O vandalismo ocorrido em São Januário comprova que continuamos a “enxugar gelo” diante da violência. O clássico entre Vasco e Flamengo trouxe uma série de fatores que ajudaram a culminar em uma tragédia.
Houve uma fiscalização precária, que permitiu a entrada indiscriminada de bombas. Como foi permitido isto? A torcida do Vasco dava sinais de descontrole durante a etapa final. A polícia , mesmo despreparada, agiu para reprimir e, ao menos, evitou que o massacre tivesse dimensões maiores, não deixando que torcedores invadissem o campo.
O mandatário Eurico Miranda fez bem ao dizer que “isso não é Vasco”. Mas, se sabia de grupos opositores,era obrigação dele avisar à polícia, e não usar como artifício político.
Punir com a perda de mandos do estádio tem um valor simbólico, por exigir que os clubes deem segurança aos torcedores. No entanto, esta postura acaba generalizando as punições. A maioria que está em um estádio não vai brigar, as imagens comprovam isto.
É preciso punir cada criminoso. As imagens contribuem para a identificação destes bandidos. Com bandidos cada vez mais infiltrados nas organizadas, a sensação é de que estamos diante de uma tragédia anunciada. Não serão canetadas como torcida única que impedirão cenas tristes como as vistas neste fim de semana. A cada episódio de violência, resta perguntar: "até quando?".
Mauricio Murad é sociólogo e autor do livro "A Violência no Futebol: Novas Pesquisas, Novas Ideias, Novas Propostas".