O clima de insatisfação no Vasco começa a atingir níveis alarmantes. Além dos resultados ruins dentro de campo, já que a equipe ocupa a lanterna do Campeonato Brasileiro, fora, os salários atrasados e as promessas não cumpridas geram reclamações principalmente dos líderes do elenco. Às vésperas de completar três meses de débito, a preocupação por uma debandada no Cruz-Maltino cresce.
Aqueles atletas que têm mercado, no Brasil ou fora, são alguns do que mais manifestam o descontentamento. A diretoria chegou a dizer que acertaria ao menos parte do que deve ao final deste mês, mas pessoas ligadas aos jogadores garantem que eles nem acreditam mais em promessas.
A saída do ex-diretor executivo de futebol Alexandre Faria melhorou parcialmente o ambiente, já que o relacionamento do dirigente com o grupo não era dos melhores. Porém, se a chegada de Vanderlei Luxemburgo para o cargo de treinador gerou esperança de pacificação nos primeiros dias, agora já começa a haver desconfiança. A tradicional forma de trabalhar do treinador, misturando conversas ora mansas, ora esbravejando, não está agradando de todo.
Tudo isso vai se transformando numa bola de neve. Vale destacar que uma eventual saída de atletas por via judicial pode prejudicar ainda mais as finanças do Vasco. No caso de Maxi López, por exemplo, ele cobra na justiça os salários em atraso, auxílio-moradia e FGTS. Com Thiago Galhardo, alegação foi de três folhas em aberto, mais FGTS e premiações.
Para tentar aliviar o clima e os cofres, o presidente Alexandre Campello levará ao Conselho Deliberativo o pedido de autorização para um empréstimo de R$ 30 milhões. O objetivo imediato é quitar as dívidas mais urgentes. O clube tem a expectativa de receber o dinheiro de cotas de televisão a partir de julho e, assim, ter alívio no fluxo de caixa. No Conselho de Beneméritos, que receberá a apresentação nesta sexta-feira, a aprovação com ampla margem é provável. No Deliberativo, contudo, as negativas ao mandatário do clube podem dificultar a confirmação - a casa debaterá também um projeto de reestruturação da dívida, para diluí-la. Caso não haja aprovação, especialmente do empréstimo, a piora no cenário financeiro do clube é provável.
- Pretendemos fazer (o empréstimo) com dinheiro "carimbado" para pagar a dívida. Para ser diluída nos próximos anos sem comprometer os recebíveis. Isso resolveria de vez o problema da dívida do Vasco. Para isso foi chamada a reunião do Conselho Deliberativo: para discutir esse fundo de empréstimo, o Fedic (Fundo de Direitos Creditórios) - afirmou Alexandre Campello, após a assinatura da cessão do terreno para a construção do centro de treinamentos do clube, nesta quinta-feira, no Palácio da Cidade.