O LANCE! inicia, nesta segunda-feira, a tradicional série de entrevistas com os candidatos à presidência do Vasco na eleição marcada para o dia 7 de novembro. São as mesmas perguntas para os cinco postulantes. Por ordem alfabética, começamos com Alexandre Campello, atual mandatário e que tenta a reeleição representando a chapa "No Rumo Certo".
Por que ser presidente do Vasco (novamente)?
Porque começamos, nesta gestão, um projeto muito bem definido, que propunha uma série de entregas e muitas destas entregas foram feitas. Outras parcialmente. E entendemos que mais um mandato seja exercido por esta gestão para que possamos concluir todos os nossos projetos, como, por exemplo, a ampliação e a modernização de São Januário, os centros de treinamento, enfim, por isso.
Como obter recursos para um cenário pós-pandemia ou ainda de pandemia?
Na realidade, todos os clubes de futebol, mas não só os clubes de futebol, muitas empresas vão ter que se adequar a uma nova realidade. O Vasco já vem trabalhando para isso. Diferentemente da maioria dos clubes, Vasco já tinha um custo muito controlado, baixo. O grande desafio é continuar buscando novas receitas, mesmo num cenário de economia comprometida. Se por um lado entendemos que existe necessidade de readequação, por outro entendemos que toda crise traz novas oportunidades. Temos que estar muito atentos para criar novas oportunidade capazes de trazer receitas recorrentes para o clube.
O que acha do desempenho atual do time?
É um time jovem, que tem potencial, que pode render mais do que tem rendido nas últimas partidas, tanto que começou o Campeonato Brasileiro muito bem. E nós temos a expectativa que com a chegada de um novo treinador, com uma nova visão, com um perfil que nós entendemos que é bastante interessante para um time jovem como o nosso, comece a mostrar mais resultados a partir de hoje (quarta-feira, dia do jogo contra o Corinthians, quando a entrevista foi feita).
Como avalia a estrutura física das sedes do clube? Do Calabouço ao ct.
Em relação ao Calabouço, durante a nossa gestão nós implementamos algumas obras, algumas melhorias, passamos a criar oportunidades, eventos para que o Calabouço fosse mais utilizado pelo nosso sócio. Já nesta gestão, a sede do Calabouço se autossustenta. Ou seja, ela já produz recursos que a deixam capaz de se manter, sem o clube ter que desviar recurso para ela. Na sede náutica fizemos alguma melhoria, especialmente em relação à cozinha e parte administrativa, mas ainda existe a ideia de uma maior exploração da sede da Lagoa, que vai ficar para o próximo mandato.
Em relação a São Januário, procuramos fazer com que durante este período a melhor manutenção fosse a melhor possível, sem que houvesse deterioração do patrimônio. Reformamos os banheiros, terminamos a reforma da Pousada do Almirante e estamos mobiliando-a para a base voltar a usar a partir da volta do alojamento dos atletas. Modernizamos a iluminação de São Januário, construímos um novo colégio. Então eu acho que, em termos de patrimônio, além de ter sido muito bem cuidado, houve melhoria das instalações. E nós trabalhamos no desenvolvimento de um projeto de modernização e ampliação de São Januário que vai possibilitar o aumento da capacidade dos atuais 22 mil para 43 mil espectadores. É um projeto que está caminhando. Neste momento passa por uma estruturação financeira e jurídica e, em breve, assinaremos o contrato para que as obras se iniciem. Então São Januário foi uma das sedes que tivemos maior avanço.
Construímos o CT da Barra, a partir da aquisição de uma área que não pertencia ao Vasco. Aumento no patrimônio do clube. Incorporamos ao patrimônio do clube uma área de 80 mil m², e conseguimos, nesta área, construir um centro de treinamentos com instalações modernas, confortáveis, dois excelentes campos e, além disso, numa área que o Vasco tinha em Caxias há mais de 20 anos, nós estamos finalizando a construção do segundo centro de treinamentos, que terá quatro campos no total. Tínhamos um, estamos fazendo mais três, além de toda a estrutura física com vestiário, sala de musculação, departamento médico, administração, murando esse centro de treinamento.. então eu diria que as sedes do Vasco, no que diz respeito ao patrimônio, evoluíram muito neste triênio.
Como administrar a dívida do Vasco?
A dívida do Vasco é, sem dúvida alguma, significativa. Quando assumimos era maior que R$ 680 milhões. No primeiro momento nós trabalhamos para reconhecer essa dívida, identificar os credores, saber exatamente para quem e quanto o Vasco devia, atualizá-la. E, a partir daí, começamos a negociar com todos esses credores, que eram mais de 200, numa tentativa de acabar com aquela dívida de curto prazo que sufocava o caixa do clube. Conseguimos resultados expressivos, neste primeiro momento. Pagamos, no primeiro ano, mais de R$ 90 milhões de dívida, no segundo ano, que foi 2019, mais sessenta e tantos milhões e, agora, em 2020, nós começamos um trabalho... nós já tínhamos em relação à dívida trabalhista um Ato Trabalhista, que ordenava os pagamentos e equacionava o problema desse endividamento, mas não tínhamos isso nas dívidas cíveis.
Partimos, então, para criar um pool de credores no qual parte das receitas do Vasco vai para esse pool ser distribuída entre os credores. Isso ganhou muita credibilidade a partir da sua credibilidade, porque é um pool que tem auditoria externa. Temos percebido uma aderência grande por parte dos credores a esse pool porque isso dá a certeza a esses credores, que têm, muitas vezes, dívidas de algumas décadas, de que vão receber, como estão recebendo. O que não impede de, em determinado momento, quando entrar algum dinheiro novo, que você chame esses credores e negocie um deságio importante para a quitação desses débitos. Essa é a diretriz que estamos dando com sucesso, mas não é um trabalho de curto prazo, rápido, mas que precisa ser feito e vem sendo feito de forma bastante satisfatória.
Como obter investimentos para o futebol?
Os investimentos no futebol vão vir a partir do aumento do ticket do sócio-torcedor, aumento de receitas, bilheteria, marketing, publicidade. É a partir destes aumentos de receitas que nós poderemos investir de maneira progressiva, cada vez mais, no futebol.
Como será a relação com a base? Mais investimentos? Será possível fazer melhores vendas ou manter revelações?
Sim, acredito que sim. Estamos alicerçando a base desde que eu entrei. Em 2018, quando assumi a presidência, comecei mudando toda a filosofia da base: unindo o futsal ao futebol de campo, unificando a coordenação do futebol, trazendo profissionais cada vez mais qualificados para compor o nosso estafe nas categorias de base. Agora, mais recentemente, comecei a criar oportunidades, algumas receitas que são carimbadas, destinadas à base, como parte das receitas do sócio-torcedor Norte a Sul vai exclusivamente para a base, ajuda de custo de atletas, financiamento de equipamentos e, agora, estou criando outro projeto que também vai criar receitas exclusivas para a base.
A ideia é que, no próximo triênio a gente invista mais nos profissionais e nos atletas, na captação destes atletas, mas não para por aí. Estamos também investindo na estrutura da base. Construímos um local para abrigar o colégio Vasco da Gama, com muito mais conforto. É qualidade que estamos levando para a base, faz diferença na hora de o atleta optar pelo Vasco ou outro clube, estamos construindo um centro de treinamento exclusivo para os meninos abaixo de 14 anos. São condições importantes para que a gente consiga reter atletas e captar mais atletas com mais qualidade.
Em relação à venda e retenção, também já estamos trabalhando neste sentido. Se você observar, não vendemos atletas da base por valores baixos, não entregamos nossos atletas a qualquer preço. Isso também faz parte da valorização da base. Esperamos produzir mais e melhores atletas para, ao vender esses atletas, tenhamos resultados mais expressivos em relação à receitas oriundas da venda de ativos.
Você entende que a intensidade da política do Vasco atrapalha o desempenho esportivo do clube? E como será daqui para frente?
Entendo, e todos aqui sabem, que a intensidade, a forma como esse jogo é jogado na política do Vasco atrapalha não só o desempenho dos atletas como da própria gestão. O que mais se vê na política do Vasco é a oposição criar obstáculos à gestão. De modo geral, a oposição não se contenta em esperar o processo eleitoral e a eleição para, de forma civilizada, eu diria, expor suas ideias de maneira construtiva, mostrando quais são suas plataformas e ideias de gestão para o torcedor optar pelo candidato a, b ou c.
Aqui, quando se está na oposição, na maioria das vezes, com a maioria dos candidatos, existe uma prática de causar constrangimento, causar problemas para a gestão, plantar mentiras. Enfim, dar notícias negativas sempre tentando captar o voto através da desconstrução e não da construção de um projeto que seja capaz de convencer o sócio. É isso. Recentemente estamos vendo se falar um monte de coisa, que o Vasco não paga, que está com salários atrasados, que isso, que aquilo outro.
Será que essas pessoas não olharam para o cenário nacional? Nós assumimos o clube com uma dívida maior do que quatro salários em atraso com os funcionários e jogadores, e paulatinamente temos reduzido essa dívida com os nossos funcionários e atletas. O Vasco, hoje, está pagando um mês, permanece com dois meses de atraso salarial, e isso não aumentou na pandemia. Ninguém diz, se lembra - ou faz questão de esquecer - que passamos por uma pandemia e isso não foi suficiente para que o clube aumentasse o atraso salarial. Pelo contrário, o clube continuou pagando salários, obviamente não conseguiu zerar o atraso, apesar das dificuldades que a pandemia trouxe.
Ninguém diz que essa gestão, se ela tem, sei lá, 32 meses de gestão, ela pagou 36. Pagou dois meses a mais de gestão. Ora, se eu não tivesse pego o clube com todos esses atrasos de salário, estaria com dois meses de salários adiantados. Será que isso não pesa? Será que não é importante para o sócio, para o torcedor? Não, a gestão está cumprindo o seu papel. A gestão, na realidade, está em dia, só não conseguiu pagar os atrasos que recebeu quando assumiu a gestão. Mas não, as pessoas preferem o que percebeu. mas não, as pessoas preferem pontuar a gestão de maneira negativa, tentando fazer o torcedor e o sócio enxergá-la como incompetente, o que não é.