vamos voltar ao tempo:
Verão de 2009: Jesus estava no Braga e é contratado por Luís Filipe Vieira para o Benfica. Na primeira conferência de imprensa na Luz, JJ não deixa dúvidas: "Os jogadores do Benfica, ma próxima temporada, jogarão o dobro do que jogaram no ano passado. E o dobro ainda será é pouco".
Naquele seu primeiro ano, deixou os sócios e torcedores encantados: “rolo compressor” e “nota artística” foram duas expressões muito usadas. No final de 2009/10, o balanço foi positivo: campeão português e da Taça da Liga.
Nos três anos seguintes, jejum nacional. Em 2010/11 o domínio dos azuis e brancos, de André Vilas-Boas, foi evidente e o 5 a 0 portista sobre o Benfica ficou célebre o 5-0. Já nas épocas de 2011/12 e 2012/13, as derrotas das Águias não foram tão fáceis de engolir. As equipas de Jorge Jesus chegaram a ter vantagens pontuais, mas não as conseguiram segurar e o momento Kelvin (mais o ajoelhar de Jesus) até teve direito a espaço no museu de Porto.
Paralelamente, o sonho europeu foi também estando presente e, com Jorge Jesus, o Benfica chegou a duas finais da Liga Europa. Acabou por perder ambas.
Não foram dois bons anos e um deles foi o do “quase”. Em cerca de uma semana tudo o Benfica perdeu: campeonato, Liga Europa e Taça de Portugal, esta para o Guimarães, de Rui Vitória, o homem que viria a suceder a Jesus no comando técnico benfiquista.
A pressão dos sócios, naquela altura, era enorme, estava terminada a época de encantamento entre adeptos e o mister, mas o presidente Vieira – contra tudo e contra todos – decidiu manter a aposta. Jorge Jesus continuou e voltaram as conquistas de campeonatos.
Resumindo, à frente do Benfica, JJ conquistou 10 títulos e é o mais titulado da história do clube: três campeonatos, uma Taça de Portugal, cinco Taças da Liga e uma Supertaça Cândido de Oliveira.
No verão de 2015 caiu a “bomba”. O Benfica parecia querer mudar de página, Jorge Jesus não aceitou o que lhe estava destinado e acabou por assinar pelo Sporting, eterno rival dos encarnados. Luís Filipe Vieira tentou depois justificar a troca de Jesus por Rui Vitória, pois não servia para essa nova estratégia.
Seguiram-se depois tempos conturbados, com ataques de parte a parte, processos em tribunal e polêmicas com Rui Vitória (o "Ferrari", o "cérebro", os "jogos da mente"...).
Olhando para a carreira do técnico desde a saída do Benfica (Sporting, Al-Hilal e Flamengo) não há dúvidas: o objetivo tem sido “ganhar já” e, normalmente, para isso, são necessários grandes investimentos e apostas seguras. Falta saber se vai ter espaço para continuar a crescer. Os mais fiéis do técnico vão lembrar-se de Reinier, que aos 17 anos teve minutos no Flamengo e acabou transferido para o Real Madrid. Os mais céticos vão sempre recordar Bernardo Silva e dos seus treinos a lateral esquerdo.
Cinco anos depois, fica a dúvida: o que mudou? Benfica ou Jorge Jesus? Saberemos quando o técnico for apresentado na Luz. "
NR: Transcrito da coluna de Carlos Calavieiras na Rádio Renascença, onde o profissional é um dos titulares desde 1999.
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