Opinião: Vinícius Jr. cala críticos para se tornar um dos principais nomes do título merengue
Atacante brasileiro passa de jogador pouco utilizado na primeira metade da temporada para tornar-se fundamental na reta final do Espanhol
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Há dois anos no Real Madrid, Vinícius Jr. está longe de se tornar a estrela de nível mundial que muitos disseram que ele se tornaria quando surgiu nas categorias de base do Flamengo. Ainda com muitas falhas e equívocos dentro de campo, o menino de São Gonçalo vai evoluindo a cada dia que passa e se tornando um talento lapidado por Zinédine Zidane.
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O atacante, no entanto, muitas vezes é cobrado como se já fosse alguém formado e que estivesse no auge de sua forma física e técnica. Lembremos que Vinícius tem apenas 20 anos, recém completados no último dia 12. E mesmo com a pouca idade, o brasileiro pode dizer que é campeão espanhol sendo um dos nomes mais importantes da conquista. Sim, Vinícius Jr. foi um dos principais responsáveis pela 34º título espanhol do Real Madrid.
A temporada de Vinícius Jr. no gigante espanhol é dividida em três partes, com diferentes desfechos. No início, o jovem viu Rodrygo ganhar minutos, marcar hat-trick na Liga dos Campeões e passar à frente no elenco. A segunda parte é a volta por cima de quem parecia desacreditado e a pulga atrás da orelha do treinador. E a terceira é a consolidação de Vini no Real.
PARTE I - A OSCILAÇÃO
Depois de uma primeira temporada onde superou expectativas no Real Madrid, Vinícius Jr. começou seu segundo ano sendo apontado como um nome importante no elenco madridista. Porém, o brasileiro não ganhou muitas chances com Zidane e viu Rodrygo, ex-Santos, chegar ao clube espanhol honrando o apelido de ‘Rayo’, fazendo um estrondo no Santiago Bernabéu.
De agosto até dezembro, Vinícius viu Rodrygo ser titular nove vezes, enquanto o ex-Flamengo foi apenas sete. O Menino da Vila rapidamente caiu na graça do torcedor e foi importantíssimo na primeira metade da temporada, marcando quatro gols na fase de grupos da Liga dos Campeões, sendo três deles no mesmo jogo. Ao todo, foram oito participações diretas para gol (entre gols e assistências), em todas as competições, das nove que o Rayo tem na temporada.
Vini não se abateu, e continuou trabalhando sabendo que uma hora sua chance chegaria.
PARTE II - EU ESTOU AQUI
A virada de ano foi positiva para Vinícius. O jogador passou a ganhar mais minutos por Zidane e foi ganhando destaque mesmo saindo do banco de reservas. A grande chance de sua carreira veio no dia 26 de fevereiro, contra o Manchester City, no jogo de ida das oitavas de final da Liga dos Campeões. Apesar da derrota dos espanhóis em casa, saiu dos pés do brasileiro o passe para o gol de Isco. Gol este que pode ser importante para a partida de volta.
Após uma boa atuação na principal competição de clubes do mundo, o camisa 25 foi novamente titular, mas desta vez no Campeonato Espanhol no fim de semana seguinte. O adversário? Ninguém mais ninguém menos do que o Barcelona, no clássico espanhol. Aos olhos de Cristiano Ronaldo, que foi ao Santiago Bernabéu assistir ao jogo, Vinícius fez o gol que abriu o placar e comemorou ao melhor estilo CR7.
O gol no ‘El Clásico’ por si só já seria importante. Porém, caso Real Madrid e Barcelona terminassem empatados em pontos ao final do Campeonato Espanhol, o clube da capital levaria o troféu por causa do primeiro critério de desempate: o confronto direto. Como o jogo do primeiro turno terminou empatado sem gols, a segunda partida, onde o brasileiro foi o melhor em campo, ganhou contornos ainda mais decisivos.
PARTE III - HISTORIA POR HACER
Quando a boa fase finalmente havia voltado, o atacante, eleito o melhor jogador do clube no mês de fevereiro, foi surpreendido como todo o mundo. A pandemia causada pelo novo coronavírus paralisou o futebol e fez com que os campeonatos fossem interrompidos. Atrás do Barcelona no Campeonato Espanhol e com a desvantagem na Liga dos Campeões, a temporada madridista poderia caminhar para um final melancólico.
Três meses se passaram, La Liga retornou, e o Real Madrid ganhou todos os dez jogos que fez na competição. E Vinícius manteve a boa fase para ser crucial no momento mais importante da retomada. No dia 21 de junho, na vitória sobre a Real Sociedad, o Madrid assumiu a liderança. Triunfo por 2 a 1, com Vini titular e sofrendo o pênalti que abriu o placar. Três dias depois, o Mallorca, em casa. Resultado? 2 a 0, com um golaço do Garoto do Ninho do Urubu para inaugurar o marcador.
Desde que o futebol voltou na Espanha, Vinícius jogou em nove dos dez jogos do Real Madrid. Somente Benzema, que atuou em todas as partidas, esteve mais em campo do que o brasileiro levando em consideração jogadores de ataque. Até mesmo Hazard, principal contratação da temporada, teve menos tempo em campo.
No jogo em que confirmou o título, Vinícius entrou no segundo tempo. Nos acréscimos da partida, com o jogo 2 a 1, o brasileiro recebeu a bola na linha de fundo e poderia segurar o jogo para fazer o relógio passar. A alternativa, porém, não foi esta. Vini foi para cima da marcação e deixou cinco atletas amarelos na saudade para Asensio fazer o gol, que mais tarde foi anulado.
O ódio que Vinícius Jr. recebe, principalmente em seu país natal, é muito exagerado, seja por ter sido vendido ao maior clube do mundo antes mesmo de estrear profissionalmente ou por ter sido criado no clube de maior torcida do Brasil. Apelidos, piadas e até mesmo racismo foram proferidos contra a promessa do futebol nacional. E ele nunca se abateu. Sempre trabalhou em silêncio e deu a resposta dentro de campo.
*Estagiário, sob supervisão de Carlos Alberto Vieira.
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