Milton Mendes faz balanço de sua passagem pelo Vasco: ‘Fui importante’

Técnico, que comandou o time por cinco meses, falou sobre polêmicas com Rodrigo e Nenê, e a reformulação que fez no elenco, promovendo jovens da base como Vital e Paulinho

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O técnico Milton Mendes comandou o Vasco por cerca de cinco meses este ano, acumulando 11 vitórias, 11 derrotas e seis empates. Neste período ele ajudou o time a conquistar a Taça Rio, mas não resistiu à série de cinco jogos
sem vencer no Brasileirão e acabou demitido após a partida contra o Bahia, no dia 21 de agosto. Em entrevista, o treinador comentou sua passagem pelo clube, como encontrou o elenco, as mudanças que fez, as polêmicas com Rodrigo e Nenê, entre outros assuntos.

CHEGADA NO VASCO

'Encontrei um grupo de jogadores com a estima muito baixa, porque vinham de resultados ruins e uma cobrança muito grande. Diante disso, me contextualizei com o ambiente, vi onde estava o foco e comecei a agir.'

RESPOSTA A EDER LUIS

'O Vasco tinha jogadores só treinando. O Eder Luis não estava inscrito no Carioca e disseram que ele não servia por algumas atitudes por lá. Mesmo assim, pedi a integração dele e se acabou o ano junto ao grupo profissional, pois alguém o colocou lá. Lendo uma entrevista dele recente, hoje entendo o porquê me diziam que ele não servia. E classifico como ingratidão o que
disse, pois não deveria nem ter dado chance de treinar, já que esta era
a posição. Dizer agora, depois de ter feito o mínimo no fim do ano, que
não lhe dei chances, é muito errado. Ele deve ter esquecido o jogo com o
Coritiba e o coloquei, sendo muito criticado por tal escalação. Não me arrependo, mas não faria de novo diante da ingratidão de dizer que não o coloquei e que agora no fim que deram reconhecimento a ele.'

ATITUDES QUE TOMOU

'A principal foi diagnosticar e colocar sangue novo no grupo, já que tínhamos uma equipe com faixa etária muito alta e como não tínhamos dinheiro para reforços, fui buscar reforços na base. Vi quase todos os jogos, da semi e da final do sub-20. Subimos para a equipe principal, agora com algum protagonismo, Mateus Vital, Paulo Vitor, Alan, Andrey, Bruno Cosendey, Paulinho e Ricardo. Saíram Rodrigo, Julio dos Santos, Andrezinho, Muriqui, Bruno Galo e Ederson.' 

POLÊMICA COM RODRIGO

'O Rodrigo, acho que ficou claro para quem tinha alguma dúvida, que este rapaz sempre deu o tapa e escondeu a mão. Ele fazia as coisas e depois dizia que não sabia de nada. Tentou fazer isso no episódio comigo e inclusive deixou algumas dúvidas a quem não me conhecia, achando que eu poderia ter ido dizer algo a ele. Não tenho e nunca terei problemas com jogadores. Eu quando sou contratado, estou para dar e colocar o que sei em prática. Sou profissional e sou pago para dar resultados, não sou pago para fazer amigos. Exijo de
todos a minha volta profissionalismo, atitude, entrega, disciplina, e quem faz isto tudo está muito perto de ser meu amigo.'

RELAÇÃO COM NENÊ

'O Nenê estava passando por um período de baixa de forma e após o 4 a 0 na estreia do Brasileiro para o Palmeiras, optei por fazer algumas mudanças, como dar mais rapidez na armação e no ataque,fizemos bons jogos, conseguindo uma sequência de bons resultados. O Nenê soube esperar e trabalhou especialmente junto com o Alex Evangelista, voltando muito bem, terminando o ano ótimo. Poucos analisam assim, mas talvez por ter passado este período fora, isso pode ter ajudado muito. No meu modo de ver, tenho um respeito
grande pelo Nenê e foi um grande profissional na minha frente.'

PERDA DE SÃO JANUÁRIO

'Sem dúvidas (atrapalhou), já que o fator casa era nosso elo mais forte, com torcida, nosso campo, atmosfera criada, e isso nos fez não ter perdido em casa ate o fatídico jogo do Flamengo (nota da redação: antes, Vasco tinha sido derrota pelo Corinthians). A partir deste momento nos dificultou muito, porque fizemos um jogo com o Santos em campo neutro, sem torcida, e os outros no campo do Volta Redonda sem ter treinado uma só vez no gramado.'

SAÍDA DO VASCO

'De forma nenhuma (me sinto injustiçado). O Vasco foi importante pra mim, como também fui importante para o Vasco, já que fiz uma remodelação com o campeonato em andamento e lógico, quando assim é, tem desgaste. Deixei 29 pontos para o clube, somando os 26 pontos que estive no comando na beira do gramado e o do Fluminense do 2º turno (nota da redação: nesta partida quem comandou foi Valdir Bigode), que ganhamos por 1 a 0, quatro dias depois
de eu ter saído. Portanto, este jogo cai também na minha conta. Após o
jogo contra o Bahia, fui chamado para uma conversa com o presidente e
outros membros da diretoria. O Eurico disse que estávamos numa zona
incômoda, sob muita pressão, visto que as eleições estavam chegando e
ele precisava de estabilidade. Coloquei alguns pontos e eles outros, e
decidimos por um fim naquela etapa, tudo com muita retidão e tranquilidade, como foi sempre meu trato com todos e todos comigo.'

MENSAGEM FINAL PARA O TORCEDOR

'Queria aproveitar a oportunidade e desejar a todos um ano novo repleto de alegrias. Ao torcedor vascaíno. queria deixar um esclarecimento. Muitos tem uma imagem minha deturpada, mas deixo claro que quem pensa assim não
conhece os bastidores e eu compreendo. Fiz a parte difícil. Arrumei o desarrumado, dei ordem, troquei o antigo pelo novo, tirei quem não dava mais resultado à altura do que o Vasco pedia e coloquei, com muito orgulho, quem pode dar demais ao futebol de nosso país. Enfim, para isso, há controvérsias. Mudanças, mexidas e realocação de figuras, sempre causa dor de cabeça. Não
me arrependo de nada, faria tudo de novo. Vejo o Vasco bem no fim do ano, voltando à Libertadores pelas mãos do competente Zé Ricardo, mas vejo minhas sementes lá. Nasci e cresci no Vasco para o futebol e hoje termino o ano sorrindo. Sou pai de família, homem de caráter, retidão e postura . Diferente disso, o que ouvirem, não creiam. Tudo de bom a todos!'

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